Fogacho: por que a menopausa causa tanto calor?
A menopausa é um processo biológico que faz parte do envelhecimento da mulher. Dessa forma, caracteriza-se pela interrupção fisiológica dos ciclos menstruais devido ao fim da secreção hormonal dos ovários. O diagnóstico da menopausa é confirmado quando a mulher fica 12 meses consecutivos sem menstruação. Um dos sintomas principais da menopausa é o fogacho. Entenda melhor porque ele acontece e o que fazer para reduzi-lo.
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Fogacho: entenda o sintoma
Um dos sintomas muito comuns neste período são as ondas de calor, conhecidas como “fogachos”. “Caracterizam-se pelo início súbito de um calor intenso, que começa no tórax e progride para o pescoço e face, e que se acompanha frequentemente de ansiedade, palpitações e sudorese”, explica a Dra. Bruna Merlo, Ginecologista da HAS Clínica.
Estima-se que cerca de 80% das mulheres que passam pela menopausa sofra com esse sintoma. Em algumas mulheres, essas ondas de calor são muito mais intensas. Por isso, muitas vezes podem até ser confundidas com febre.
Nesse período, é normal ter dificuldades para dormir ou acordar suada durante a noite, durante os famosos fogachos noturnos. O grande diferencial é que essa onda de calor para repentinamente, dando uma sensação de frio logo em seguida. A boa notícia é que os fogachos não são preocupantes. Eles são apenas reações naturais do corpo humano e fazem parte da vida de qualquer mulher nessa fase.
Como amenizar o fogacho?
Alguns tratamentos para a menopausa ajudam a amenizar os fogachos, como as terapias de reposição hormonal, que ajudam a controlar os níveis de estrogênio e fazer com que essa transição corporal não seja tão turbulenta. Também existem os tratamentos naturais, que podem gerar ótimos resultados. Porém, é preciso ter consciência de que, assim como cada corpo reage de uma maneira diferente à menopausa, cada um também terá diferentes reações nos tratamentos.
Vale lembrar que o fogacho tem tempo determinado para agir e não dura muito. Por isso, é importante verificar o tamanho do incômodo: caso seja pequeno, basta esperar passar. O tratamento mais efetivo é a reposição de estrogênio. Porém, esse tratamento pode ter alguns efeitos adversos e desagradáveis e, portanto, deve ser feito com acompanhamento médico.
Além disso, algumas terapias não medicamentosas também ajudam a amenizar os fogachos, como manter o peso e não fumar, além de evitar bebidas alcoólicas, comidas apimentadas e cafeína, por exemplo. Uma alternativa natural é o consumo da fruta amora negra. Isso porque tanto a frutinha quanto suas folhas contém isoflavona, um fito-hormônio semelhante aos que são produzidos pelos ovários. Assim, as folhas são capazes de diminuir consideravelmente os sintomas do fogacho.
Sintomas da menopausa
Além do fogacho, alterações do padrão do sono também são algumas das queixas das mulheres que entram na menopausa, sobretudo a insônia. Outros sintomas incluem:
- Aumento de peso;
- Ressecamento vulvovaginal;
- Alterações do humor (nervosismo, irritação, tristeza profunda e mesmo depressão);
- Redução da libido (desejo sexual).
“Com o fim da menstruação, há uma diminuição na produção dos hormônios sexuais femininos, o que pode resultar em uma série de mudanças no corpo da mulher, sentidas a curto, médio e longo prazos. A maioria das mulheres poderão apresentar alguns dos sintomas descritos acima durante esse período, contudo, aproximadamente 20 % das mulheres são assintomáticas”, diz a Dra. Merlo.
Já o climatério é a fase da vida em que ocorre a transição do período reprodutivo ou fértil para o não reprodutivo, devido à diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários. “Portanto, a menopausa é um evento dentro do climatério, e representa a última menstruação da vida da mulher”, completa a ginecologista da HAS Clínica.
Como parte dos esforços terapêuticos para a minimização dos sintomas, inclusive o fogacho, bem como outros desconfortos gerados pela menopausa, está a terapia hormonal. Essa deve ser parte de uma estratégia global de tratamento, que inclui também recomendações para a modificação dos estilos de vida (dieta, e exercício físico) e deve ser individualizada e adaptada aos sintomas, bem como a história pessoal e familiar, e às preferências e expectativas da mulher. A terapia de reposição hormonal pode ser administrada na perimenopausa, ou seja, período que antecede a menopausa, e na pós-menopausa.
Exames de rotina após a menopausa
Quanto aos exames de rotina da mulher para esse período, vale lembrar que a recomendação do Ministério da Saúde é que a mamografia de rotina deve ser feita entre os 50 e os 69 anos. Em relação ao exame de Papanicolau, o início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram atividade sexual, e devem seguir até os 64 anos, e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos.
A Dr. Bruna completa essa recomendação explicando que a idade que as pacientes costumam entrar no período de menopausa é entre os 45 a 55 anos, em média. “Assim, a decisão sobre a realização dos exames de mamografia, e Papanicolau deverá ser individualizada, e conversada com o médico ginecologista”.
Como fica a vida sexual?
Uma dúvida muito comum entre as mulheres é sobre a vida sexual nesse período. Afinal, é possível sim ser sexualmente ativa após a menopausa. Contudo, a queda na libido é uma queixa comum no climatério, pois, com a alteração dos níveis hormonais, é comum ocorrer a diminuição do desejo sexual.
“A recomendação é buscar atenção personalizada para cada caso e identificar corretamente as causas da baixa libido. Para o alívio dos sintomas da atrofia genital (ressecamento vaginal), por exemplo, existem tratamentos como o laser vaginal e os cremes hormonais. A fisioterapia pélvica é outra aliada quando o assunto é sexualidade, e reforço do assoalho pélvico”, finaliza a médica da HAS Clínica.
Fonte: Dra. Bruna Merlo, Ginecologista da HAS Clínica.