Óleo usado: riscos da reutilização excessiva da substância
Com os preços dos alimentos e das cestas básicas cada vez mais altos, a saída para economizar e manter as refeições em dia acaba sendo usar o mesmo óleo várias vezes. Apesar de esse costume não ser novo, será que há riscos de consumir óleo usado?
Na correria do dia a dia, nem sempre percebemos que o óleo está na panela há um bom tempo. De acordo com a nutróloga Carolina Ahouagi Marroig, quando o óleo entra em contato com altas temperaturas, parte da gordura polinsaturada se transforma em gordura trans. Ela ressalta também que o calor produz a substância acroleína, que é considerada cancerígena e pode causar irritação da mucosa intestinal. Desse modo, aumenta o risco de doenças inflamatórias crônicas.
Para identificar a temperatura ideal, Eleonora Galvão, nutricionista da Nutrindo Ideais, conta que um fator importante é o ponto de fumaça do óleo. “O ponto de fumaça é quando o óleo (ou a gordura) atinge determinada temperatura. Desse modo, ele se quebra e forma a acroleína, substância prejudicial à saúde gástrica e intestinal, além de ter função oxidante. Um óleo que se degrada antes de atingir a temperatura ideal para refogar ou fritar um alimento, que deve ser entre 180ºC e 190ºC, não é um óleo que deve ser utilizado na cozinha”, diz.
Reutilização de óleo: riscos
Ele pode parecer inofensivo, mas não é! O excesso do óleo pode resultar na formação de compostos tóxicos, que prejudicam a saúde. Assim, Galvão explica que ele pode criar radicais livres, que ligam-se às células saudáveis do corpo, causando doenças.
“A reutilização do óleo também pode levar à aterosclerose, que é o acúmulo de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas artérias. Este quadro dificulta a passagem de sangue nos vasos. O que chega a causar infartos, hipertensão e derrames. A inalação de acroleína também é extremamente prejudicial ao organismo e irritante para olhos e garganta, gerando desconforto e dor”.
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Consumo do óleo usado
Até os óleos naturais não devem estar presentes em excesso na alimentação, de acordo com as especialistas. Dessa forma, o ideal é manter o uso moderado deles. “Óleos e gorduras são nutrientes altamente calóricos. Possuem 9 calorias por grama. Portanto, devem ser usados com moderação”, diz Galvão.
Marroig afirma que comidas com gordura, como derivados do leite, carnes, peixes, castanhas e amêndoas já fornecem a quantidade de gordura ideal para o corpo. Então, algumas frutas como o abacate também são fontes de gordura saudável.
Óleo usado: como substituir essa substância?
O óleo pode ser substituído também por:
- Manteiga;
- Banha de porco;
- Gorduras saturadas;
- Azeite extra virgem em temperaturas mais baixas (se aquecido demais, pode produzir substâncias maléficas).
“A fim de reduzir o consumo de óleos no dia a dia, devemos priorizar preparações assadas, grelhadas em pouca gordura e cozidas. Ao aquecer o óleo para preparações quentes, devemos, então, escolher boas opções. O azeite tradicional é indicado para refogar e assar comidas, enquanto o extra-virgem é recomendado para temperar saladas”, diz a nutricionista.
Assim, o azeite é rico em ácidos graxos monoinsaturados (MUFAs), que atuam no controle do colesterol e na diminuição do colesterol LDL.
Como saber quando descartar o óleo?
As especialistas contam que quando o óleo apresentar espuma, fumaça durante o preparo, escurecimento da coloração ou cheiro e sabor estranhos, é porque não serve mais para a preparação da comida.
“Quanto menos se reutilizar o óleo, menor o risco da produção de tal substância (acroleína) e menor a degradação da gordura polinsaturada em gordura trans. Talvez o mais adequado seria o uso do óleo em no máximo uma ou duas frituras. Tendo a atenção para não reutilizar o óleo que já tenha escurecido”, explica a nutróloga.
Por fim, Marroig alerta ainda que diminuir a quantidade de óleo ajuda não só a saúde, como também o meio-ambiente. O óleo vegetal, quando jogado na pia, pode causar problemas para a natureza. Dessa forma, se descartado nas redes de esgoto, pode encarecer o tratamento dos resíduos e, então, deixar o solo impermeável.
Fontes: Carolina Ahouagi Marroig, nutróloga (CRM 52.73593-0); Eleonora Galvão, nutricionista da Nutrindo Ideais (CRN 20101323).