Hipercalcemia: sintomas, causas e tratamentos
O cálcio é um mineral que influencia no bom funcionamento do nosso organismo, assim como na formação dos ossos e dos dentes, entre outras diversas funções biológicas. No entanto, o nível elevado de cálcio no sangue, chamado hipercalcemia, pode gerar sintomas graves e similares aos dos sintomas do câncer.
O que é hipercalcemia?
A Dra. Roberta Frota Villas Boas, médica endocrinologista do Hospital 9 de Julho/Dasa, explica que a hipercalcemia é o aumento elevado de cálcio no sangue.
Esse mineral se encontra armazenado nos ossos, então apenas 1% do cálcio do nosso corpo circula na corrente sanguínea.
No entanto, quando há o aumento dos níveis de cálcio no sangue, esse quadro pode ser fatal por ser uma comum desordem metabólica associada ao câncer — ocorrendo de 10% a 20% dos pacientes que possuem um tumor maligno.
Causas da hipercalcemia
Segundo a endocrinologista, existem várias causas que podem levar à hipercalcemia. Assim, as mais comuns decorrentes do excesso da produção de um hormônio chamado PTH, ou paratormônio.
“Esse hormônio é produzido por 4 pequenas glândulas chamadas paratiroides (ficam próximas à tiroide, mas não têm a mesma função). O PTH é o principal responsável pelo controle de cálcio no nosso organismo”, complementa a especialista.
Além disso, a médica do Hospital 9 de Julho/Dasa, informa que a presença de alguns tumores que levam a produção de um hormônio semelhante ao PTH (chamado PTH-rp) também eleva o cálcio no sangue.
“Excepcionalmente, também podemos citar a intoxicação por vitamina D que ocorre quando as pessoas ingerem quantidades excessivas”, completa a Dra. Roberta Frota.
Sintomas da hipercalcemia
De acordo com a endocrinologista consultada, a hipercalcemia em quadros leves costuma ser assintomática. Ou seja, a pessoa nem percebe que apresenta hipercalcemia.
Contudo, os sintomas de hipercalcemia geralmente se desenvolvem lentamente e podem ser muito semelhantes aos sintomas do câncer e seus tratamentos.
Pacientes com níveis altos de cálcio no sangue em situações mais graves podem apresentar sintomas como:
- Sonolência excessiva;
- Desidratação (principalmente em idosos e pacientes oncológicos);
- Fraqueza;
- Dor muscular;
- Obstipação intestinal;
- Náuseas;
- Vômitos;
- Cálculo renal (pedra nos rins);
- Perda de apetite;
- Micção frequente;
- Dor de cabeça;
- Depressão;
- Alterações do estado mental, incluindo confusão, desorientação e dificuldade para pensar.
Diagnóstico da hipercalcemia
A médica especialista informa que o diagnóstico da hipercalcemia é realizado através da suspeita clínica (quando há sintomas) e a dosagem de cálcio no sangue.
Portanto, a medição dos níveis de cálcio no sangue é normalmente detectada durante exames de sangue rotineiros.
Se for detectada a hipercalcemia, pode ser necessário realizar outros exames para determinar a causa do alto nível de cálcio no sangue.
Sendo assim, outros exames de sangue e de urina serão realizados. Além disso, há a possibilidade de realizar uma radiografia do tórax e exames genéticos (se estiver procurando por uma causa hereditária).
Tratamentos da hipercalcemia
Os pacientes com hipercalcemia leve ou grave podem ser tratados de várias maneiras: “o tratamento depende dos níveis de cálcio e da saúde geral do paciente”, comunica a endocrinologista.
Se for um quadro mais grave, há necessidade de internação, hidratação venosa e uso de medicamentos específicos, principalmente de uma classe chamada bisfosfonatos, informa a especialista.
Já nos casos leves é indicada apenas hidratação oral, mas a Dra. Roberta Frota sugere a necessidade de se investigar a causa da hipercalcemia e tratá-la: “a cirurgia das paratireoides está indicada em alguns casos”, acrescenta.
Fatores de risco para quem tem nível elevado de cálcio no sangue
Existem alguns fatores de risco para quem tem hipercalcemia. A especialista alerta que a ingestão de pouco líquido e desidratação são alguns deles, por exemplo.
“Outro fator é o uso indevido de suplementos vitamínicos e minerais sem orientação médica”, adverte a médica endocrinologista.
A hipercalcemia também afeta a saúde bucal
Pessoas com diferentes tipos e quadros de hipercalcemia também podem apresentar problemas relacionados a sua saúde bucal.
A presença de níveis elevados de cálcio pode alterar a matriz do dente, calcificações em tecidos moles e sensibilidade dentinária ao morder e mastigar.
Dúvidas frequentes
Quando o cálcio está alto?
Qual o nível de cálcio é considerado alto para ser diagnosticado como hipercalcemia? “Quando a presença de cálcio está acima dos valores normais para a dosagem, em geral, superior a 10,5mg/dl”, indica a endocrinologista do Hospital 9 de Julho/Dasa.
É possível saber a quantidade de cálcio no organismo através da dosagem do exame no sangue. Em pacientes idosos e mulheres na pós-menopausa, uma boa conduta para medir o cálcio é a realização de densitometria óssea, um exame não invasivo que avalia como estão os ossos do paciente em relação à possível fragilidade dos ossos.
No entanto, esse exame não serve para avaliar dor óssea, artrose, entre outros problemas, apenas a tendência à osteopenia e osteoporose.
Faz mal ingerir muito cálcio?
Muitas pessoas ingerem cálcio por meio do consumo do leite e derivados, além do uso da vitamina D.
Esse mineral é fundamental para a saúde óssea, capaz de prevenir doenças como a osteoporose e osteopenia. Mas sua ingestão em excesso pode trazer riscos.
A Dra. Roberta Frota lembra que tudo que é excessivo não é saudável: “deve-se ingerir uma quantidade normal de cálcio, sem suplementar desnecessariamente. No adulto, o consumo ideal gira em torno de 800 a 1000 mg/dia, que equivale a 2 a 3 porções de derivados lácteos por dia”, aconselha.
Como tirar excesso de cálcio?
Antes de definir como reduzir os níveis de cálcio, primeiro há necessidade de se definir o que é e quando há excesso de cálcio, segundo a especialista.
“Uma vez identificado um problema, deve-se tratar de acordo. Por exemplo, se a hipercalcemia decorre de um excesso de produção de PTH, então é preciso tratar esta causa com uma cirurgia, na maioria dos casos”, ressalta.
Quais os alimentos que roubam o cálcio?
É importante lembrar que existem alimentos que “roubam” o cálcio do organismo por conta de substâncias que dificultam a absorção desse mineral.
Algumas substâncias atrapalham a absorção do cálcio, especialmente o café, os refrigerantes (principalmente à base de cola) e o sal em excesso.
“Portanto, é recomendado àquelas pessoas que ingerem suplemento de cálcio que não o consumam junto às refeições, pois isso atrapalha a absorção do mineral”, recomenda a Dra. Roberta Frota.
Fonte: Dra. Roberta Frota Villas Boas, médica endocrinologista do Hospital 9 de Julho/Dasa.