Impactos na saúde mental das mães causados pela idealização da maternidade

Equilíbrio Gravidez e maternidade
12 de Maio, 2023
Impactos na saúde mental das mães causados pela idealização da maternidade

A maternidade é um dos momentos mais especiais para a mulher. Mas, como em qualquer fase da vida, pode trazer desafios e exigir muito. Dra. Julia Trindade, médica psiquiatra membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, acredita que é muito importante identificar e prevenir o esgotamento emocional relacionado aos cuidados maternos. Além disso, é preciso ficar atento aos sinais de depressão pós-parto e outros impactos na saúde mental das mães causados pela idealização da maternidade.

Impactos na saúde mental das mães causados pela idealização do maternar 

Pesquisa realizada no ano de 2020 pelo instituto Fiocruz (2021), tendo como tema as principais questões sobre saúde mental das mães, aponta que no mundo cerca de 10% das mulheres grávidas e 13% das puérperas sofrem de algum problema de saúde mental, destacando-se a depressão. Por outro lado, nos países com maior desigualdade de renda, tem-se altas taxas de mortalidade materna e infantil, essas taxas são ainda maiores – 15,6% durante a gravidez e 20% após o nascimento da criança. 

Assim, o esgotamento materno pode ser causado por uma série de fatores, desde a falta de apoio do companheiro, da família e amigos até a pressão social para ser uma mãe perfeita, a romantização da maternidade, por exemplo. “Além disso, a rotina intensa dos cuidados com o bebê, as noites mal dormidas e a falta de tempo para si mesma podem contribuir para esse quadro”, reforça a psiquiatra.

Luciana Andrade, mãe, empresária e idealizadora da Passalinho, conta que já teve crises de ansiedade por conta da rotina sobrecarregada. “Em um episódio cheguei a desmaiar. Minha sogra estava comigo e me socorreu”, descreve. “Nossa cabeça comanda tudo. Assim, é preciso ter muita atenção em especial durante o puerpério e no retorno ao trabalho após a licença maternidade, diz Luciana. “Hoje faço terapia e fico muito atenta aos sinais de alerta para uma nova crise”. 

Para a empresária, a saída é encontrar equilíbrio. “Rotina muito rígida não funciona para mim. Então, eu me encontrei no meio do caminho. Ou seja, tenho flexibilidade de horários para o trabalho e minhas coisas pessoais, e assim consigo estar presente na vida dos meus filhos”, detalha. 

Burnout materno

A Dra. Julia Trindade explica que o burnout materno pode ser descrito como um esgotamento emocional causado pelo estresse prolongado relacionado aos cuidados maternos. Combinado com as múltiplas obrigações cotidianas. Pode ser caracterizado por sintomas como: 

  • Sentimentos constantes de culpa;
  • Estresse relacionado à administração do tempo;
  • Excesso de pessimismo;
  • Exaustão mesmo após um período de repouso;
  • Além disso, sentimento de fracasso e impotência;
  • Irritabilidade sem motivo aparente;
  • Falta de interesse ou prazer em cuidar do filho;
  • Por fim, baixa autoestima, tristeza, medo e insegurança.

A depressão pós-parto é uma condição que está “lado a lado” do burnout materno e pode ocorrer em qualquer momento no primeiro ano após o parto e requer intervenção médica imediata. Mas, é uma condição clínica com critérios e tratamento específico que pode afetar as mulheres após o parto. É caracterizada por sentimentos intensos de tristeza, desesperança e falta de interesse em atividades que antes traziam prazer. Além disso, pode haver sintomas físicos, como alterações no sono e no apetite, por exemplo. 

Leia também: Diabetes gestacional: o que é e por que condição pode ser perigosa?

Como evitar o burnout materno

A psiquiatra explica que algumas medidas podem ajudar na prevenção do burnout materno. Como exemplo, a construção de uma rede de apoio, a realização de atividades prazerosas e a reserva de tempo para cuidar de si mesma. É fundamental lembrar que a mãe também precisa de cuidados e apoio emocional, e não apenas o bebê. 

“Para ajudar uma mãe sobrecarregada, é preciso oferecer ajuda prática e emocional. Isso pode incluir evitar visitas em horários críticos, como a hora da soneca, oferecer-se para levar o lanche ou segurar a criança enquanto ela toma um banho tranquilo ou faz um cochilo e convidar a mãe para um momento de distração. Além disso, é importante ouvir e validar os sentimentos da mulher e lembrar que ela não está sozinha”, destaca a médica. 

Por fim, a mulher precisa se sentir cuidada e apoiada, e não apenas cobrada para ser a supermãe que a sociedade espera. Assim, ao reconhecer o burnout é preciso buscar ajuda o quanto antes: procurar um psiquiatra, terapia, a médica informa que algumas mulheres precisam ser medicadas.

Já Luciana Andrade diz que hoje entende que precisa estar feliz para os filhos estarem bem “Trabalhar, fazer exercícios e ter um tempo de cuidado comigo me faz bem e me preenche para cuidar melhor das crianças, e se para isso preciso estar ausente, não me culpo porque quando estou com eles, estou integral”, finaliza. 

Fontes: Julia Trindade, médica psiquiatra membro da Associação Brasileira de Psiquiatria

              Luciana Andrade, mãe, empresária e idealizadora da Passalinho, marca especializada em roupa infantil para crianças de 0 a 4 anos

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