Anticoncepcional diminui a libido? Ginecologista explica
A libido é sinônimo de desejo sexual e simboliza é uma peça importante para a manutenção de uma vida sexualmente ativa. Contudo, diversos fatores podem afetar esse desejo como relações conflituosas, baixa autoestima e antidepressivos. Mas, será que até o anticoncepcional diminui a libido? Como evitar que isso aconteça e recuperar o desejo sexual?
Para responder essas e outras dúvidas, conversamos com a ginecologista regenerativa, funcional e estética Yara Cadalto. Continue lendo e saiba mais sobre o tema.
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Afinal, o anticoncepcional pode diminuir a libido?
Sim. De acordo com a ginecologista, alguns métodos contraceptivos podem diminuir o apetite sexual, principalmente os métodos hormonais combinados com progestagênicos e estrógenos, que é o caso de alguns anticoncepcionais.
Segundo a Dra. Yara, uma possível explicação para esse efeito é que alguns tipos de anticoncepcionais podem inibir a produção de andrógenos (grupo de hormônios) nos ovários, o que causa uma consequente diminuição dos níveis circulantes de andrógenos. Assim, um dos hormônios que pode deixar de circular é a testosterona, responsável por ativar a libido.
“Além disso, soma-se a essa explicação, o grande aumento circulante da principal proteína de ligação dos esteróides gonadais, a SHBG. Portanto, tudo isso baixa os níveis de testosterona livre e biodisponível, reduzindo, consequentemente, a função e o desejo sexual”, afirma.
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Anticoncepcional: Como recuperar a libido?
É importante salientar que a libido reduzida na mulher tem causas multifatoriais. Portanto, não só o anticoncepcional diminui a libido. Assim, o comportamento sexual feminino é afetado por fatores como condições sociais, culturais, físicas e psicológicas. Portanto, para recuperar a libido, a primeira indicação é procurar ajuda profissional de um médico ginecologista para avaliar as possíveis causas.
“Em consulta médica conseguimos avaliar e detectar alguns fatores que podem estar piorando o quadro”, afirma. Assim, segundo a ginecologista, além do anticoncepcional, a mulher pode sofrer com a diminuição de libido devido a alguns fatores. São eles:
- Relação conflituosa;
- Ausência do ritual de sedução;
- Preliminares insuficientes;
- Disfunção sexual do parceiro;
- Aspectos socioculturais como costumes, valores, tabu e mitos;
- Valores negativos em relação à sexualidade;
- Baixa autoestima;
- Desejo sexual hipoativo;
- Infidelidade;
A partir da compreensão do grau de comprometimento e de quais são fatores associados à inibição do desejo, o planejamento da abordagem terapêutica pode e deve ser individualizado. “É de suma importância que se identifique os fatores causais e realize o tratamento direcionado. Tratamento este que pode envolver troca de medicações usuais, reposição hormonal, psicoterapia”, indica a ginecologista.
Métodos contraceptivos que não impactam na libido
Os contraceptivos mais indicados para não impactar a libido são os métodos não hormonais, como o DIU não hormonal e a camisinha, por exemplo. Porém, a Dra. Yara afirma que em alguns estudos foi identificado que o anel vaginal permite circulação máxima de hormônios em relação a outras vias de administração. Portanto, o anel apresenta uma estabilidade metabólica, o que resulta em um efeito positivo nas funções e interesses sexuais das mulheres, se mostrando uma boa alternativa à diminuição da libido.
Além disso, o implante subcutâneo com administração de progesterona também mostrou-se positivo do ponto de vista sexual.
Alimentos que podem ajudar a aumentar a libido
Certos alimentos vêm ganhando destaque na culinária mundial por apresentarem compostos bioativos com propriedades estimulantes da libido, comumente rotulados como alimentos afrodisíacos. Dessa forma, além do valor nutricional destes alimentos, surge a perspectiva associada com o bem-estar sexual de homens e mulheres.
“Os alimentos tidos como afrodisíacos e seus compostos podem atuar aumentando o desejo sexual, contribuindo na melhoria da vasodilatação e na irrigação dos órgãos sexuais pela presença de nutrientes especificamente relacionados à potência sexual. Portanto, o consumo desse s alimentos é responsável por estimular positivamente a libido de indivíduos, como os micronutrientes zincos, magnésio, além de vitaminas do complexo B. Dessa forma, esses alimentos foram associados a melhora na libido, excitação, orgasmo e alguns também apresentaram ação antioxidante e anti-inflamatória”, afirma a Dra. Yara.
Assim, acredita-se que a queda na excitação pode estar relacionada à carência do aminoácido arginina e de alguns micronutrientes, como o zinco, selênio, vitamina C e folato, pois, a ingestão destes nutrientes aumenta a produção de óxido nítrico, um potente vasodilatador que estimula o desejo sexual.
Os alimentos fontes destes nutrientes são:
Para indivíduos que apresentam problemas de circulação sanguínea, determinados alimentos podem ajudar no relaxamento do tônus vascular, melhorando o fluxo de sangue para os órgãos genitais.
Alimentos fonte de ácidos graxos ômega 3 como:
- Salmão
- Abacate
- Atum
- Bacalhau
Outra substância que pode ajudar é a quercetina, que possui propriedades anti-inflamatórias, as quais podem melhorar o fluxo sanguíneo e está presente em alimentos como:
Alimentos afrodisíacos
Os alimentos afrodisíacos podem ser ingeridos individualmente ou adicionados às refeições diárias dos indivíduos, pois podem conferir sabor e valor nutritivo às refeições. Assim, são considerados afrodisíacos:
- Açafrão: pode deixar a região pélvica mais sensível, aumentando a sensação de prazer;
- Gengibre: aumenta o fluxo de sangue aos órgãos genitais e estimula o desejo sexual;
- Mel: estimula a síntese de hormônios sexuais que potencializam a libido;
- Castanhas: ajudam na lubrificação vaginal;
- Alecrim: pode ser utilizado contra a impotência sexual.
Alimentos ricos em triptofano, um aminoácido essencial, como chocolate amargo, arroz integral, banana, quinoa, ovos e leguminosas podem auxiliar na produção de serotonina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem estar. Assim, essa produção acontece a partir da hidroxilação e carboxilação do triptofano.
Nesse mesmo contexto, a pimenta entra na lista dos alimentos que favorecem o apetite sexual, pois ela aumenta a frequência cardíaca, estimulando a irrigação sanguínea e quando consumida em grande quantidade, pode provocar a aumento da potência sexual.
Contudo, a ginecologista ressalta que esses alimentos não são milagrosos. Portanto, seu consumo deve ser feito respeitando as necessidades e individualidades nutricionais das pessoas para que assim alcancem os efeitos desejados.
Quando investir na reposição hormonal?
A reposição hormonal com estrogênio é indicada quando há associação da queixa de redução do desejo a manifestações clínicas de menopausa (sintomas vasomotores, síndrome urogenital).
Dessa forma, a única indicação baseada em evidências para o uso de testosterona em mulheres é para o tratamento de mulheres na pós menopausa que foram diagnosticadas como tendo transtorno do desejo sexual hipoativo após avaliação biopsicossocial formal. Contudo, a avaliação de necessidade de reposição hormonal feminina é feita de forma bastante individualizada. Portanto, consulte o seu médico ginecologista.
Fonte: Yara Caldato, médica ginecologista regenerativa, funcional e estética, sócia do Instituto Nutrindo Ideais.