Adolescentes com obesidade, tabagistas ou ansiosos envelhecem mais rápido

Saúde
04 de Março, 2022
Adolescentes com obesidade, tabagistas ou ansiosos envelhecem mais rápido

Adolescentes com obesidade de 11 a 15 que fumam cigarros diariamente ou que têm distúrbio psicológico, como ansiedade, depressão ou TDAH, envelhecem biologicamente quase três meses mais rápido do que seus pares a cada ano. O conclusão é de um estudo publicado pela revista Jama Pediatrics.

A pesquisa utilizou dados de 910 pessoas que fizeram parte de uma investigação de longo prazo. Assim, foram rastradas a saúde e o comportamento de participantes nascidos entre abril de 1972 e março de 1973 desde os 11 até os 45 anos. Ao completarem 45 anos, o estudo indicou importantes descobertas em participantes que tiveram dois ou mais desses três problemas de saúde (tabagismo, obesidade ou distúrbios psicológicos).

Segundo o estudo, quando ainda eram adolescentes, os participantes andavam 11,2 centímetros por segundo mais devagar. Além disso, tinham uma idade cerebral mais avançada em dois anos e meio, e uma idade facial mais avançada por quase quatro anos.

Os fatores que os pesquisadores usaram para medir o envelhecimento foram: velocidade da marcha, questionários que avaliam envelhecimento cerebral, aparência e velocidade do processo de envelhecimento. Dados dos participantes ainda incluíram índice de massa corporal, relação cintura-quadril, exames de sangue relacionados a controle do metabolismo como glicemia, colesterol e tireóide, além de descartar outras doenças crônicas.

Também se considerou pressão arterial, cárie dentária, doença periodontal, aptidão cardiorrespiratória e ressonâncias magnéticas cerebrais.

Além de adolescentes com obesidade, estudo investigou jovens com asma

Além de adolescentes com obesidade, o estudo também examinou um quarto problema de saúde: o asma. Dessa forma, participantes que tiveram a doença durante a adolescência não eram biologicamente mais velhos aos 45 anos, em comparação com aqueles sem asma.

“Esse dado completa a pesquisa anterior, expandindo-a para essas quatro condições, das quais descobrimos apenas que três estavam associadas ao envelhecimento acelerado”, disse o primeiro autor do estudo, Kyle Bourassa. O estudo “mostra que essas condições têm efeitos independentes, de modo que cada uma delas está exercendo sua própria associação com o envelhecimento posteriormente”.

Os pesquisadores esperam que a identificação de condições de saúde na adolescência associadas ao envelhecimento mais rápido possa ajudar os médicos. Dessa forma, seria possível retardar o envelhecimento e prevenir problemas de saúde mais tarde na vida, de acordo com o estudo.

Fatores por trás do envelhecimento mais rápido

Existem várias razões pelas quais o tabagismo, os distúrbios psicológicos e a obesidade podem acelerar o envelhecimento, disseram os autores. Segundo eles, todos podem afetar fatores relacionados ao envelhecimento acelerado, como maior inflamação e estresse oxidativo, um desequilíbrio entre radicais livres e antioxidantes no corpo. Os radicais livres são moléculas instáveis de fontes ambientais, como fumaça de cigarro ou pesticidas, que podem danificar as células do corpo.

“Há um longo histórico desse tipo de pesquisa em termos de como fumar é prejudicial ao nível celular, mas também pode resultar em tipos de condições de saúde que associamos ao envelhecimento biológico, como doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, coisas do tipo”, disse Bourassa.

Além disso, pessoas com problemas psicológicos são mais propensas a se exercitar menos ou ter uma dieta pobre. Tais fatores estão associados a um envelhecimento mais rápido. “Pensamos na depressão como uma doença que se origina no cérebro com distúrbios químicos e coisas assim. Mas a depressão provavelmente é uma doença sistêmica que afeta todo o corpo”, disse o Dr. Brent Forester, chefe da Divisão de Psiquiatria Geriátrica do Hospital McLean, em Massachusetts, à CNN.

Leia mais: Adolescentes com baixa imunidade poderão tomar quarta dose

Referência: Kyle J. Bourassa et al. JAMA Pediatr. 2022;176(4):392-399.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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