Vacinas recomendadas para quem tem artrite reumatoide

Saúde
19 de Julho, 2022
Vacinas recomendadas para quem tem artrite reumatoide

Pessoas com condições crônicas, como a artrite reumatoide, precisam de cuidados especiais. Isso porque quem convive com a condição pode ser mais suscetível a desenvolver complicações de saúde a partir de infecções, como uma simples gripe. É aí que entra a vacina. A imunização é uma importante e poderosa ferramenta para manter a saúde em dia. Por isso, existem vacinas especialmente recomendadas para quem tem artrite reumatoide e outras doenças reumatológicas. Confira!

Entenda a importância

Grande parte das infecções, que podem evoluir para quadros graves, incluindo internações, podem ser evitadas. De olho nisso, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou uma cartilha com as principais recomendações para quem tem condições específicas de saúde. Lá, há um calendário de vacinação para pessoas com artrite reumatoide e outras doenças reumatológicas. Além disso, o guia também fornece orientações especiais para uma imunização segura em quem tem a condição.

E por que essas pessoas podem desenvolver mais complicações? O reumatologista Felipe Misiara explica. “Esses pacientes podem apresentar imunossupressão, tanto por conta da doença quanto pelos medicamentos imunossupressores que tomam para tratá-la”, conta. A imunossupressão é o enfraquecimento do sistema imunológico, responsável por nos proteger contra as infecções. “Com isso, de maneira geral, são mais vulneráveis às infecções. Por isso, a vacinação é necessária e muito encorajada.”

Além das vacinas que todos devem tomar de acordo com a faixa etária ou campanhas nacionais de vacinação, entre elas, a vacina da Covid-19, há algumas especialmente orientadas, como a da gripe e da pneumonia. Confira a lista completa de vacinas recomendadas para quem tem artrite reumatoide, de acordo com a SBIm.

Leia mais: Afinal, o que é reumatismo?

Vacinas recomendadas para quem tem artrite reumatoide

  • Influenza (gripe): A vacina deve ser aplicada todo ano.
  • Vacinas pneumocócicas: Previnem mais de 70% das doenças graves causadas pelo pneumococo, como pneumonia, meningite e otite. Há dois tipos: a VPC10 ou VPC13 e a VPP23. Entretanto, iniciar com a vacina conjugada (VPC13), seguida pela VPP23, com intervalo de dois meses entre elas.
  • Pneumocócicas conjugadas (VPC10 ou VPC13): A VPC10 previne contra 10 sorotipos do pneumococo, enquanto a VPC13 previne contra 13. Acima dos dois meses de vida: duas doses (para a VPC10) ou três doses (para a VPC13) e reforço aos 15 meses de idade. Acima dos 6 anos, quem não se vacinou, deve receber uma dose de VPC13.
  • Pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23): Previne infecções por 23 tipos de pneumococos. A partir dos dois anos de idade: duas doses com intervalo de 5 anos. Mas, se a segunda dose de VPP23 foi aplicada antes dos 60 anos, uma terceira dose é orientada após essa idade, com intervalo de 5 anos da última dose.
  • Meningocócicas conjugadas (MenC ou MenACWY): Protege contra a bactéria meningococo dos tipos A, C, W e Y, que causam meningites e infecções generalizadas. Para adultos nunca vacinados: uma dose, mas se a pessoa tiver imunossupressão: dose de reforço a cada cinco anos.
  • Meningocócica B: Previne contra bactéria meningococo B. Em adultos até 50 anos: duas doses com intervalo de um a dois meses.
  • Hepatite B: São três doses: uma nas primeiras 12 horas de vida, depois aos 2 e 6 meses de idade. Para não vacinados anteriormente, a SBIm recomenda as três doses.
  • HPV: Previne infecções e lesões pré-cancerosas causadas pelo vírus. São recomendadas três doses.
  • Haemophilus influenzae b: Previne doenças causadas pela bactéria, entre elas meningite. Acima de um ano: duas doses com intervalo de dois meses entre elas.

Outras vacinas recomendadas para quem tem artrite

  • Tríplice bacteriana: Previne contra difteria, tétano e coqueluche.
  • Rotavírus: Previne contra doença diarreica causada por rotavírus.
  • SCR: Protege contra o sarampo, caxumba e rubéola.
  • Febre amarela: Previne a doença causada por um vírus e transmitida por meio da picada de um mosquito.
  • Hepatite A: Protege contra a doença que atinge o fígado.
  • Pólio inativada: Previne contra a poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil.
  • Dengue: Não é recomendado vacinar pacientes soronegativos para a doença.
  • Varicela (catapora): Em pacientes imunocomprometidos, a doença pode evoluir de forma grave.
  • Herpes zóster: Previne a reativação do vírus da varicela que causa dor e bolhas na pele. Até então, estava disponível a versão atenuada para acima de 50 anos. Além disso, recentemente, chegou uma nova vacina, em duas doses que, além de mais eficaz, pessoas acima de 18 anos de grupos de risco podem recebê-la.

Onde se vacinar

Para ter acesso a essas vacinas especiais, a pessoa com artrite reumatoide deve procurar os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), que oferecem de forma gratuita as imunizações pelo Sistema Público de Saúde. Mas, para isso, tenha o pedido médico em mãos e procure o CRIE mais próximo da sua região (basta procurar no site da Secretaria de Saúde do seu estado).

“Os CRIEs são um serviço de ponta do SUS. Logo, deixar de usufruir desse benefício é deixar de se proteger de uma forma simples, gratuita, eficaz e segura”, conta Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm. Contudo, infelizmente, algumas vacinas estão disponíveis apenas na rede privada (confira as recomendações e disponibilidade de cada vacina no site da sbim.família.org.br).

Vacinas contraindicadas

Apesar de existirem vacinas especialmente recomendadas para quem tem artrite reumatoide, algumas, como as que possuem vírus vivo, são contraindicadas para pacientes com imunossupressão. São elas: a tríplice viral, pólio oral, varicela, dengue, rotavírus, BCG, febre amarela e um tipo de vacina contra a herpes zóster. Isso porque há o risco de desenvolvimento da doença na sua forma ativa ou até mesmo o risco da pessoa não desenvolver a imunidade necessária após a vacinação.

Por outro lado, isso não quer dizer que essas vacinas sejam terminantemente proibidas. “Se a pessoa possui a imunidade baixa, avaliamos caso a caso para determinar se ela pode ou não se vacinar, ou se podemos vaciná-la com supervisão médica”, explica o reumatologista.

Como vacinar pacientes com imunossupressão?

Os medicamentos imunobiológicos, como mencionado anteriormente, podem levar a um quadro de imunossupressão. Logo, a vacinação neste grupo de pacientes precisa ser mais cuidadosa e planejada. De acordo com o reumatologista, o ideal é que o paciente seja vacinado antes de iniciar o tratamento com o medicamento imunossupressor. “Quando possível, fazemos as vacinas antes, aguardamos de uma a duas semanas, para, então, iniciar o tratamento.”

E quando o paciente já está em uso do medicamento? “Geralmente, temos de dar um intervalo entre o uso do medicamento e a vacina, pois isso aumenta a eficácia da imunização”, conta o médico. Além disso, é muito importante que a pessoa com artrite reumatoide procure o seu médico reumatologista para receber as orientações necessárias para uma vacinação segura.

Fonte: Felipe Misiara, reumatologista membro da Sociedade brasileira de reumatologia

Referência: Calendários de Vacinação – Pacientes Especiais

Sobre o autor

Beatriz Libonati
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em diabetes e obesidade.

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