É hora de abrir mão das máscaras em ambientes fechados? Especialistas respondem

Saúde
18 de Março, 2022
É hora de abrir mão das máscaras em ambientes fechados? Especialistas respondem

A exemplo do Rio de Janeiro e outros estados, São Paulo flexibilizou o uso de máscaras em ambientes fechados. Em ambientes abertos, a liberação já estava valendo. De acordo com o governador do Estado, João Dória, a desobrigação do item de proteção contra o coronavírus e tantas outras doenças respiratórias se justifica pelos dados epidemiológicos da região.

“A decisão foi baseada em análises técnicas do Comitê Científico do Coronavírus de São Paulo. Os especialistas levaram em consideração o índice de vacinação com duas doses no estado, que atingiu a meta definida pela Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde de 90% da população elegível, ou seja, acima de 5 anos, imunizada”, afirmou.

Se para muitas pessoas a flexibilização das máscaras foi um verdadeiro alívio depois de quase 2 anos tendo de usar o item de proteção, para outras pessoas ainda não é o momento de abrir do uso. Ainda mais com o surgimento de novas variantes, como a Deltacron, que já causa surto em países como a China, resultando em um lockdown. Para países como o Brasil, que já consideram a pandemia perto do fim, foi uma decisão acertada. Será, então, que já é hora de abandonar o uso das máscaras em ambientes fechados? Nós conversamos com médicos especialistas para tratar sobre o tema. Confira!

Máscaras em ambientes fechados: já é hora de abrir mão?

Especialistas divergem sobre o momento de abrir mão das máscaras em ambientes fechados. A Dra. Giovanna Sapienza, médica infectologista do Centro de Prevenção Meniá, discorda da decisão. “Eu acho precipitada, porque as crianças ainda não estão completamente vacinadas, como os pequenos de 0 a 3 anos, por exemplo, além de todas as pessoas que têm comorbidades e ainda têm chance de contrair a doença“, afirma.

Nunca é demais lembrar que o uso de máscaras não só protege quem a usa: também evita a transmissão da doença. “A pessoa que não usa e que está infectada, tem mais chance de transmitir para aquela pessoa que, mesmo de máscara, pode se infectar e tem maior risco de adoecer. Então, em ambientes fechados, principalmente com aglomeração, deve-se manter o uso. Essa liberação é precoce, ainda mais com variantes novas aparecendo”, completa.

O Dr. Rodrigo Biondi, médico do Hospital Brasilia/Dasa, afirma que ainda não há resposta definitiva sobre esse tema. Dessa forma, vale o bom senso e a análise constante dos dados epidemiológicos locais. “Temos uma baixa taxa de transmissibilidade na maioria dos estados, e ela está bem estável mesmo após o carnaval. Então, entende-se que é possível relaxar a medida do uso de máscaras. Entretanto, esse mesmo bom senso fala que pessoas de alto risco devem continuar utilizando em ambientes como transportes públicos, teatros e cinemas”.

Dessa forma, o médico afirma que sim, já estamos prontos para abrir mão do uso de máscaras em ambientes fechados, com exceções de ambientes de saúde, transporte público e também por pessoas com baixa imunidade ou que a vacina não funciona adequadamente. “É inquestionável que as máscaras protegem, mas temos pouca taxa de infecção. Além disso, a maioria da população já está protegida com a vacina, então é razoável tirar a obrigatoriedade”, completa.

E em ambientes abertos?

Quando o assunto é Covid, o que não faltam são polêmicas e opiniões divergentes. O uso de máscaras em ambientes abertos, no entanto, costuma caminhar para um consenso, pois é aprovado pela maioria dos especialistas.

“Andar de bicicleta ou correr num parque representa um risco de contágio extremamente baixo, ainda mais considerando que boa parcela da população está vacinada, além do baixo nível de transmissão atual. Por isso, é seguro ficar em ambientes abertos sem máscara, exceto as pessoas com comorbidades. Nesse caso, elas devem andar com a máscara sempre à disposição, pois o risco individual dessa pessoa é muito elevado quando comparado ao restante da população”, afirma o Dr. Rodrigo.

A Dra. Giovanna Sapienza também concorda com essa liberação. “Em ambientes abertos eu concordo, pois já estamos numa fase em que é possível as pessoas se educarem para que, em ambientes abertos fiquem sem máscara, e ao entrar em ambientes fechados a coloquem. É uma questão de hábito, mas, de fato, já é um momento seguro sim”, completa.

Mesmo com flexibilização, medidas de proteção seguem recomendadas

Ainda segundo o Dr. Rodrigo, a melhor medida de proteção continua sendo a vacinação, pois protege individual e coletivamente. “Lembrando que as crianças e adolescentes muitas vezes ficam com avós, e essas crianças, na maioria das vezes, assintomáticas, podem passar o vírus para os avós ou para os pais, que vão passar para pais, tios, professores, e esses sim têm risco maior de ter a forma grave. A vacina protege contra a infecção e já há trabalhos mostrando isso, pois reduz a quantidade de vírus circulando, ou seja, reduz a chance da pessoa passar o vírus adiante”, alerta o médico. Além disso, vale reforçar a importância do uso de álcool em gel e higienização constante das mãos, bem como evitar aglomerações.

Fontes: Dra. Giovanna Sapienza, médica infectologista do Centro de Prevenção Meniá, do Hospital Santa Isabel e residente do Hospital Emílio Ribas; e Dr. Rodrigo Biondi, médico do Hospital Brasilia/Dasa.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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