Gravidez ectópica: Sintomas, causas e tratamento
É comum que ocorram mudanças no corpo da mulher durante a gestação. No entanto, alguns sinais de alerta, como dor intensa e sangramento no início da gravidez, podem significar alguma alteração mais grave, como a gravidez ectópica.
O que é gravidez ectópica?
A gravidez ectópica diz respeito à implantação de um óvulo fertilizado em um local inapropriado. Ou seja, fora da cavidade uterina. Assim, é necessário procurar tratamento médico imediatamente. Geralmente, ela ocorre na trompa de Falópio, responsável por transportar os óvulos dos ovários para o útero.
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Tipos de gravidez ectópica
O embrião pode se fixar em diversos lugares: nos ovários, nas trompas, no colo uterino e até mesmo no abdômen. Essa é uma condição rara, cerca de 2% das gestações podem ser ectópicas. Além disso, existem diferentes tipos de gravidez ectópica, conheça os mais comuns:
- Tubária: ocorre em 95% dos casos, e é quando o embrião se desenvolve apenas na trompa.
- Ovariana: é detectada por meio da ultrassonografia e localiza-se perto de um dos ovários.
- Heterotópica: quando o embrião começa a se desenvolver na região entre a trompa e o útero;
- Ectópica intersticial: acontece quando o embrião se desenvolve no segmento intersticial da tuba;
- Cervical: se dá com o desenvolvimento do embrião no colo do útero.
Sintomas
O obstetra e coordenador do setor de Medicina Materno-fetal da Maternidade Brasília, Matheus Beleza, alerta que quando ocorre uma gravidez ectópica, a mulher costuma sentir dor abdominal, sangramento na vagina e cólicas. “Os sintomas podem variar de acordo com cada pessoa e podem acontecer antes ou depois de a estrutura que contém a gravidez ectópica se romper”, completa. Sendo assim, devido ao fato de a menstruação poder ou não estar atrasada, algumas mulheres ainda não sabem que estão grávidas.
Dessa maneira, entre os principais sintomas estão:
- Dor abdominal;
- Sangramento vaginal;
- Desconforto, como se fosse um peso na vagina;
- Dor forte ao apalpar o útero;
- Abdômen inchado.
Causas da gravidez ectópica
A gravidez ectópica é considerada a principal causa de morte materna no primeiro trimestre da gestação, responsável por 9% dos óbitos. Ainda de acordo com um trabalho apresentado recentemente na Faculdade de Medicina de Jundiaí, a incidência é de 1% a 2% nos países industrializados. Além disso, se a mulher já teve uma vez, a chance de ter de novo cresce.
“Após a primeira ocorrência, a recorrência é de cerca de 15%. Ou seja, se houver dois ou mais episódios, essa taxa pode chegar a pelo menos 25%”, explica Rafaela Pescarini Fabricio, aluna do 6º ano da Faculdade de Medicina de Jundiaí, uma das autoras do trabalho.
A gravidez ectópica é, portanto, mais comum em mães que já tiveram a condição. Entretanto, a causa do problema pode estar relacionada a vários fatores:
- Cicatriz cirúrgica na região pélvica;
- Endometriose;
- Gestação em uso de DIU;
- Gravidez precoce (antes dos 18 anos);
- Gravidez tardia (após os 35 anos);
- Gestação ectópica anterior;
- Deformação ou inflamação nas trompas;
- Complicações de ISTs, como gonorreia ou clamídia;
- Tabagismo;
- Malformação das trompas de falópio;
- Gestação após laqueadura das trompas;
- Técnicas de reprodução assistida (como a fertilização in vitro).
Diagnóstico
Muitas mulheres podem ter dúvidas se estão realmente sofrendo com a gravidez ectópica. Por isso, o obstetra explica que o diagnóstico depende de alguns fatores.
“Ele é feito a partir da avaliação dos exames laboratoriais que confirmam a gestação, do tempo esperado de desenvolvimento do embrião e do exame de ultrassonografia, que precisa visualizar o desenvolvimento do feto dentro da cavidade uterina”, explica Matheus.
Exame para detectar gravidez ectópica
A gravidez ectópica pode ser descoberta através de exames de imagem como ultrassonografias, como o ultrassom transvaginal, por exemplo. Além disso, o médico pode solicitar exames de sangue para detectar os níveis de beta-hCG, hormônio produzido pelas células que envolvem o embrião no processo de implantação do útero.
Tratamento
O tratamento para gravidez ectópica depende da avaliação médica e do estágio em que a gestação se encontra. Mas, geralmente, os médicos recomendam um medicamento chamado metotrexato.
Assim, em casos mais graves, quando a gravidez ectópica rompe uma trompa, é necessário realizar uma cirurgia de emergência. Dessa maneira, o procedimento cirurgico é feito através da laparoscopia.
Dúvidas frequentes sobre gravidez ectópica
Causa infertilidade?
Não. De acordo com o Cólegio Americano de Obstetras e Ginecologistas, quando uma mulher passa pela gravidez ectópica, existe mais riscos de ter novamente em uma próxima gestação. Por isso, é essencial estar atento aos sintomas e ter o acompanhamento de um ginecologista ou obstetra durante o período da gravidez.
Prejudica o bebê?
Na verdade, neste tipo de gravidez o feto não sobrevive além dos primeiros meses de gestação, pois não há condições para ele evoluir.
Fonte
Matheus Beleza, obstetra e coordenador do setor de Medicina Materno-fetal da Maternidade Brasília.