Síndrome do intestino curto: o que é e como tratar
Você conhece a síndrome do intestino curto? O transtorno acontece no intestino, responsável pela absorção de nutrientes e vitaminas necessárias para sobreviver. De acordo com a Agência USP, em média, o órgão de cada pessoa mede 300 centímetros. No entanto, quem convive com a SIC tem 10% a menos deste comprimento. Veja abaixo as causas, sintomas e tratamento da condição.
O que é?
A síndrome do intestino curto é um transtorno de má absorção e pode surgir após alguma sequela de procedimentos que exijam a retirada parcial do intestino delgado. Em suma, a síndrome é uma das principais causas de falência ou insuficiência intestinal.
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Causas
- Causas comuns da doença:
- Infarto mesentérico;
- Enterite por irradiação;
- Câncer;
- Vólvulo;
- Anormalidades congênitas.
O intestino delgado é dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo. Então, quando o jejuno tem uma grande parte retirada, o íleo assume a demanda de absorção de nutrientes da área. Mas, se a maior parte removida for a do íleo, em consequência, ocorre a má absorção de gorduras, de vitaminas lipossolúveis e de vitamina B12.
Além disso, ácidos biliares (taurocólico e glicólico, sintetizados pelo fígado a partir de colesterol) não absorvidos no cólon provocam diarreia secretora. A preservação do cólon pode reduzir de modo significativo as perdas de água e eletrólitos.
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Sintomas
- Vômito;
- Fadiga;
- Flatulência;
- Desnutrição;
- Perda de peso;
- Dor abdominal;
- Retenção de líquido;
- Diarreia;
- Dificuldade do intestino absorver nutrientes essenciais.
Como diagnosticar e tratar a síndrome do intestino curto
Primeiramente, para diagnosticar a síndrome do intestino curto, são necessários diversos exames laboratoriais e de imagem. Com base nos resultados, o médico analisa o histórico, incluindo se foi feito algum tipo de cirurgia.
Se o diagnóstico for positivo, o tratamento dependerá da gravidade da síndrome. Então, em quadros mais severos de desnutrição, a alimentação intravenosa, chamada de nutrição parenteral total (NPT), se torna o meio de ingerir os alimentos até que a pessoa restabeleça sua saúde. O tratamento também pode acontecer com o uso de antidiarreicos, suplementação vitamínica, inibidores da bomba de prótons e bloqueadores de H2 e até mesmo cirurgia para aumentar o intestino delgado.
Em casos menos graves, a mudança na alimentação é o principal. Por exemplo, seguir uma restrição de alimentos com potencial laxativo e diminuir a quantidade de porções ao longo do dia se torna prioridade. Gorduras e proteínas da dieta são usualmente bem toleradas, diferentemente dos carboidratos. Dessa forma, o ideal é que 40% das calorias sejam constituídas por gordura.
Por fim, é comum a prescrição de medicamentos para controlar a diarreia, como tomar a loperamida 1 hora após a refeição. Assim, a colestiramina (medicamento que absorvê e se liga aos ácidos biliares) administrada com as refeições, reduz a diarreia associada à má absorção desses ácidos decorrentes da ressecção ileal (cirurgia que remove parte do órgão).
Especialidades envolvidas no tratamento
Três especialidades podem estar envolvidas nos casos de síndrome do intestino curto, sendo elas: coloproctologista, gastroenterologista e proctologista. Portanto, todos esses profissionais são especializados e aptos para tratar doenças e transtornos nos intestinos delgado e grosso.
Além disso, realizar o tratamento em conjunto com uma nutricionista também é uma ótima ideia. Dessa forma, a profissional irá montar um cardápio seguindo as restrições adequadas sugeridas pelos médicos.
Síndrome do intestino curto: mudança de hábitos
A boa notícia é que é possível conviver normalmente com a síndrome, desde que o acompanhamento médico permaneça em dia e todas as recomendações sejam seguidas. A alimentação, por exemplo, é um hábito que deve permanecer saudável para manter a síndrome controlada, além da prática regular de atividade física.
Mudanças no estilo de vida também ajudam pessoas com o diagnóstico da SIC. Por exemplo:
- Manter-se sempre hidratado;
- Optar por vegetais cozidos;
- Substituir o queijo tradicional pelo queijo de baixo teor de gordura;
- Diminuir a carne vermelha e, então, optar pelas carnes brancas;
- Consumir alimentos obstipantes.
Por fim, seguindo a linha saudável, é sempre uma ótima ideia evitar o consumo exagerado de alimentos gordurosos, bebidas alcoólicas e gaseificadas, além de frutas que colaboram com a prisão do ventre.
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Fonte: Felipe Borges, médico cirurgião do aparelho digestivo com ênfase em fígado. Atua na clínica Gastrofig, em São Paulo (SP).