Insulinoma: o que é, principais sintomas e tratamento
O insulinoma é um raro tumor de células beta pancreáticas que expelem insulina, um princípio ativo que tem uma função importante no metabolismo dos açúcares. Para entender melhor sobre esse assunto, nós conversamos com a Dra. Larissa Garcia Gomes, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SP). Confira a seguir!
Leia mais: Dieta para pancreatite: O que comer e o que evitar
O que é insulinoma e quais são as causas
Primeiramente, é importante entender o que é o insulinoma: “são tumores raros, originários das ilhotas pancreáticas, que representam um conjunto de células especializadas do pâncreas, que são produtoras de insulina e outros hormônios”, explica a endocrinologista. Também conhecido como tumor de células ilhotas, esse tipo de tumor aparece na região do pâncreas.
Por produzir insulina em excesso, os efeitos dessa produção causam a diminuição de glicose no sangue, gerando a hipoglicemia. Normalmente, o insulinoma ocorre em 1 a cada 250.000 indivíduos com idade média de 50 anos.
A Dra. Larissa Garcia informa que as causas dos insulinomas esporádicos não são conhecidas. “No entanto, podem estar associadas a algumas síndromes genéticas como Neoplasia Endócrina Múltiplas tipo 1 e síndrome de Von Hippel-Lindau”, complementa. Essa síndrome de Von Hippel-Lindau é hereditária e leva ao surgimento de cistos em todo o corpo, o que pode aumentar as chances de aparecimento do insulinoma.
Principais sintomas do insulinoma
De acordo com a especialista, a característica dos insulinomas é, sobretudo, a hipoglicemia de jejum. “Nesse caso, os pacientes podem apresentar sintomas como tontura, confusão mental, convulsões, podendo chegar à perda da consciência, além de palpitações, transpiração e tremores”, comenta a Dra. Larissa Garcia.
Outros sintomas podem estar relacionados ao insulinoma, como visão turva ou dupla, sensação de fraqueza, irritabilidade excessiva, alterações de humor e desmaio. Além disso, a médica informa que os sintomas do insulinoma, geralmente ocorrem no jejum, em um período maior do que 4 horas após se alimentar.
“Raramente a hipoglicemia dos insulinomas pode acontecer após uma refeição, ou seja, em menos de 4 horas após se alimentar”, completa a endocrinologista da SBEM-SP.
Como é feito o diagnóstico do insulinoma?
Segundo a Dra. Larissa Garcia Gomes, o diagnóstico é realizado pela tríade de Whipple, um dos principais testes de triagem para a análise das potenciais causas da hipoglicemia, que se caracteriza por:
- Presença de sintomas de hipoglicemia.
- Medida da glicose abaixo de 45 mg/dL.
- Reversão dos sintomas após o tratamento.
- Reversão da hipoglicemia.
“Nesse caso, o protocolo de diagnóstico se baseia no teste de jejum prolongado, que pode chegar a 72 horas, a fim de documentar laboratorialmente o evento da hipoglicemia com exames de sangue medindo glicose, insulina, peptídeo C e proinsulina”, complementa a Dra. Larissa Garcia.
A endocrinologista informa que esse diagnóstico consegue demonstrar a produção de insulina mesmo na vigência da hipoglicemia, a fim de confirmar a hipoglicemia mediada por insulina.
Exames principais
Além da avaliação laboratorial, a especialista explica que existem 2 tipos de exames para diagnosticar o insulinoma:
- Método não invasivo: os exames de imagem vão localizar o tumor, que se localiza principalmente no pâncreas por métodos não invasivos, como a tomografia computadorizada e ressonância magnética.
- Método invasivo: com o ultrassom endoscópico ou arteriografia pancreática seletiva com estimulação de cálcio.
O insulinoma é benigno ou maligno?
Quem possui os sintomas ou o diagnóstico do insulinoma se preocupa em saber se esse tumor de células beta pancreáticas é benigno ou maligno. Dessa forma, a especialista tranquiliza que os insulinomas são, na grande maioria dos casos, ou seja, 90% dos casos, benignos, sendo que somente 10% são malignos.
Além disso, 80% dos casos são isolados e podem ser ressecados de maneira curativa ao serem identificados. Sobre os casos de insulinomas malignos, a médica endocrinologista informa que eles podem estar associados a síndromes genéticas. A médica endocrinologista alerta que a hipoglicemia do insulinoma pode levar ao coma e ao óbito e, portanto, o diagnóstico deve ser sempre levantado na vigência de sintomas de hipoglicemia.
Quais profissionais tratam insulinoma?
Se ao sentir os sintomas relacionados com o insulinoma, é necessário procurar um médico oncologista ou endocrinologista para realizar o diagnóstico. Caso o resultado indique o insulinoma, então será necessário começar o tratamento indicado pelo seu médico.
Geralmente, a cirurgia é o tipo de tratamento para o insulinoma, mas essa escolha irá depender do tamanho do tumor. Se o tumor no pâncreas for muito grande, se espalhar para outras partes do corpo ou se o paciente não tiver boas condições de saúde, então o médico pode não recomendar a realização de uma operação. É preciso ouvir a orientação médica e seguir o melhor tratamento indicado pelo especialista.
Tratamentos
Como já dito pela Dra. Larissa Garcia, a maioria dos casos dos tumores do insulinoma são benignos. Além disso, o tratamento cirúrgico também é eficaz de modo geral. Dessa forma, existem diversos tratamentos para o insulinoma, como cirurgia, quimioterapia, medicamentos hormonais e reguladores de insulina, além de ablação e embolização arterial.
“Pacientes com contraindicação à cirurgia, insulinomas malignos, muito grandes e/ou múltiplos podem exigir terapias combinadas com drogas reguladoras da secreção de insulina, quimioterapia, radioablação e/ou embolização para o controle do efeito de massa do tumor”, orienta a endocrinologista.
Tem cura?
Sim, os pacientes com diagnóstico de insulinoma podem ficar tranquilos, pois a maioria dos casos têm cura, de acordo com a médica especialista. “Os insulinomas são em geral pequenos, com menos de 2 cm. O tratamento cirúrgico é a escolha mais comum e curativa, na maioria dos casos”, afirma a Dra. Larissa Garcia.
É possível prevenir contra o insulinoma?
Infelizmente, não é possível prevenir o insulinoma, entretanto, a endocrinologista alerta: “Os indivíduos que possuem risco aumentado ou diagnóstico prévio de síndrome genética associada ao risco de insulinoma, é importante fazer a investigação diagnóstica periódica com um médico especialista”, finaliza a Dra. Larissa Garcia.
Fonte: Dra. Larissa Garcia Gomes, endocrinologista da SBEM-SP.