Síndrome do túnel do carpo: o que é e como tratar?
Muitas das atividades que as pessoas realizam diariamente envolvem a execução de movimentos contínuos e repetitivos com as mãos e punhos. Por exemplo, tarefas domésticas ou de trabalho, como uso do celular ou computador, ou até mesmo a prática de esportes. No entanto, o mau posicionamento do punho e o uso de força excessiva em algumas dessas ações podem causar inflamação e deterioração dos nervos sensitivos e motores localizados ao nível do punho, causando danos ou alterações em suas funções. Esse tipo de compressão é conhecida como síndrome do túnel do carpo (STC), a neuropatia por encarceramento de nervo mais comum. Entenda!
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O que é a síndrome do túnel do carpo?
Essa é uma doença relativamente comum e chega a atingir até 5% da população mundial. Sabe-se também que entre 50% e 90% dos casos de STC estão ligados às atividades laborais e ao esforço que elas implicam em função do trabalho físico. De acordo com o Dr. André Tsai, ortopedista, “as pessoas com esta condição chegam a sentir formigamento, cãibras, dormência e até mesmo dor na região afetada, a qual geralmente é a mão dominante, mas pode se estender até o ombro. Tudo isso impacta na qualidade de vida, nas funções físicas e atividades cotidianas das pessoas”.
Quem é mais propenso a sofrer com a síndrome do túnel do carpo
Algumas pessoas podem estar mais propensa a sofrer dessa doença. A princípio, pessoas acima do peso ou obesas são mais prováveis de serem diagnosticadas com a síndrome, assim como pessoas que sofrem de diabetes, mulheres grávidas, pacientes com Lúpus, hipertireoidismo, artrite reumatoide, leucemia, entre outros.
Além disso, quem consome bebidas alcoólicas com frequência também corre maior risco, assim como quem faz uso de fármacos inibidores da aromatase, geralmente usados no tratamento do câncer de mama ou ovário.
Sintomas da síndrome do túnel do carpo
Os sintomas mais comuns da síndrome são:
- Parestesia (sensação de formigamento e de dormência), que geralmente se manifesta à noite;
- Dor na mão;
- Dificuldade em segurar objetos, mesmo os mais leves;
- Em casos mais graves, pode haver dificuldade de sentir temperaturas nas mãos.
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Quais são os riscos?
A síndrome do túnel do carpo pode originar outras complicações que agravam a situação do paciente, como a dor neuropática localizada (DNL). Trata-se de um tipo de dor cuja principal característica é desenvolver-se em áreas consistentes e limitadas a uma superfície menor que uma folha de papel tamanho carta. Assim, estima-se que a DNL afete 60% dos pacientes de dor neuropática, sendo esta a que tem maior probabilidade de causar incapacidade, pois tende a se tornar crônica.
“Em estágios avançados, quando as compressões nervosas são muito severas ou prolongadas, podem ocorrer danos irreparáveis. Gerando, assim, atrofias, fraqueza muscular e até perda de sensibilidade, limitando significativamente o desenvolvimento da vida profissional e pessoal das pessoas”, alerta Tsai.
Afinal, como aliviar os sintomas?
Sintomas mais leves, como sensação de formigamento, geralmente podem ser aliviados fazendo repouso e evitando movimentos fortes e objetos pesados. No entanto, é possível aliviar outros sintomas mais preocupantes, presentes em casos mais severos, com o uso de compressas geladas, tala rígida e remédios anti-inflamatórios, por exemplo. Além disso, especialistas recomendam fisioterapia, bem assim como a prática de alongamentos e exercícios.
Ainda, injeções de corticoides podem ser necessárias com a finalidade de reduzir o inchaço no túnel carpal. De acordo com o Dr. Tsai, um tratamento integral e gradual é importante para evitar que a dor se torne crônica.
“O primeiro passo no tratamento dessa síndrome é evitar os fatores de risco que causam a STC, como má postura na região das mãos e punhos. Isso é acompanhado pelo manejo farmacológico da dor neuropática, que pode ser sistêmica ou pela aplicação de drogas localizadas na área afetada, e também tratamentos como a fisioterapia e acupuntura, que também ajudam a atenuar os sintomas da STC”, conclui o doutor.
Fonte: Dr. André Tsai, Presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA) e Presidente do Comitê de Dor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT-ABDOR).