Fusarium: o que é, sintomas, transmissão e tratamento
Apesar de ser uma infecção fúngica pouco comum, com alta morbidade e mortalidade, o Fusarium é o segundo fungo mais frequente envolvido em infecções fúngicas, segundo a Pfizer.
O que é Fusarium?
De acordo com o Dr. Claudilson Bastos, infectologista e consultor técnico do Sabin Medicina Diagnóstica, o Fusarium faz parte de uma espécie de fungos oportunistas que causam infecção, geralmente na pele.
Assim, é mais comum em pacientes imunocomprometidos, ou seja, com baixa imunidade, seja devido a doenças hematológicas ou à realização de transplante de medula óssea.
Desse modo, esse fungo pode ser encontrado em ambientes com plantações na forma de esporos, de saprófitas do solo e em patógenos comuns de plantas e cereais.
O que é Fusariose?
Segundo o infectologista, a espécie Fusarium pode causar a Fusariose, uma infecção fúngica disseminada na corrente sanguínea.
“Na pele, esse fungo pode causar rash cutâneo, maculopapular, nódulos dolorosos, mas como dito anteriormente, principalmente em pacientes imunocomprometidos”, comenta.
Em alguns casos, pode acontecer a ocorrência da fusariose disseminada, onde o fungo consegue atingir dois ou mais órgãos, piorando o quadro clínico do paciente.
Além disso, outras regiões do corpo podem ser acometidas pela Fusariose, como as unhas, os olhos ou no interior do abdome.
Causas da fusariose
A Fusariose, conforme a explicação do Dr. Claudilson Bastos, também pode causar sinusite em pacientes diabéticos, além de outras infecções fúngicas.
“O Fusarium, sendo um fungo, pode também causar esse tipo de situação nesses pacientes. Até meningite e abscesso cerebral também podem ter relação com o Fusarium, é raro, mas pode acontecer”, acrescenta.
Ademais, o médico lembra que em casos de infecções osteoarticulares, raramente, o fungo também pode causar artrite fúngica, no caso o Fusarium, dentre outros.
Como ocorre a transmissão da fusariose?
As espécies de Fusarium são patógenos vegetais notáveis amplamente disseminados no solo, no ar, na água e em diferentes substratos orgânicos.
Já foram encontrados mais de 70 espécies que conseguem infectar humanos. Mas algumas ainda não foram nomeadas e identificadas apenas por um código genético. No entanto, a espécie mais frequente de infecção em humanos é o Fusarium proliferatum.
Sendo assim, como as espécies de Fusarium podem ser disseminadas pela natureza, em plantas e no solo, o ser humano pode acabar inalando os esporos presentes nesses ambientes.
Outra forma de infecção é por meio da inoculação direta do fungo, como a consequência de um corte provocado por um galho, por exemplo, resultando na queratite fúngica.
Principais manifestações clínicas do Fusarium
As principais manifestações clínicas de infecções com Fusarium spp. podem acontecer pelos olhos, pele, unhas e seios paranasais. Dessa forma, confira:
- Olhos: ceratite, infecções por lentes de contato e endoftalmite;
- manifestações clínicas: nódulos subcutâneos, possível porta de entrada (após inoculação traumática) e Infecções por feridas (possível porta de entrada);
- Unhas: onicomicose;
- Seios paranasais: possível porta de entrada, Peritonite (após PAC), possível porta de entrada, infecções sistêmicas (culturas sanguíneas podem ser sistêmicas), quase todos os órgãos podem ser afetados, especialmente os pulmões; infecções disseminadas, levando a várias metástases sépticas; infecções de corpo estranho e infecções por cateter.
Quais os sintomas da infecção pelo fusarium?
É importante frisar que os sintomas podem variar conforme a localização do fungo no organismo. Os sinais clínicos desta doença não são específicos. Mas os casos mais comuns podem apresentar:
- febre persistente a diminuição dos níveis de consciência;
- mucosa avermelhada;
- edema nasal;
- palidez;
- descoloração da mucosa;
- rinorreia;
- taquicardia;
- mialgias;
- tosse seca;
- dor torácica pleurítica;
- falta de ar;
- olhos vermelhos;
- lacrimejantes;
- dor nos olhos;
- entre outros.
O que é Fusariose disseminada?
A forma disseminada da Fusariose é uma infecção rara, de difícil diagnóstico, e mesmo com o tratamento específico a evolução costuma ser fatal.
Nesse caso, os pacientes podem desenvolver abscessos cerebrais únicos ou múltiplos, meningite, endoftalmite, coriorretinite, nódulos cutâneos ou fungemia.
Diagnóstico
O nosso especialista consultado explica que o diagnóstico da contaminação pelo Fusarium pode ser feita com a cultura do material, ou seja, do material da lesão da pele, por exemplo.
A cultura pode ser obtida a partir do sangue, LBA (lavado broncoalveolar), seios paranasais ou do tecido contaminado. Assim, a biopsia da pele é uma boa fonte para a cultura.
Além disso, ainda é difícil identificar as espécies de Fusarium sem o uso de ferramentas moleculares.
Quais os tratamentos para Fusarium?
Para o infectologista, o tratamento do Fusarium pode ser feito com os chamados antifúngicos, os medicamentos mais indicados nessas situações.
Assim, é muito importante que o tratamento seja feito precocemente para evitar a progressão para uma infecção mais agressiva ou disseminada.
Além disso, a gestão ideal inclui desbridamento cirúrgico, remoção de catetes venosos e reversão do estado de imunocomprometido.
Devido ao estado imunológico subjacente da população suscetível, mesmo com tratamento antifúngico, a mortalidade é alta, variando de 50% a 80%.
No entanto, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da infecção pelo Fasarium, quando possível, é essencial para a redução das taxas de morbidade e mortalidade.
Fatores de risco
A infecção pelo fungo Fusarium spp. tem relação com fatores de risco do indivíduo, como por exemplo, imunossupressão, tratamento prévio com esteroides e o uso de lentes de contatos.
Além disso, o Dr. Claudilson Bastos lembra que é necessário ficar atento com os pacientes com doenças hematológicas, como leucemia e linfoma, que pode desenvolver infecções por esse fungo.
Como prevenir a Fusariose?
Existem algumas medidas que podem ajudar a prevenir contra a contaminação do fungo Fusarium, são elas:
- Lavar as mãos com água e sabão após exposição ao solo contaminado com o fungo;
- Realizar a lavagem das mãos dos profissionais de saúde que manejam os pacientes contaminados, especialmente aqueles em isolamento;
- Monitorar constante da qualidade do ar e da água para reduzir o número de infecções oportunistas no ambiente hospitalar;
- Limpar e fazer a manutenção do sistema de climatização do ar hospitalar. Ou seja, fazer trocas frequente de filtros e limpeza dos demais componentes, como dutos e forros;
- Controlar a limpeza no sistema de abastecimento de água em hospitais;
- Disponibilizar equipamentos protetores nos olhos, máscara facial, luvas, calçados apropriados e roupas de manga longa aos agricultores e pessoas que trabalham com o manuseio de material proveniente do solo e plantas;
- Cortar as unhas dos pés e mantê-las limpas e aparadas para evitar ferimentos;
- Prevenir a ceratite, evitando ambientes mofados e higienizando as lentes de contato com soluções de limpeza estéreis;
- Lavar as mãos antes da manipulação das lentes de contato;
- Limpar e esterilizar frequentemente os equipamentos relacionados com as lentes de contato.
Fonte: Dr. Claudilson Bastos, infectologista e consultor técnico do Sabin Medicina Diagnóstica.