OMS classifica burnout como doença de trabalho
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o burnout uma doença ocupacional (ou seja, relacionada ao trabalho) desde 2019. Contudo, a mudança só foi oficializada neste ano que acabou de começar — mais especificamente, no dia 1º de janeiro de 2022. De acordo com a própria entidade, esse termo não deve ser empregado em outras áreas da vida. Além disso, na prática, as empresas passam a ter mais responsabilidades sobre o bem-estar mental de seus funcionários.
Burnout agora é doença de trabalho
Uma pesquisa da Microsoft apontou um aumento de 44% de brasileiros com esgotamento profissional. “A Síndrome de Burnout, consequência do excesso ou sobrecarga de trabalho, se agravou na pandemia. Nesta condição, a pessoa se sente literalmente exausta, esgotada física e psicologicamente, seja por causa do número de horas trabalhadas, seja pelo estresse provocado pelas condições de trabalho”, explica a psiquiatra Danielle H. Admoni.
O home office, por exemplo, se tornou uma rotina para muitos profissionais. No entanto, nem todos conseguiram se adaptar às mudanças. “Pacientes relatam desânimo, dificuldade de raciocínio, ansiedade, irritabilidade, sensação de incapacidade, diminuição da motivação e da criatividade, entre outros sintomas”, conta o também psiquiatra Adiel Rios.
A privação do sono também é um forte gatilho para a Síndrome de Burnout. “Quando o profissional não dorme o suficiente para ser produtivo ou trabalha até tarde da noite, sua rotina do sono é prejudicada. O que desregula, desse modo, o relógio biológico. Isso resulta em uma extrema exaustão, pois o organismo, que já está habituado com um determinado padrão de sono, sofre um forte impacto, precisando de tempo e resistência para se adequar às mudanças”, reforça Adiel.
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Consequências do burnout
Uma consequência frequente do problema é o uso de drogas (álcool, tabaco, além das drogas ilícitas) como forma de alívio. “É importante prestar atenção na situação, uma vez que ela agravará ainda mais a condição física e mental do indivíduo. O mesmo pode ser dito da automedicação”, frisa a psiquiatra Danielle H. Admoni.Nos casos em que a Síndrome de Burnout já está instalada, recomenda-se buscar auxílio médico especializado para avaliação do quadro e orientação quanto ao tratamento. “Especialmente no caso de pessoas cujas características de personalidade as tornam mais propensas ao Burnout, a psicoterapia é um complemento importante, pois o problema está, muitas vezes, dentro da pessoa”, avalia a psicóloga Monica Machado.
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Fontes: Danielle H. Admoni, psiquiatra na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria); Adiel Rios, Mestre em Psiquiatria pela UNIFESP, pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP); e Monica Machado, psicóloga pela USP, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.