Água com açúcar diminui o fluxo menstrual? Mito ou verdade?
Quando o assunto é receita caseira para tratar algum sintoma ou condição, é preciso muita cautela. Afinal, nem tudo que é natural, faz bem — certas combinações não só não funcionam, como podem oferecer riscos à saúde. Recentemente, uma dúvida clássica voltou a ser discutida na internet: a água com açúcar diminui o fluxo menstrual? Descubra:
Água com açúcar diminui o fluxo menstrual?
A crença é antiga: bastaria misturar duas colheres de sopa de açúcar refinado em um copo de água, que a receita seria capaz de diminuir e até interromper o fluxo menstrual. Contudo, especialistas afirmam que a ideia não passa de mito, e não foram encontrados estudos ou evidências científicas que comprovem o fato.
Além disso, vale lembrar que a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomenda, para um adulto saudável, a ingestão de no máximo 50g de açúcares livres por dia — idealmente, o consumo não deveria passar de 25g, o equivalente a seis colheres de chá.
Levando em conta que uma colher de sopa do ingrediente tem aproximadamente 10g, beber a água com açúcar a fim de diminuir o fluxo menstrual chegaria perto do indicado para um dia inteiro. E dietas com excesso de açúcar já foram relacionadas, pela ciência, a riscos aumentados de diabetes, resistência à insulina, obesidade e outras condições crônicas.
Por fim, vale lembrar que existem metódos mais eficazes e seguros para quem quer diminuir a menstruação. Mas eles envolvem tratamentos medicamentosos e, portanto, precisam de acompanhamento médico.
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Água com açúcar acalma?
Um dos motivos por trás de muita gente ainda acreditar que a água com açúcar diminui o fluxo menstrual é outra fake news: a história de que a bebida tem poder calmante. “O açúcar em sua forma mais comum, a sacarose, é composto de frutose e glicose. Quando o açúcar é metabolizado no nosso organismo, ele é transformado em glicose, que não tem propriedades calmantes ou relaxantes. Mas muitas pessoas fazem essa associação pois o açúcar pode gerar um aumento na produção de neurotransmissores. Como a serotonina, que gera uma sensação de bem-estar momentânea”, explica a nutróloga Marianna Magri Real.
Desse modo, a área do cérebro responsável pelo gatilho da recompensa é ativada. É por isso que muita gente recorre às sobremesas em momentos de estresse, tristeza ou tensão, por exemplo.
Mas é preciso tomar cuidado. A calmaria inicial é passageira, e uma vez que o açúcar (glicose) tem a função de gerar energia para o corpo, a receita pode ter o efeito contrário do desejado — isto é, aumentar a inquietação e a ansiedade.