Febre do Nilo Ocidental: exames detectam o vírus em aves no Piauí

Saúde
23 de Agosto, 2022
Febre do Nilo Ocidental: exames detectam o vírus em aves no Piauí

Pouco falada no Brasil por se concentrar mais em áreas rurais e silvestres, a febre do Nilo Ocidental é uma doença com baixo risco de mortalidade. Contudo, pode ser agressiva com pessoas com idades acima de 50 anos, e possui sintomas bem parecidos com os da dengue. Recentemente, exames indicaram a presença do vírus em aves brasileiras. Entenda.

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O que é a febre do Nilo Ocidental?

A infecção é transmitida por pernilongos contaminados, normalmente da espécie Culex. Então, ao ser picada por um inseto, a pessoa contrai o vírus Flavivirus, que pertence à mesma família dos agentes da dengue e febre amarela. Após a contaminação, o vírus fica incubado de 3 a 14 dias até manifestar os sintomas da doença.

Outras formas de transmissão do vírus

Além do mosquito, a febre do Nilo Ocidental pode ser adquirida por meio de transfusões, transplante de órgãos e durante a amamentação ou gravidez, caso a mãe esteja infectada. Mas todas essas situações são bem raras — a picada continua sendo o principal meio de contágio de pessoas.

Febre do Nilo Ocidental no Brasil

Em julho e agosto deste ano, centenas de pássaros foram encontrados mortos próximo a um poço d’água em cidades do Piauí. Exames preliminares realizados pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Laboratório Central do Piauí (Lacen-PI) detectaram material genético correspondente ao vírus do Nilo Ocidental nos animais, indicando, também, lesões hemorrágicas no cérebro de algumas deles. Agora, o Instituto Evandro Chagas fará análises mais aprofundadas e específicas sobre o ocorrido.

Além disso, na mesma semana, o Instituto Evandro Chagas confirmou o 10º caso da doença no estado. Vale lembrar que, segundo a revista Pesquisa Fapespa, acredita-se que o vírus chegou ao Brasil por volta de 2009, ao examinarem o sangue de cavalos e galinhas da região do Pantanal. Depois de alguns anos, os anticorpos contra o vírus foram descobertos em animais do Nordeste e, em 2015, um homem contraiu a infecção e teve paralisia.

Orientações à população

De acordo com a Diretoria de Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde (Duvas), da Secretaria de Estado da Saúde, a população deve tomar alguns cuidados com as aves silvestres:

  • Não manipular animais encontrados mortos (aves ou equídeos) sem luvas de proteção;
  • Não consumir aves encontradas mortas ou de procedência desconhecida;
  • Utilizar repelentes de mosquitos, além de telas e mosquiteiros nas casas;
  • Utilizar roupas de mangas longas e calças compridas nas atividades ao ar livre a partir do crepúsculo e antes do amanhecer;
  • Evitar focos de criadouros de mosquitos.

Sintomas da febre do Nilo Ocidental

Você já sabe que os desconfortos da infecção são bem similares aos da dengue, o que pode causar confusão antes do diagnóstico médico. No entanto, ao contrário da dengue, os sintomas da febre do Nilo Ocidental são brandos e com menor potencial de letalidade. Na avaliação da Organização Mundial da Saúde (OMS) 80% dos casos são assintomáticos. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que 20% das pessoas infectadas apresentem sintomas muito leves. Por exemplo:

  • Dor nos olhos, na cabeça e nos músculos.
  • Febre alta nos primeiros dias de manifestação dos sintomas.
  • Náusea e vômitos.
  • Exantema (manchas avermelhadas pelo corpo).
  • Falta de apetite.

Complicações da doença

Embora raras, elas acontecem. Assim, as principais vítimas de intercorrências por causa da febre do Nilo Ocidental são indivíduos com mais de 50 anos. Quando progride no organismo, a infecção afeta o sistema nervoso: 1 em cada 150 indivíduos desenvolvem meningite, encefalite ou poliomielite. Dessas enfermidades, a mais comum é a encefalite, que é a inflamação do cérebro e das membranas do órgão. Além disso, casos raríssimos também atingem simultaneamente a medula espinhal e o cérebro (meningoencefalite). Todavia, mesmo com as complicações, o tratamento adequado pode salvar a vida do paciente,

Diagnóstico

A identificação da doença começa a partir do 5º dia após os primeiros sintomas. A princípio, a equipe médica realiza exames laboratoriais para detectar os anticorpos IgM contra o vírus em soro. Às vezes, é necessário utilizar outra técnica para mapear esses anticorpos, chamada LCR, na qual é analisado o líquido cefalorraquidiano. Além disso, a conduta médica pode solicitar outros testes, como o PCR, PRNT e a inibição da hemaglutinação. Por fim, para analisar a saúde do cérebro e medula espinhal, os exames de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética) tornam-se essenciais.

Tratamento da febre do Nilo Ocidental

Ainda não existe um imunizante ou tratamento específico para a enfermidade. Por outro lado, a fim de aliviar os sintomas, o médico pode prescrever analgésicos e antitérmicos para controlar a febre e as dores. Quando a pessoa se encontra debilitada, a internação pode ser necessária para prevenir as complicações no sistema nervoso e quadro de desidratação, comum se houver excesso de vômito e sudorese.

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Referências: Ministério da Saúde; Revista Pesquisa FAPESP; e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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