Lúpus (LES): o que é a condição de Selena Gomez

Saúde
14 de Outubro, 2022
Lúpus (LES): o que é a condição de Selena Gomez

A cantora Selena Gomez convive com o lúpus eritematoso sistêmico (LES) desde 2015. De lá para cá, a artista já enfrentou diversos tratamentos, como sessões de quimioterapia e transplante de rim devido à doença. Em seu novo documentário “Selena Gomez: Minha Mente e Eu”, a atriz fala sobre as dificuldades do diagnóstico em meio ao sucesso da carreira. Entenda, agora, o que é a doença, quais são as causas, sintomas e tratamentos.

Leia mais: Você sabe qual é a relação entre o lúpus e a saúde mental?

O que é o lúpus (LES)? 

De acordo com a reumatologista Bruna Giusto Bunjes, o lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune, em que há uma alteração nas próprias células de imunidade. Assim, elas passam a considerar partes do corpo como um inimigo, atacando-as. 

Vivaldo Medeiros, biomédico, ressalta que a condição pode afetar vários sistemas do corpo, como articulações, pele, rins, células sanguíneas, cérebro, coração e pulmões. 

Causas 

As causas da doença ainda não são totalmente conhecidas. Os especialistas contam que pode incluir, por exemplo, fatores hormonais, genéticos e ambientais, além de algum vírus específico, compostos químicos e estresse físico ou emocional 

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, estima-se que no país uma a cada 1.700 mulheres tenha a doença. No total, são 65 mil brasileiros convivendo com o lúpus, sendo que a maioria são do sexo feminino.

“Alerta especial para mulheres jovens que iniciam com quadro de fadiga intensa, dor articular, manchas na pele e surgimento de ínguas de forma prolongada  e sem infecções agudas. Assim como casos de lesão renal sem explicação em indivíduos jovens ou de alterações de sistema nervoso central como mielite transversa, crises convulsivas e psicose”, conta a reumatologista Bruna Bunjes.

Grupo de risco

Ainda segundo o biomédico Vivaldo Medeiros, os fatores de risco para o lúpus são interações complexas entre genes e exposições ambientais para promover o desenvolvimento da doença. “Devido ao aumento da incidência em mulheres, fatores hormonais estão envolvidos na patogênese da doença. É mais comum entre asiáticos, afro-americanos e hispânicos”, explica. 

Além disso, pessoas que possuem alteração na organização imune, ou seja, deficiência do sistema e componentes genéticos também fazem parte do grupo. “Apenas 25% de filhos/irmãos de pessoas com lúpus têm a chance de apresentar a condição também. Os gatilhos principais de desenvolvimento e ativação da doença são a exposição à luz solar, mulheres em idade fértil ou na gestação, estresse constante”, afirma a reumatologista Bunjes. 

Sintomas do lúpus (LES)

Tanto a intensidade dos sintomas quanto o número de sistemas afetados variam de acordo com cada paciente. Da mesma maneira, isso também é influenciado pelo estágio ou remissão da doença

“Seus sintomas podem envolver o organismo como um todo, desde a pele (lúpus cutâneo), com o aparecimento de manchas mais avermelhadas, pele sensível à luz solar, até acometimento de órgãos internos, como pulmão, coração e o mais grave, quando causa doença renal ou neurológica”, conta a reumatologista Bruna Bunjes. 

Veja mais sintomas:

  • Febre baixa;
  • Fadiga;
  • Desânimo;
  • Perda de peso;
  • Perda de apetite;
  • Alopecia;
  • Inflamações nas articulações.

Diagnóstico

Primeiro, o médico reconhece um ou mais sintomas da doença. Então, o diagnóstico é confirmado com a ajuda de exames de sangue e urina. Não há nenhum exame específico para a definição do lúpus (LES), mas o método FAN (fator ou anticorpo antinuclear) permite ter um diagnóstico claro. 

Tratamentos

De acordo com os especialistas, como o lúpus (LES) é uma condição que pode atingir muitos órgãos e também varia de gravidade, os tratamentos são diversos. Por exemplo, em casos de sintomas leves, protetores solares ou cremes podem tratar a doença.  

Já em situações mais graves, é necessário o uso de medicamentos imunossupressores (que modulam a autoimunidade). Assim como no caso de Selena Gomez, o tratamento da doença pode exigir transplantes, como o de rim ou também diálise. 

Perguntas frequentes 

O lúpus (LES) tem cura?

“Não possui cura, mas possui tratamento para controlá-la, assim como ocorre com outras doenças crônicas comuns, ou seja, acompanhamento regular e uso correto de medicações. Dessa forma, é possível alcançar a remissão, estado em que dizemos que a doença está ‘dormindo’ e não ativa”, explica Bunjes. 

Afinal, lúpus (LES) é um tipo de câncer? 

Não. Mesmo que muitas pessoas acabem se confundindo, o lúpus não tem relação com câncer, tumor ou malignidade.

A doença é hereditária?

“O lúpus não é uma doença hereditária, o que significa que não é transmitido diretamente de pais para filhos. No entanto, há famílias com uma predisposição genética para ter lúpus ou outras doenças autoimunes semelhantes”, afirma o biomédico Vivaldo Medeiros.

Outras medidas

Assim como em qualquer outra doença, manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e atividades físicas regulares são hábitos que também contribuem para a melhora do lúpus (LES).

Por fim, os especialistas recomendam fazer o uso correto das medicações prescritas, evitar exposição solar (especialmente entre às 10h e 15h) e cessar o tabagismo como forma de controle para novos surtos da condição. Por fim, não é recomendado abandonar as visitas  médicas, tampouco deixar de fazer todos os exames necessários em casos de suspeita da doença. 

“O diagnóstico do lúpus pode ser algo muito amedrontador para o paciente, pois há muita informação espalhada hoje em dia, algumas confiáveis e outras não. Mas é importante saber que ele pode se manifestar de diferentes maneiras em cada indivíduo. O mais importante é buscar o acompanhamento médico precoce com reumatologista. Atualmente há grande evolução no tratamento e a maioria dos casos alcança a remissão com controle adequado e tratamento correto”, completa a reumatologista Bruna Bunjes. 

Fontes: Dra. Bruna Giusto Bunjes, reumatologista na Imuno Brasil; Vivaldo Medeiros, professor e coordenador do curso de Biomedicina da Estácio.

Sobre o autor

Gabriela Ferreira
Jornalista e Repórter da Vitat.

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