A ordem dos exercícios no treino importa? Personal explica
Em algumas épocas do ano, a academia lota. Com mais pessoas preocupadas em cuidar da saúde, fica praticamente impossível realizar todos os movimentos propostos pelo personal em um curto período. E os aparelhos ocupados exigem algumas estratégias para economizar tempo, como trocar a ordem dos exercícios no treino. Mas você já se perguntou se isso pode impactar os seus resultados? Vamos descobrir a seguir:
A ordem dos exercícios no treino importa?
Você provavelmente já passou por isso: ao terminar um exercício em um aparelho, vai para o próximo, mas percebe que ele já está ocupado. Então, para não perder tempo, pula o movimento seguinte e deixa para realizá-lo somente quando o equipamento estiver livre.
A prática pode até parecer inofensiva e inteligente, mas se frequente, pode sim impactar o seu objetivo – tudo vai depender, é claro, do seu nível de condicionamento.
Isso acontece porque um treino individualizado é pensado estrategicamente e leva em conta todos os detalhes, incluindo a ordem dos exercícios. O preparador físico Lucca Frazão explica, por exemplo, que para montar uma sessão específica para um aluno ou atleta, o profissional realiza a chamada anamnese prévia.
“Tratam-se de perguntas específicas, tais como: objetivo, tempo disponível, local de treino, se já estava praticando atividade física, patologias, cirurgias, frequência semanal e materiais disponíveis. Isso auxilia na preparação e na montagem do treino”, ele diz.
Com todas essas questões respondidas, o especialista vai então propor quais exercícios o aluno deve fazer – bem como a ordem deles. Geralmente, leva-se em conta o nível de treinamento dessa pessoa e a sua meta principal.
“Alunos iniciantes normalmente começam com exercícios multiarticulares (que envolvem mais de uma articulação), pois eles utilizam mais energia para a execução dos movimentos. E depois fazem exercícios mais localizados, que seriam os monoarticulares (que envolvem uma única articulação)”, afirma Lucca Frazão.
Já para os praticantes intermediários e avançados, a ordenação dos movimentos vai depender da estratégia do personal. Isso porque em alguns momentos, pode ser que o objetivo principal seja o desenvolvimento muscular (e aí, o treino começa com certos exercícios), mas depois passa a ser a produção de força (nesse caso, a ordem muda).
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Afinal, pular ou não o exercício?
A resposta varia, e o ideal é avaliar os prós e os contras da escolha. Isso porque uma coisa é certa: trocar a ordem dos exercícios pode sim impactar o resultado final, especialmente se você for um praticante mais avançado. “Estudos mostram que o mesmo treinamento, mas com ordem diferente de exercícios, altera o resultado de hipertrofia e aumento de força. Isso porque nos exercícios iniciais, temos maior produção de força e energia”, diz o preparador físico.
Para isso, ele dá um exemplo: se você quer desenvolver a musculatura das costas (dorsais), artigos científicos apontam que o ideal é iniciar o treinamento com movimentos específicos para essa região – isso vale para outras musculaturas também.
Ou seja, se você não for mais iniciante e tiver uma meta específica, vale esperar o aparelho ficar livre ou até pedir para a pessoa revezar com você. Mas se você está começando agora, trocar a ordem dos exercícios no treino não fará tanta diferença assim. Pule o movimento, e assim que terminar o próximo, volte para ele.
“O corpo se acostuma com o mesmo treinamento, por isso é importante realizar a mudança dos estímulos de acordo com o objetivo de cada aluno. Não seria errado para um aluno mais avançado colocar exercícios principais no final do treino. Assim, sempre procure um profissional de educação física capacitado para realizar a mudança do seu treinamento no momento correto, verificando seu desempenho com avaliações físicas periódicas e comprovando seus resultados”, recomenda.
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Fonte: Lucca Frazão, preparador físico pós-graduado em Treinamento Esportivo de Alto Rendimento (NAR) e em Biomecânica, Avaliação Física e Prescrição de Exercícios (FMU).