Tipos de cefaleia: conheça os principais e suas características

Saúde
20 de Maio, 2022
Tipos de cefaleia: conheça os principais e suas características

Sentir dor de cabeça mais de 3 dias por mês, há mais de 3 meses, é um dos primeiros indícios de cefaleia. A doença, popularmente chamada de dor de cabeça, pode ser causada por fatores como estresse, desidratação, alimentação inadequada, insolação, poucas horas de sono, muito tempo em frente ao computador, entre outros. Mas você conhece os principais tipos de cefaleia?

Inicialmente, vale trazer os números sobre essa condição que afeta cerca de 15% da população mundial em algum momento da vida. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), estima-se que 2% das pessoas sofrem com enxaqueca crônica (um tipo de cefaleia), uma doença incapacitante e que compromete a qualidade de vida. No Brasil, pelo menos 30 milhões de pessoas enfrentam o problema, que é três vezes mais comum em mulheres do que homens.

A doença também atinge mais os idosos, atingindo 51% da população com mais de 65 anos. A Dra. Márcia Umbelino, geriatra e clínica geral, explica que dores de cabeça frequentes podem ter inúmeras causas e o diagnóstico requer uma atenção mais detalhada, com uma avaliação mais global do organismo e do estilo de vida do paciente.

Leia mais: Cefaleia: veja causas da dor de cabeça e como tratá-la

Quais são as causas da cefaleia?

A cefaleia pode ser causada por estresse, por variações hormonais (como no período da TPM na mulher), por problemas de coluna, falta ou até mesmo excesso de algum nutriente, questões relacionadas à má qualidade do sono tensional, problemas de visão, dentre muitos fatores que devem ser investigados para se chegar à causa do problema, destaca Márcia. Mas o que ocorre na maioria dos casos, é que o paciente fica apenas se medicando com analgésico e não trata a causa, o que pode agravar as dores de cabeça e o problema acaba evoluindo para uma enxaqueca crônica, de difícil tratamento.

Tipos de cefaleia mais comuns

Tensional

É o tipo mais comum, cuja dor varia de leve a aguda, mas não impede que a pessoa siga sua rotina. A princípio, é originada por má postura ou tensão muscular da região cervical e da cabeça, bruxismo, falta de hidratação, privação de sono, vista cansada e pode doer uma área específica ou irradiar para outros locais. Exemplo: dor na testa, pontadas na nuca, dor de cabeça ao movimentar o pescoço.

Em salvas

Nesse caso, a dor é muito forte e afeta o rosto e o fundo dos olhos, que podem ficar vermelhos e irritados. As vias aéreas podem reagir com obstrução nasal e coriza, sobretudo no lado mais dolorido. Normalmente é confundida com sinusite, mas há evidências de que esse tipo de cefaleia seja um distúrbio do hipotálamo, uma glândula do cérebro responsável pelos ciclos do sono. Outra curiosidade é que essa dor é predominante em homens adultos, entre 20 e 30 anos.

Enxaqueca

É uma das enfermidades mais doloridas e que atrapalham a qualidade de vida. De caráter crônico, as mulheres são as mais prejudicadas pelo problema. A dor se manifesta em um lado da cabeça e é latejante e difícil de suportá-la. Por essa razão, o indivíduo pode ficar enjoado, irritado com ambientes iluminados e, em alguns casos, com alterações na visão. É necessário tratamento médico, principalmente se as crises forem recorrentes. Existem as enxaquecas com aura ou sem aura, e as enxaquecas crônicas.

“Ela tem uma característica unilateral, tem uma tendência familiar, é multifatorial, pode ter alterações hormonais e podem ter alimentos deflagradores, como o chocolate, derivados do leite, frutas cítricas, bebidas alcoólicas e queijos. Pode ser deflagrada por estresse, emoção, luz excessiva e alterações do sono. Existem pacientes que têm uma primeira fase que antecede 24 horas a dor intensa, quando apresenta irritabilidade e bocejos. A segunda fase pode vir com fotofobia, náuseas e fonofobia. A terceira fase, que é quando diminuem os sintomas, principalmente a dor, pode durar de horas até dias”, explica a médica.

Cervicogênicas

É uma dor de cabeça que surge por conta de uma alteração na cervical, ou seja, em alguma estrutura do pescoço. Geralmente, atinge apenas um lado da cabeça, começando pela parte de trás da nuca e no pescoço, irradiando para a frente. A condição pode incapacitar as atividades habituais no dia a dia, impedindo a pessoa de conseguir estudar, trabalhar e praticar esportes, por exemplo. A cefaleia cervicogênica afeta cerca de 1 a 4% dos pacientes com dor de cabeça, com idade entre 33 e 44 anos. Pode ser relacionada ao estresse ou até mesmo a graves crises de enxaqueca.

Tipos de cefaleia: Pós-traumática

A cefaleia pós-traumática é uma dor de cabeça que se desenvolve dentro dos sete dias após o trauma ou após recuperar a consciência. Os sintomas podem variar desde leve ou grave, infreqüentes ou contínuos. Pode ser semelhante à enxaqueca com sensibilidade à luz e ao som, podendo causar náuseas ou vômitos.

Hemicrania paroxística crônica 

Dentre os tipos de cefaleia, essa é considerada rara. Pertence ao grupo das cefaleias trigeminais autonômicas e se parece com a cefaleia em salvas, mas com algumas diferenças. Predominante no gênero feminino, a doença inicia-se mais na idade adulta apresentando duas formas: uma crônica e uma episódica. Pacientes com hemicrania paroxística crônica podem apresentar dores diariamente por mais de um ano ao passo que, na forma episódica, podem apresentar remissão por meses até anos.

Sintomas da cefaleia

Ainda de acordo com a especialista, normalmente, os tipos de cefaleia causam sintomas que duram de 30 minutos até sete dias, com dor em aperto ou pressão e que não pulsa. A intensidade é de média a moderada. Muitas vezes a localização é bilateral, com ausência de náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. “As cefaleias de um modo geral não apresentam náusea ou vômitos, ou se apresentar, vai apresentar um dos sintomas, não vai apresentar tudo junto e nem ter um fator desencadeante alimentar ou de alguns estímulos”, explica a Dra. Márcia.

Tratamentos para os tipos de cefaleia

O tratamento será de acordo com a causa deflagradora. Assim, pode incluir fisioterapia para evitar contraturas musculares, quando a causa está relacionada à coluna cervical, bem como técnicas como quiropraxia, osteopatia, acupuntura e rpg. Técnicas de relaxamento e acupuntura, por sua vez, podem ajudar quando a causa está relacionada ao estresse. Por fim, podem ser recomendados também anti-inflamatórios, antidepressivos com amitriptilina, medicamentos com betabloqueadores, corticóides, relaxantes musculares e benzodiazepínicos, que são os ansiolíticos. 

“Tratando a causa deflagradora que está relacionada à coluna, tem cura. Em cefaleias relacionadas à tensão, eu indico relaxantes musculares, faço o paciente dormir melhor e indico ansiolíticos. A tendência é melhorar e tratar essa cefaleia. Já com as enxaquecas a gente tem um controle. Os tratamentos medicamentosos ou não e os tratamentos complementares são para minimizar a incidência da crise ou a intensidade da dor, mas cura não existe, pelo menos para a enxaqueca clássica. As cefaleias, dependendo da causa e da origem, a gente controla, trata ou cura”, explica a especialista.

Entre as substâncias que podem ajudar a combater as cefaleias, Márcia destaca Zinco, Magnésio, vitamina B6 e equinácia (um fitoterápico), além daquelas que ajudam na produção de dopamina, geralmente deficientes em pessoas que sofrem com enxaquecas. “Existem pacientes que usam inúmeros medicamentos para minimizar as dores e elas não desaparecem. Muitas vezes técnicas complementares são mais eficazes do que a medicação convencional. Dessa forma, o importante é o paciente buscar tratamento e não achar que tem que se acostumar com a dor. Essa é a maior importância desta data que marca o combate à cefaleia: lembrar que paciente que sentir dor não é normal e que existem tratamentos possíveis!”, ressalta a doutora.

Como diagnosticar os tipos de cefaleia

De acordo com a Dra. Márcia, o diagnóstico é feito por meio de ressonância magnética do crânio. Assim, é possível descartar a possibilidade de tumores e aneurismas. Podem ser necessários, ainda, radiografias, tomografias ou ressonância da coluna cervical para identificar osteoartroses, alterações como hérnia de disco e protusões discais.

Além disso, no caso da enxaqueca, pode-se analisar fatores desencadeantes para saber se é do tipo clássica ou não e realizar polissonografia para análise do sono. “Há cefaleias e enxaquecas desencadeadas pela alteração do sono, e fazer uma boa anamnese para saber o que provoca a dor do paciente, se ele dorme e acorda com a dor ou se ele deflagra depois de exercício físico, se tem a ver com cheiros excessivos, estímulos sonoros, visuais, olfatórios e auditivos excessivos,  para que a gente entenda qual é a origem dessa cefaleia, porque a enxaqueca é um tipo de cefaleia com suas características muito únicas”, completa a médica.

Leia mais: Afinal, é cefaleia ou enxaqueca? Saiba como identificar e tratar

Fonte: Dra. Márcia Umbelino, geriatra e clínica geral.

Referência:
Sociedade Brasileira de Cefaleia

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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