Radiologia odontológica: especialidade examina dentes e face
O seu dentista já te pediu uma radiografia odontológica? Se a resposta é sim, saiba que existem várias modalidades de raio-X que auxiliam o profissional de odontologia a detectar questões ligadas à saúde bucal. E todas fazem parte da radiologia odontológica, ferramenta essencial no diagnóstico preciso de doenças da boca e também grande aliada de especialidades médicas em casos específicos. Entenda!
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Afinal, o que é?
A radiologia odontológica examina os dentes e a face de uma pessoa através das radiografias, também conhecidas como raio-X, exames de imagem não-invasivos (que não requerem uma incisão na pele ou a inserção de um instrumento no corpo). Dessa forma, para o exame, utiliza-se radiação em baixas doses para identificar rapidamente alterações na estrutura dos ossos e dentárias.
De acordo com a especialista Dra. Tabada Deusdado Bertani, cirurgiã dentista, é importante esclarecer os conceitos: “A radiologia é o estudo da radiografia. E radiografia é uma imagem formada através da emissão dos raios-X. E como o próprio nome diz, são raios gerados a partir da energia elétrica, ou seja, a corrente elétrica passa por uma ampola e esta tem o poder de transformar a energia. Esses raios são emitidos por um aparelho, atravessam uma estrutura óssea e sensibilizam um sensor que, por fim, capta os mesmos em diferentes intensidades e formam as imagens em tons de cinza.”
Para que serve a radiologia odontológica
De acordo com a Dra. Maria Lucia Dias, especialista em ortodontia e clínico geral, “a radiologia odontológica é fundamental, pois proporciona ao dentista informações confiáveis e que nem aparecem no exame clínico.”
Exemplificando, é útil em diversas situações:
- Procedimento pré-operatório;
- Realização de implantes;
- Avaliação para extração de dentes, como o siso;
- Diagnóstico de perdas e lesões ósseas;
- Observar se os dentes estão nascendo, além de incidências não visíveis, como cáries ocultas, por exemplo.
Vale reforçar que não são apenas os dentistas que utilizam esse recurso. Segundo a Dra. Tábada Deusdado Bertani, cirurgiã dentista com especialização em radiologia odontológica e imaginologia, “áreas de saúde como a otorrinolaringologia e a fisioterapia utilizam a radiologia odontológica para estudos e tratamento de ATM – articulação temporo mandibular (responsável pelo movimento de abrir e fechar a boca; é o encaixe da mandíbula com o resto dos ossos do crânio.”
Dessa forma, com a radiologia odontológica, é possível determinar danos ou anormalidades estruturais e enfermidades na face que podem ocorrer após cirurgias buco maxilo facial, implantodontia e outros tipos de tratamentos bucais.
Sobre essa abrangência, a ortodontista Dra. Maria Lúcia também ressalta: “A radiologia odontológica envolve exames simples, porém de grande importância no diagnóstico de todas especialidades médicas e odontológicas.”
Tipos de radiologia odontológica
A radiologia odontológica reúne modalidades diferentes de radiografias. Entenda abaixo:
- Radiografia panorâmica: é a mais comum. É um exame utilizado para avaliar a maxila e a mandíbula na mesma imagem, bem como as estruturas dentárias e ósseas presentes na região da cabeça;
- Radiografia periapical: é uma radiografia pequena de apenas uma região dentária (2 ou 3 dentes na mesma tomada radiográfica). Apesar de ser menor, a riqueza de detalhes da imagem é superior à panorâmica que, por ser maior, tem uma distorção considerável;
- Telerradiografias: é uma radiografia frontal ou lateral da face. É o exame utilizado na ortodontia, ortopedia facial e também na cirurgia ortognática (técnica utilizada para corrigir alterações de crescimento dos maxilares), e que tem como finalidade a avaliação da relação entre os ossos da face e dentes;
- Radiografia da mão e punho: muito usada na odontologia, principalmente na ortodontia, para analisar o estágio de crescimento da criança. Assim, a técnica auxilia na escolha do aparelho ortodôntico adequado;
- Tomografias: são radiografias muito comuns atualmente em radiologia odontológica, conhecidas como imagens em 3D. Esse tipo de técnica é necessária, sobretudo, para realização de implantes dentários, onde além das medidas de altura e largura óssea, também avalia-se a espessura óssea. Além disso, ajuda a avaliar dentes inclusos e observar se estão impactados e próximos de estruturas importantes como vasos e nervos. Toda essa análise é fundamental para planejar com critério uma cirurgia de extração, por exemplo.
Como são feitas as radiografias odontológicas?
De acordo com a cirurgiã dentista Dra. Tábada, todos os tipos são simples, indolores e sem necessidade de preparação prévia.
No caso da radiografia panorâmica, o paciente veste um colete de chumbo para proteger as estruturas corpóreas que não precisam ser estudadas e, em seguida, posiciona-se no equipamento. Em seguida, o paciente morde um pino guia, que tem a função de deixá-lo centralizado na máquina durante todo o movimento da mesma ao redor da cabeça. Geralmente o deslocamento dura de 10 a 15 segundos.
Nas radiografias periapicais, por sua vez, a localização do paciente é a mesma da panorâmica, só que o tempo de aquisição da imagem é em torno de meio segundo. “É muito rápido e cada vez mais a duração e quantidade de radiação estão diminuindo graças à elaboração de sensores ultrarrápidos”, comenta Tabada.
Outro fator importante é que nessa técnica é possível segurar a cabeça do indivíduo e, por isso, pode ser realizada por bebês e crianças. Já nas telerradiografias, o paciente também se coloca de maneira centralizada, porém a máquina percorre apenas ao lado da cabeça, e não gira ao redor como nos procedimentos citados anteriormente.
E no caso das tomografias, o princípio é o mesmo da panorâmica, a única diferença está no software do equipamento e isso é indiferente em relação à forma que o exame é realizado. Ou seja, a posição e o movimento são similares.
Há contraindicações?
Na verdade, não existem contraindicações para nenhuma das modalidades de radiografia. O que há são cuidados para quem vai realizar os procedimentos. E sobre isso, a Dra. Tábada reforça sobre a indicação dos exames para bebês, crianças, gestantes e pacientes em tratamento contra o câncer. Entenda melhor:
Radiografias em bebês e crianças
“No caso do paciente ter que ficar parado e sozinho, durante 10 a 15 segundos, não é possível, por exemplo, segurar a cabeça dele com as mãos, se não as mãos de quem está segurando aparece na radiografia. Com isso, já excluímos os bebês e crianças pequenas para realização de radiografias panorâmicas, telerradiografias e tomografias.”
Radiografias e gestantes
Outro critério importante, de acordo com a cirurgiã dentista, é o cuidado ao solicitar um exame de raios-X para uma grávida. “Sempre indico avaliar o binômio tempo e necessidade, ou seja, o exame é realmente necessário ou pode ser adiado? Dou como exemplo o seguinte: a gestante está com uma dor de dente e o dentista não sabe localizar a origem da dor para poder tratar. Essa dor não pode esperar e uma possível infecção bucal não tratada pode aumentar e trazer problemas sistêmicos. Assim, a paciente pode e deve fazer o exame no momento solicitado.”
Lembrando que a dose de radiação aplicada na mulher grávida durante a radiografia é inferior à usada em outras pessoas. Além disso, o cuidado em relação ao posicionamento é redobrado, para evitar a necessidade de repetição. O mesmo ocorre com pacientes em tratamento de radioterapia.
Profissionais habilitados em radiologia odontológica
Podem fazer radiografias odontológicas os cirurgiões dentistas, os auxiliares de odontologia e os técnicos de raios X. Porém, para elaboração de laudos e diagnósticos, somente os cirurgiões dentistas com especialização em radiologia odontológica e imaginologia (estudo dos órgãos e sistemas do corpo humano através das diversas modalidades de exames de imagem) estão autorizados.
Cuidados após radiografias
Em poucas palavras, não são necessários cuidados após a realização de radiografias. Por fim, a Dra. Tábada Bertani aconselha: “Não tenha medo de fazer radiografias. São exames rápidos e seguros em relação à radiação e 100% indolores. Converse sempre com o seu dentista! Com certeza quem sairá ganhando é você e sua saúde.”
Fontes: Dra. Tábada Deusdado Bertani, cirurgiã dentista com especialização em radiologia odontológica e imaginologia. CROSP – 84018; Dra. Maria Lucia Dias, especialista em ortodontia e clínico geral. CROSP – 110797.