Pais abusivos: Como identificar o abuso e lidar com a situação?

Bem-estar Equilíbrio
22 de Agosto, 2023
Lívia Barbosa Alves de Souza
Revisado por
Psicóloga • CRP 01/22261
Pais abusivos: Como identificar o abuso e lidar com a situação?

Relacionamentos abusivos são um assunto bastante em alta ultimamente — e com razão. Falar sobre o assunto é o primeiro passo para a conscientização. Mas o que acontece quando esse relacionamento não é amoroso, mas, sim, familiar? Ou seja, é possível os pais serem abusivos?

Segundo as fundadoras do Trialogar, Cynthia Abramczyk, Sandra Raca Silberberg e Stella Angerami, é importante entender, antes de mais nada, a natureza de uma relação abusiva. “O abuso é uma forma de depreciação e desconsideração do outro. Ele pode ocorrer em qualquer contexto em que existam relações humanas, como no trabalho, na família, no convívio de amigos e entre um casal”, dizem.

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Muito além das relações amorosas

De acordo com as profissionais, o abuso é um exercício de poder, de estabelecimento da posição de superioridade de uma das partes da relação, mesmo que seja na fantasia de quem pratica. Isso significa que não necessariamente exista uma hierarquia no relacionamento, mas um dos lados se comporta, se porta e se manifesta como se existisse.

“Pais abusivos são aqueles que usam do seu poder para impedir os filhos de desenvolverem capacidades e autonomia, controlando e determinando tudo”, explicam. “Alguns pais invertem a ordem natural do cuidado e exigem que os filhos cuidem deles e façam tudo para supri-los. Para isso, manipulam os filhos e fazem chantagem emocional ou exigências descabidas (devoção, submissão, atenção, dinheiro, entre outros). Podem, algumas vezes, chegar a um nível de abuso cruel.”

Normalmente, os pais abusivos usam da sua autoridade para extravasar as suas insatisfações e agressividade — e o alvo acaba sendo os filhos. Eles são críticos e muito exigentes, além de violentos de forma verbal e/ou física. Alguns, explicam, podem ser inclusive abusivos sexualmente.

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Como saber se estou lidando com pais abusivos?

As três terapeutas concordam que o abuso aparece de maneiras variadas, que vai do físico ao verbal, como explicado antes. Ainda assim, é possível identificar quando ele acontece, seja diante de uma auto-análise ou a partir da análise de outros, como um profissional capacitado.

“Quando há abuso, notam-se machucados recorrentes, mudança de comportamento (como apatia, a criança fica mais calada, mais receosa) ou expressa através da dor física. Muitas vezes, no dia a dia, os pais repreendem os filhos verbalmente, isso não é abuso. Esse tipo de disciplina acontece e tem um propósito, desde que não saia do controle”, dizem.

Ao longo do tempo, no entanto, o abuso provoca danos psicológicos que podem ser graves, com impactos na vida emocional, social e cognitiva dos filhos. Eles, por sua vez, podem apresentar problemas de autoestimaou até mesmo tendências e comportamento suicida.

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Afinal, como lidar com pais abusivos?

A convivência com pais abusivos, claro, não é simples. Para que o efeito seja revertido, é preciso um tratamento conjunto e que, com certeza, leva tempo. Não só isso, mas é necessário ainda que todas as partes estejam de acordo com ele — caso contrário, não adianta querer mudar o comportamento e as atitudes dos pais sem que eles, também, percebam a importância de fazer essa mudança.

“​​Há necessidade de um tratamento multidisciplinar entre os profissionais da saúde mental, ressaltando o papel fundamental da terapia relacional sistêmica (cujo o foco está no cuidado da relação entre pais e filhos) e ajudando na construção de relacionamentos saudáveis ao longo da vida”, explicam as terapeutas.

Contudo, no caso de violência física ou sexual, a denúncia é essencial para garantir a integridade física da criança. Para isso, é possível discar 100 (Disque Direitos Humanos) de qualquer telefone, procurar o Conselho Tutelar mais próximo ou fazer uma ligação direta para a polícia, discando 190.

Fontes: Cynthia Abramczyk, Sandra Raca Silberberg e Stella Angeram, fundadoras do Trialogar.

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