Terapia: Como funciona, tipos e por que fazer

Bem-estar Equilíbrio
17 de Julho, 2019
Terapia: Como funciona, tipos e por que fazer

Se você acha que terapia só é indicada para quem tem muitos problemas ou algum tipo de doença mental, é hora de rever suas crenças a respeito. Afinal, é muito comum se ver perdido ou frustrado por alguma razão, sem saber o que fazer. Eis que entra a ajuda de um psicólogo. Veja, então como funciona uma sessão de tarapia e os benefícios que a prática pode trazer a curto, médio e longo prazo:

Por que fazer terapia?

Com o crescimento de transtornos como ansiedade e depressão, procurar um profissional dessa área é fundamental para se reequilibrar e aliviar as angústias da mente e do coração.

Uma pesquisa feita em 2016 pela empresa Market Analysis descobriu que apenas 2% dos brasileiros recorrem à psicoterapia para resolver problemas. O motivo da baixa procura está relacionado à demora do tratamento, visto que exige tempo, dinheiro e dedicação em se descobrir por meio de ajuda profissional. 

Contudo, a terapia é muito importante (principalmente hoje em dia), uma vez que:

  • Vivemos em uma sociedade acelerada, na qual a nossa saúde mental é diariamente desafiada por uma série de acontecimentos;
  • Os relacionamentos interpessoais têm ficado cada vez mais difíceis de manter;
  • Diante da “vida perfeita” de alguns perfis nas redes sociais, algumas pessoas enfrentam cada vez mais dificuldade em ter autoestima e autoconfiança;
  • Nós todos estamos sujeitos a passar por problemas, dificulades e até a nos sentir tristes de vez em quando. Mas a terapia é importante para nos ajudar a entender nossos sentimentos e a adquirir inteligência emocional para lidar com eles.

Vale, também, deixar os preconceitos de lado: recorrer à terapia não é um ato vergonhoso. Pelo contrário — mostra que você é maduro e responsável o suficiente para tentar encontrar soluções práticas e eficazes para os problemas do cotidiano.

Quem precisa fazer terapia?

A terapia é recomendada para todos, porque sempre há uma questão que incomoda a paz do ser humano. “Ainda existe um preconceito forte contra a terapia. Isso porque muita gente acha que é um método válido apenas para ‘loucos’. Esse estigma surgiu há muitas décadas, quando psiquiatras e psicólogos utilizam a metodologia para tratar pessoas fora da curva de normalidade. Mas na verdade, todo mundo deveria fazer terapia para melhorar, evoluir e ter mais autoconhecimento para lidar com as dificuldades”, esclarece Yuri Busin, psicólogo doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME).

Leia também: O que é inteligência emocional e os benefícios de desenvolvê-la

Para a terapia surtir efeitos, o especialista afirma que é necessário ter confiança nos métodos do profissional. “A pessoa precisa se sentir à vontade para se abrir e contar tudo sobre sua vida. Dessa forma, conseguimos chegar às raízes de problemas que atrapalham o equilíbrio”, sugere. 

Como funciona?

Certamente, a primeira consulta gera grande ansiedade nos pacientes.  Dessa forma, é uma oportunidade de conhecer o psicoterapeuta pessoalmente – ou virtualmente – e determinar se ele é alguém com quem você se sentirá confortável em trabalhar.

De acordo com a psicóloga Rosangela Sampaio, o relacionamento entre você e seu psicólogo começa a se desenvolver imediatamente, embora seja natural sentir um pouco de hesitação durante as primeiras sessões. Por isso, é fundamental prestar atenção se o terapeuta o recebe calorosamente e o deixa à vontade.

Mas ela também lembra que a primeira sessão não fará milagres. “Tanto a relação de trabalho positiva quanto o progresso futuro fazem parte de um processo que ocorre ao longo do tempo. Portanto, você pode não sair da sua primeira consulta sentindo-se ‘curado’. No entanto, você deve ter um sentimento de esperança realista ao final de sua primeira consulta, ou seja, é importante que o profissional tenha transmitido otimismo e esperança medidos.” 

Primeira sessão

Antes de mais nada, importante entender qual a abordagem do psicólogo, pois cada uma tem uma forma específica de lidar e direcionar os atendimentos. “É bacana a pessoa que está procurando a terapia entender de qual forma aquele profissional vai direcionar os atendimentos. Isso ajuda um pouco a diminuir a ansiedade. Afinal, a terapia é um processo de muita troca, é um processo em conjunto”, ressalta Amanda Rodrigues Santos, psicóloga clínica especialista em neurociências pela UNIFESP Baixada.

De acordo com Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva comportamental, o ideal é perguntar como irá funcionar a psicoterapia e quais são os métodos utilizados na abordagem escolhida. “Fale sobre suas necessidades e expectativas em relação ao tratamento e o que o levou a procurar um psicólogo.”

Além disso, existe o sigilo terapêutico, uma forma de manter as informações do paciente guardadas a “sete chaves” e trazer mais segurança. Assim, o paciente entende que ali é um espaço sem julgamento. “Quando a gente está conversando com responsáveis, deixamos claro que o que aquela criança e adolescente ou criança contar não vai ser exposto pros pais – a não ser em situações de necessidade de urgência”, lembra a psicóloga Amanda. 

Se você gostar da primeira sessão, o ideal é  marcar mais algumas consultas. “Pode levar algumas sessões para determinar completamente se você está progredindo com um terapeuta. Então, depois de três ou quatro semanas, não há problema em reavaliar para determinar se você deseja continuar”, ressalta Rosangela Sampaio. 

Online ou presencial?

Os atendimentos médicos online têm ganhado mais adeptos, principalmente depois da pandemia. Com os psicólogos não é diferente. Muitos oferecem terapia online onde terapeuta e cliente se encontram em um bate-papo por vídeo.

Assim, a terapia online pode ser uma ótima opção para otimizar o tempo e tornar a sessão mais conveniente. Afinal, não é necessário se deslocar em horários de trânsito, por exemplo.

Benefícios da terapia

  • Equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
  • Mais facilidade em lidar emoções negativas causadas por situações como desemprego, término de relacionamento e outros conflitos inerentes à vida moderna;
  • Autoconhecimento e mais clareza para ter novas perspectivas sobre as dificuldades e os desafios;
  • Além disso, melhoria de transtornos como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, autismo e bipolaridade.

Diferenças entre psicólogo e psiquiatra 

É comum que as pessoas confundam psicólogos e psiquiatras, pois os títulos são semelhantes e ambos diagnosticam e tratam condições de saúde mental. Contudo, existem algumas diferenças importantes entre as duas profissões.

Segundo Rosangela, os psicólogos ajudam as pessoas a lidarem com problemas de vida e desafios de saúde mental. Quando você visita um psicoterapeuta, ele estuda a maneira como você pensa, se comporta e se relaciona com outras pessoas e seu ambiente. Além disso, eles são responsáveis por:

  • Encontrar padrões que ajudam a entender e prever o comportamento;
  • Trabalhar com indivíduos, casais e famílias para possibilitar as mudanças desejadas na vida;
  • Identificar e diagnosticar transtornos mentais, comportamentais e emocionais;
  • Elaborar e orientam para execução dos planos de tratamento;
  • Colaborar com médicos, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas, dentre outros, quando necessário.

Já os psiquiatras são médicos que avaliam, diagnosticam e tratam pessoas que vivem com distúrbios de saúde mental que variam em gravidade de leve e temporário a grave e crônica. Assim, veja as principais funções dos psiquiatras:

  • Fornecer atendimento urgente para uma doença mental súbita;
  • Ajudar a gerenciar condições de saúde mental de longo prazo;
  • Fornecer segundas opiniões e aconselhamento a outros médicos e profissionais de saúde;
  • Encaminhar para outros profissionais de saúde;
  • Fazer o processo de internação e intervenção medicamentosa quando necessário.

Principais tipos de terapia

Existem diversas linhas de metodologia que podem ser aplicadas nas sessões de terapia. Veja algumas das mais utilizadas em consultório.

Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

Foi desenvolvida por Aaron Beck, no início dos anos 60 e é uma abordagem terapêutica mais estruturada, é mais voltada para questões do presente. Mas Amanda lembra que isso não significa que a TCC  vai negligenciar situações da infância.

Dessa maneira, ela tem um direcionamento para solução de problemas, mudança de pensamento, identificações de comportamento que são funcionais. 

“A partir da conceitualização cognitiva, o psicoterapeuta em conjunto com o paciente vai fazendo apontamentos, hipóteses e direcionamento sobre o funcionamento psíquico daquela pessoa. O objetivo é trabalhar mudanças que sejam possíveis, tanto de crença, quanto de comportamentos e pensamentos”, ressalta a psicóloga.

Ainda de acordo com Rejane Sbrissa, o objetivo desta abordagem é restabelecer o controle da consciência sobre si e seus atos através de técnicas terapêuticas, em um tempo relativamente curto.

Terapia psicodinâmica

A psicodinâmica é uma das abordagens que foca nos conflitos que estão no nosso inconsciente, aqueles mais difíceis de entender no dia a dia. “A gente fala bastante sobre a infância e os acontecimentos que marcaram esse período da nossa vida. Não falamos só disso, mas tem um enfoque maior nesse tema. A partir disso nós começamos a pensar na possibilidade de interpretar o que a pessoa está vivendo no contexto presente daquele paciente”, diz Amanda.

Junguiana

Também chamada de psicologia analítica, é baseada nas ideias e concepções do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Jung. Nesse contexto, o terapeuta trabalha para integrar aspectos inconscientes à consciência do paciente. Essa imersão pode incluir análise de sonhos, arte terapia, jogo de areia e outras formas de trazer à tona o despertar da origem do problema. Portanto, a principal característica dessa técnica é a compreensão simbólica dos fatos, para se ir além do significado óbvio das situações expostas pelo paciente. 

Psicanalítica

Sabe aquelas cenas típicas de filme, em que a pessoa se deita em um divã e começa a desabafar com o psicólogo? A psicanálise tem essa principal característica. Criada por Sigmund Freud, o paciente fica de costas para o analista e fala tudo o que estiver sentindo e passando em sua vida. 

O papel do psicólogo é “provocar” o paciente a ter insights para entender o que acontece e como pode melhorar a situação. Ou seja, ouvir a si próprio em voz alta, tendo o apoio de um profissional como mediador, pode ser uma forma de se conhecer e modificar sua realidade.

Psicologia positiva

Uma das técnicas que estão em alta no momento, a psicologia positiva surgiu na década de 1990, sugerida por Martin Seligman, presidente da Associação de Psicologia (APA) na época. No geral, as linhas da psicologia focam em problemas e no que há de errado com as pessoas. Como o próprio nome sugere, a psicologia positiva mira em pontos e situações positivas da vida, valorizando as qualidades e como tais virtudes favorecem a evolução do indivíduo. “Precisamos olhar o que dá certo com as pessoas”, afirmou Seligman ao defender sua linha. 

Leia também: Meditação: Tudo o que você precisa saber sobre a prática

Como escolher a abordagem que mais combina comigo?

Com tantas abordagens, torna-se difícil escolher uma que você se identifique de primeira. Por isso, para Amanda, o ideal é ir experimentando.

“A partir do momento que você sente a necessidade ou a curiosidade de iniciar um processo terapêutico, você pode pesquisar o que que é psicologia, como que funciona um acompanhamento psicoterapêutico e quais as abordagens que existem. Tem pessoas que funcionam muito com a abordagem X e que não conseguem ver tanto aprofundamento na abordagem Y. E para isso é necessário ter contato com aquilo, né?”, salienta. 

Além disso, busque conhecer profissionais, tanto por indicações quanto pelas redes sociais. Mas se você não se identificar com a abordagem ou com o profissional, deixe isso claro. “Fale: poxa, estou me sentindo um pouco incomodado com isso, tal conduta não tem muito a ver comigo. A relação terapêutica, apesar de ser uma relação que pode ser amigável, é uma relação profissional”, ressalta Amanda Rodrigues.

Cada abordagem possui métodos específicos para apoiar a saúde mental e ajudar a lidar com as emoções. “Não existem abordagens certas ou erradas. Portanto, se iniciar um tratamento e não se identificar com a abordagem,não tenha medo de mudar, não deixe de se cuidar, roque a abordagem até encontrar a que tem maior afinidade”, pontua Rejane.

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Fontes

  • Yuri Busin, psicólogo doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME);
  • Rosangela Sampaio, psicóloga, escritora e apresentadora do programa Mulheres Em Flow; Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva e especialista em transtornos alimentares, CRP 40001-8; 
  • Amanda Rodrigues Santos, psicóloga clínica especialista em neurociências pela UNIFESP Baixada, CRP: 06/153467.

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