Alimentação à base de insetos é rica em proteínas

Alimentação Bem-estar
03 de Fevereiro, 2023
Alimentação à base de insetos é rica em proteínas

É difícil não torcer o nariz diante da imagem de uma alimentação à base de insetos. Apesar da fama de sujos e indesejados, esses animais podem se tornar uma alternativa alimentar importante para a dieta de milhões de pessoas pelo mundo. Pelo menos é o que avalia a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

Os esforços para popularizar a entomofagia, termo técnico usado para definir a alimentação à base de insetos existe desde 2013. Assim, a Organização das Nações Unidas (ONU) já propagandeia, em relatórios científicos, como essa prática pode ser uma estratégia para o combate à fome.

Mas segundo a pesquisadora Nanna Roos, nos últimos anos uma avalanche de novos projetos pipocaram em universidades e centros de pesquisa na Europa.

“Houve uma explosão, uma empolgação, quando ficou claro que poderíamos produzir alimentos altamente nutritivos, em larga escala, sem muito impacto para o meio ambiente. Ainda mais em um momento em que estamos cada vez mais conscientes sobre as mudanças climáticas e os seus efeitos”, explica Roos, professora do Departamento de Nutrição, Exercício e Esportes (NEXS, na sigla em inglês) da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.

Valor nutricional da alimentação à base de insetos

De acordo com a ONU, gafanhotos e grilos são uma ótima fonte de gorduras boas, e o percentual de proteínas nos alimentos à base de insetos pode chegar a até 69% do total.

Além disso, a entidade destaca que esses animais são ricos em micronutrientes como cobre, ferro, magnésio, manganês, fósforo, selênio e zinco, além de riboflavina, ácido pantotênico, biotina e, em alguns casos, ácido fólico.

“Estudos mostram que insetos comestíveis têm boa quantidade de fibras, vitaminas e, principalmente, sais minerais como cálcio, ferro e zinco”, afirma Fabiana Fiuza Teixeira, nutricionista da área de Saúde Populacional do Hospital Israelita Albert Einstein.

Em relatório publicado em 2013, a divisão da ONU dedicada à alimentação considerou que os insetos são “uma fonte de alimento altamente significativa para as populações humanas”.

Os insetos comestíveis ainda são tidos como iguarias em muitos lugares do mundo. Para aumentar a aceitação, uma das estratégias é transformar a aparência em algo “mais comum”, como prevê o projeto SUStainable INsect CHAIN (SUSINCHAIN, na sigla em inglês).

Um dos estudos do SUSINCHAIN selecionou famílias de Copenhague com crianças de 8 a 10 anos para receber, toda semana, uma cesta com comidas feitas à base de insetos que replicam receitas famosas.

“A ideia é que você não veja o inseto. Temos uma versão de carne moída, por exemplo, que é a base de um prato de macarrão à bolonhesa com grilos. Temos salsichas, temos pães, temos falafel”, exemplifica Roos.

“O objetivo é tornar a comida à base de insetos algo realmente familiar. O que é importante para este projeto é fazer com que os insetos contribuam substancialmente,  para que eles deixem de ser petiscos e se tornem uma parcela substancial da dieta”, diz a pesquisadora.

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Combate à fome

Com o crescimento da população mundial, que chegou à marca de 8 bilhões de pessoas em novembro de 2022, a pobreza e a insegurança alimentar estão aumentando.Por isso, tanto cientistas e governos quanto empresas privadas investem em alternativas que possam ser produzidas com menos recursos.

A ONU espera que a demanda global por produtos pecuários deve dobrar até 2050, chegando a 465 milhões de toneladas por ano. Para atender essa crescente procura será preciso “soluções inovadoras”, afirma a organização.

De acordo com Roos, as principais vantagens da produção de insetos comestíveis, em comparação com outras proteínas de origem animal, estão ligadas ao consumo de recursos.

“Nós temos que começar essa transição alimentar. Temos que passar por essa mudança para sermos mais sustentáveis, investindo menos em carnes, por exemplo. É neste contexto que os insetos comestíveis podem ser complementares”, avalia a pesquisadora.

Segundo a FAO, agência da ONU dedicada à alimentação, a produção de insetos também pode oferecer emprego e renda para milhões de pessoas. “A coleta ou a produção de insetos pode oferecer empregos e geração de renda nos países em desenvolvimento, mas não apenas neles. Em muitos casos, essas atividades podem servir como uma estratégia de diversificação que fornece  oportunidades de geração de renda para as famílias”, diz a agência.

Mudança cultural

Para vencer a rejeição entre os consumidores, ainda é preciso investir muito em campanhas de marketing.

“A alimentação à base de insetos ainda é muito marginalizada, principalmente em nossa cultura ocidental”, explica Fiuza. “Estratégias educativas mostrando as vantagens, mitos e verdades sobre o consumo de insetos podem ajudar numa melhor aceitação pela população”, avalia a nutricionista.

Para que eles se tornem uma alternativa alimentar no dia a dia, e não apenas uma especialidade exótica, a principal barreira a ser vencida é a cultural.

Uma pesquisa realizada com mais de 180 voluntários na Dinamarca tentou explicar o motivo dos humanos terem tanta rejeição aos insetos comestíveis. No experimento, os participantes provaram diversos insetos comestíveis junto com amigos.

Com os resultados, os cientistas concluíram que “as normas sociais desempenham um papel substancial” na dificuldade dos participantes em comer alimentos à base de insetos. Isto porque eles ficaram mais suscetíveis a experimentar insetos quando seus amigos estavam mais inclinados a provar também.

Essas “normas sociais” poderiam ser alteradas com o passar dos anos, de acordo com os pesquisadores Niels Holm Jensen e Andreas Lieberoth, autores do estudo.

Fonte: Agência Einstein

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