Dentes do siso: O que você precisa saber sobre eles?

Saúde
16 de Janeiro, 2023
Dentes do siso: O que você precisa saber sobre eles?

É bem provável que você já tenha ouvido por aí alguém chamando os dentes do siso de “dentes do juízo”. Eles ganharam esse apelido porque são os últimos dentes a nascer, completando a dentição permanente. E isso costuma acontecer entre 15 e 25 anos de idade, justamente quando o adolescente está transitando para a vida adulta. 

De acordo com a odontologista Audrey Marquesini, membro da plataforma Doctoralia, temos quatro dentes do siso, que são os últimos molares e estão posicionados no fundo da boca. Assim, sua função original é a de ajudar a triturar melhor os alimentos. Contudo, isso só é possível quando conseguem crescer de forma adequada. Se não há espaço, o nascimento dos dentes pode causar dor, sobreposição, deslocamento de outros dentes ou até mesmo levar ao desenvolvimento de cárie dentária localizada. Continue lendo e saiba tudo sobre dentes do siso.

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Por que o dente do siso existe? 

De acordo com o Ministério da Saúde, os dentes do siso existem para mastigar alimentos duros. Na época pré-histórica, os humanos tinham mandíbulas enormes (e fortes) e esses dentes ajudavam a morder alimentos duros, como carne crua e plantas. Então, os terceiros molares eram necessários e tinham bastante espaço para crescer. Ou seja, os seres humanos tinham um espaço reservado para esse dente, já que ele era essencial na fase adulta em que eles passariam a ingerir alimentos mais resistentes. Além disso, antes da odontologia e dos cuidados com a dentição, era comum perder alguns dentes, com isso, o siso crescia em momento oportuno. 

No entanto, com o passar dos anos e com a significativa evolução, temos um dilema: o tamanho da mandíbula do homem moderno – que é menor, uma melhor saúde dental e a não necessidade de mastigar alimentos tão resistentes torna menos provável para os dentes do siso erupcionarem e entrarem em uma posição funcional.

Tudo isso somado ao fato de que esses dentes surgem de maneira aleatória e não conjunta, ou seja, cada um se forma e nasce em tempos diferentes, podem acabar não encontrando espaço suficiente na mandíbula para se desenvolverem. Nesse caso, eles podem representar uma série de problemas para a saúde bucal. Além de trazer desconforto e dor, em alguns casos, a dor é tão forte que é necessário ir ao hospital ou tomar analgésicos.

Função desses dentes

O dente do siso tem como função a trituração dos alimentos, afirma a dentista Maria Fernanda Kolbe. Porém, isso só acontece se os dois dentes, o da parte debaixo e o da parte de cima, se tocarem, não sendo efetivo se a pessoa só possuir o dente de cima ou o debaixo, nesse caso, aquele dente muito provavelmente não está sendo usado.

De toda forma, se o siso estiver bem posicionado, ele auxilia na mastigação dos alimentos, portanto, ao extraí-lo muitos pacientes se queixam da falta do dente. Por conta disso, é sempre importante avaliar se esta extração é realmente necessária, já que em muitos casos, esses dentes são bem-vindos.

Todas as pessoas têm ou terão dentes do siso?

De acordo com a dentista Maria Fernanda Kolbe, nem todos têm ou terão dentes do siso:

“Isso porque a evolução da espécie humana está levando à diminuição do número de dentes, muito provavelmente por conta de nossa arcada dentária. O ser humano já não precisa de tantos dentes para a mastigação, portanto o tamanho da arcada dentária vem diminuindo. Os primatas, possuíam arcadas maiores, para que coubesse mais dentes. Existem pessoas que possuem os 4 dentes do siso, outras 3 ou 2, já outras, nenhum. Por incrível que pareça, existem pessoas com 5 dentes do siso, um quarto molar, mais atrás do terceiro, mas neste caso são bem pequenos”, afirma.

Quando a extração dos dentes do siso é indicada?

Os dentes do siso que não se encaixam corretamente na arcada dentária podem seguir alguns caminhos: surgir apenas de forma parcial; nascer mal posicionados; ou ficar inclusos, o que significa que estão acondicionados embaixo da gengiva ou ainda dentro de um osso. Essas situações podem gerar questões como apinhamento dental (dentes encavalados), inflamações, inchaço, dor no rosto e enxaquecas, além de dificultar a limpeza e promover um ambiente propício para a cárie. 

Além disso, a avaliação é clínica, feita por um cirurgião dentista habilitado, radiográfica e tomográfica. A Dra. Maria Kolbe esclarece que hoje a tomografia é um exame que nos auxilia demais na tomada de decisão, pois fornece a posição espacial do dente, não apenas a altura em relação aos dentes vizinhos e ao osso, mas também a localização horizontal.

“Naturalmente, uma anamnese detalhada, que são as perguntas feitas ao paciente para compreender o nível de incômodo, pode ajudar no diagnóstico. A higiene, se o paciente consegue limpar o dente, ou se tem dificuldades, avaliação da oclusão, para saber se o dente auxilia, atrapalha ou é neutro na função do sistema estomatognático”, complementa.

Riscos da cirurgia 

A dentista Maria Kolke aponta que a cirurgia, apesar de comum, pode gerar algumas complicações ou acidentes, entre elas:

  • Dor;
  • Trismo (que é quando perdemos a força muscular para abrir a boca, lembrando que este sintoma é transitório);
  • Edema (inchaço);
  • Sangramento;
  • Inflamação no osso exposto (alveolite);
  • Fraturas de outros dentes durante a técnica cirúrgica;
  • Injúria a ATM (disfunção temporomandibular e dor orofacial), causada pela força ou pelo tempo do paciente com a boca aberta. Assim, podem haver lesões do nervo alveolar inferior, gerando uma parestesia (sensação de adormecimento), que pode ser temporária ou permanente, em caso de lesão grave.

Além disso, também podem ocorrer a fratura da mandíbula, em caso da lesão ser no dente inferior ou uma comunicação buco sinusal, em caso da lesão ser no dente superior, o mesmo pode deslocar-se para o seio da face.

“É possível cortar acidentalmente algumas estruturas adjacentes, como a gengiva próxima a extração. Há acidentes e complicações facilmente evitáveis e outros não, mas um bom exame prévio de tomografia e um preparo técnico do cirurgião diminuem bastante o risco destas complicações, juntamente ao uso adequado de medicação pré e pós operatória (antibióticos, analgésicos, corticóides, etc)”, afirma a dentista.

Assim, é importante contar com o acompanhamento de um odontologista, que pode avaliar a necessidade de extração dos sisos. “Ela deve ocorrer quando o espaço para o seu nascimento não for suficiente, evitando de ficar incluso, e quando o paciente apresenta dores e infecções recorrentes”, indica Audrey.

Sinais que o dente do siso pode prejudicar os demais dentes

A dor e o incômodo podem ser indicadores de que o dente do siso está prejudicando os demais dentes. Porém, ainda sem esses sintomas, o nascimento desses dentes ainda pode causar problemas de forma silenciosa. Por isso, a dentista Maria Kolbe afirma que a visita periódica ao dentista é muito importante para que a presença destes dentes seja avaliada radiograficamente para entender se o dente está causando algum dano aos demais dentes e gengiva. 

“A profilaxia também é muito importante para evitar problemas, em todos os casos, mas principalmente se o siso for mantido, uma vez que a extração nem sempre é recomendada, não só por conta dos riscos citados anteriormente, como também por conta da proximidade do nervo alveolar, aumentando o risco de fratura da mandíbula e parestesia, que independe da habilidade,  técnica e capacidade do profissional, pois estão relacionados à posição do dente,” afirma Kolbe.

 

Fonte: Audrey Marquesini, odontologista e membro da plataforma Doctoralia e Dra. Maria Fernanda Kolbe, dentista e SDA Trainer da EMS (Electro Medical Systems).

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