Fake news: Vacina não causa mal súbito

Saúde
07 de Fevereiro, 2022
Fake news: Vacina não causa mal súbito

Conhece alguém que se recusou a ser imunizado contra a Covid-19 por achar que a vacina causa mal súbito? Vale, então, compartilhar esta matéria com a pessoa. Isso porque a informação não passa de fake news. Entenda:

Vacina causa mal súbito?

Os boatos surgiram após mortes repentinas de artistas e atletas por mal súbito — isto é, quadro que pode rapidamente evoluir para óbito, como acidente vascular cerebral (AVC), doenças cardíacas, problemas neurológicos, traumas e tromboembolia pulmonar. Mensagens em redes sociais e aplicativos logo relacionaram os acontecimentos às vacinas contra a Covid-19.

Mas, de acordo com o diretor corporativo médico da Pró-Saúde, Fernando Paragó, “não há embasamento científico que apoie a tese de que a vacinação aumentaria o número de casos de morte súbita na população geral.”

A própria Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) divulgou uma nota enfatizando a falta de provas. “A SBMEE orienta que não há nenhuma evidência científica mostrando qualquer tipo de elevação no número de casos de MS [morte súbita] em atletas acima dos índices habituais. Adicionalmente, não há nenhum dado que mostre uma associação entre vacinas contra a SARS-CoV-2 e MS em atletas ou em praticantes de atividades físicas intensas e/ou frequentes.”

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Outros poréns

Além disso, outras questões precisam ser levadas em consideração. Segundo levantamentos, mais de 16 milhões de pessoas são afetadas pelo derrame (AVC) por ano. O problema realmente cresceu entre os jovens em 2021, mas seguindo uma tendência que já havia sido detectada desde os anos 80 — e que muitos especialistas relacionam ao estilo de vida da sociedade atual.

Por fim, um estudo publicado no British Medical Journal acompanhou cerca de 29 milhões de pessoas vacinadas e 2 milhões de internados por Covid. Como resultado, eles perceberam uma incidência de apenas 7 casos de um derrame muito específico a cada 10 milhões de indivíduos que receberam o imunizante da AstraZeneca — e 143 casos com o da Pfizer.

Contudo, a pesquisa também concluiu que se esse mesmo grupo fosse contaminado pelo coronavírus e não tivesse sido vacinado, seriam 1,7 mil derrames (comparando com os imunizados pela Pfizer) e mais de 12 mil derrames (considerando o grupo que recebeu a dose da AstraZeneca). Ou seja, é mais perigoso desenvolver o problema contraindo a Covid-19!

“Não se introduz nada — nenhum fármaco ou vacina —, sem que haja um risco de reação do organismo a esse elemento estranho à sua fisiologia. Apesar disso, todas as vacinas disponíveis no Brasil foram aprovadas e passaram por um rigoroso mecanismo de validação e segurança. E não podemos esquecer que, nessa equação, os benefícios são coletivos”, diz o especialista.

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Mas e quem tem trombose?

“Especificamente em relação a fenômenos trombóticos, há estudos que investigam uma possível associação, em particular com a vacina da AstraZeneca”. Mesmo assim, os eventos relacionados estão mais associados à trombocitopenia, um tipo bem incomum da doença. Sem contar que artigos também mostraram, da mesma forma, que o risco é maior em quem contraiu a Covid-19 e não recebeu o imunizante.

“Em caso de qualquer dúvida, a pessoa deve procurar seu médico para esclarecer se existe algum risco aumentado e qual o benefício em tomar a vacina. Ele avaliará o tipo do imunizante a ser aplicado ou se a imunização poderá ou não ser realizada”, afirma o profissional.

Conclusão: em um país tão grande como o Brasil, falecimentos acontecem pelos mais variados motivos. Por isso, morrer ou desenvolver algum problema após tomar a vacina não necessariamente quer dizer que isso aconteceu por causa dela. Todos os medicamentos passaram por inúmeros testes antes de ficarem disponíveis para a população, e a ciência continua estudando e aprimorando todas as vacinas, assim como monitorando os seus possíveis efeitos colaterais.

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Fonte: Fernando Paragó, diretor corporativo Médico da Pró-Saúde.

Referências: Hippisley-Cox J, Patone M, Mei X W, Saatci D, Dixon S, Khunti K. Risk of thrombocytopenia and thromboembolism after covid-19 vaccination and SARS-CoV-2 positive testing: self-controlled case series study. BMJ, 2021. Disponível em: https://www.bmj.com/content/374/bmj.n1931.

Markus HS. Ischaemic stroke can follow COVID-19 vaccination but is much more common with COVID-19 infection itself. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, 2021. Disponível em: https://jnnp.bmj.com/content/92/11/1142.citation-tools.

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