Taurina e envelhecimento: estudo revela potencial do nutriente

Saúde
07 de Julho, 2022
Taurina e envelhecimento: estudo revela potencial do nutriente

Nosso corpo possui um verdadeiro arsenal de enzimas antioxidantes que ajudam a manter as espécies reativas de oxigênio em condição de equilíbrio. Porém, à medida que envelhecemos, esses mecanismos de controle vão ficando menos eficientes. Mas um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que taurina e envelhecimento possuem uma relação promissora. A princípio, o aminoácido pode ser útil como suplemento a fim de contornar os efeitos precoces da ação do tempo.

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Taurina e envelhecimento: como foi feito o estudo

A pesquisa reuniu 24 voluntárias, entre 55 e 70 anos de idade, aleatoriamente divididas em dois grupos. Durante 16 semanas, metade consumiu três cápsulas diárias com 500 miligramas de taurina cada (1,5 grama por dia). As demais ingeriram apenas cápsulas contendo amido de milho (placebo). Nem as participantes ou os pesquisadores sabiam a que grupo cada uma pertencia.

Os cientistas avaliaram os marcadores de estresse oxidativo antes e ao final da intervenção. Um dos resultados mais expressivos foi o aumento de quase 20% na concentração da enzima superóxido dismutase (SOD) no grupo que recebeu taurina – enquanto no grupo-controle essa enzima diminuiu 3,5%. Como explicam os autores, a SOD protege a célula das reações danosas do radical superóxido.

“Ao evitar o acúmulo de radicais livres, […] provavelmente estaremos prevenindo doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, entre outras condições crônicas”, avalia Ellen de Freitas, professora da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP-USP). De acordo com a pesquisadora, na literatura científica há pouquíssimos trabalhos sobre taurina e envelhecimento nesse contexto. “Este é um estudo bem inicial, que teve como objetivo investigar a dose ideal e possíveis efeitos colaterais – que não foram observados em nenhuma das participantes.”

Terapia antienvelhecimento

A taurina é um nutriente encontrado em alimentos como peixe, frango, peru, carne vermelha e frutos do mar. Além disso, alguns tecidos do corpo humano produzem o aminoácido, com destaque para o fígado. Dentre suas funções, ele atua no sistema nervoso central, da imunidade, da visão e da fertilidade.

Além da SOD, a equipe avaliou outros dois marcadores de estresse oxidativo: a enzima antioxidante glutationa redutase (GR), que diminuiu significativamente nos dois grupos; e um biomarcador de estresse oxidativo chamado malondialdeído (MDA), que aumentou 23% no grupo-controle e diminuiu 4% em média nas mulheres que tomaram taurina.

Para Gabriela Abud, doutoranda na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e primeira autora do artigo, mudanças na dieta das voluntárias durante os primeiros meses de isolamento podem ter afetado os resultados das análises bioquímicas.

“Além dos marcadores de estresse oxidativo, analisamos a concentração de minerais como selênio, zinco, magnésio e cálcio, que são importantes para o funcionamento dessas enzimas. Por exemplo, o selênio é um cofator da glutationa peroxidase [que indiretamente ajuda a eliminar o peróxido de hidrogênio do organismo] e estava reduzido nos dois grupos”, conta Abud.

Taurina não é a única estratégia contra o envelhecimento

Embora tenha apresentado resultados interessantes, a taurina é apenas a “cereja do bolo” e não faz milagre sozinha. “Antes de mais nada, um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática regular de exercícios, é fundamental para que o efeito antienvelhecimento ocorra.”

Vale ressaltar que os benefícios e riscos de suplementar a dieta com taurina ainda estão sendo investigados. Portanto, o consumo de suplementos é desaconselhado sem a orientação de um profissional de saúde. 

Fonte: Agência FAPESP.

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