Varíola dos macacos tem cura? Veja esta e outras dúvidas sobre a doença

Saúde
23 de Novembro, 2022
Varíola dos macacos tem cura? Veja esta e outras dúvidas sobre a doença

O avanço da monkeypox (varíola dos macacos) no Brasil e no mundo tem causado insegurança entre a população. Afinal, o que precisamos fazer para nos proteger? A varíola dos macacos tem cura? Aqui, reunimos as principais dúvidas para você saber tudo sobre a infecção.

Veja também: Brasil confirma dois primeiros casos de monkeypox em bebês

O que é varíola dos macacos?

Embora ainda não saiba qual animal é um reservatório do vírus (isto mesmo, ela não vem, necessariamente, dos macacos), os principais candidatos são pequenos roedores (como os esquilos) das florestas tropicais da África, principalmente na África Central e Ocidental.

De acordo com o Instituto Butantan, a doença é uma zoonose silvestre. Então, o vírus monkeypox infecta animais selvagens primeiro, que em seguida podem contaminar um ser humano pelo contato direto ou pelo consumo de carne contaminada crua. A partir daí, este humano contaminado pode espalhar o vírus entre os seres humanos. Existem duas linhagens de monkeypox: o da África Ocidental e o da África Central (Bacia do Congo). Por razões ainda não completamente esclarecidas, esses vírus saíram de sua área endêmica. Além do mais, como não é mais necessário ter o contato com um animal doente para contrair a infecção, basta ter contato próximo com um indivíduo contaminado (cara a cara, pele a pele, boca a boca) para estar suscetível a contrair a monkeypox.

Por que a doença começou a se espalhar de repente?

Talvez esta seja uma das dúvidas mais comuns. Contudo, não há um consenso sobre a razão do surto atual e a ciência está debruçada sobre o assunto para encontrar respostas. “Além disso, a vacina contra a varíola humana, que protege contra a monkeypox, foi aplicada em 1974.

De lá para cá, a cobertura vacinal foi caindo, o que pode ter contribuído para a disseminação do vírus”, comenta Eduardo Sellan Lopes Gonçales, sócio e infectologista da Infectoria. O especialista ainda pontua um fator importante: o aumento do número de viagens pode favorecer a disseminação da monkeypox e de outras infecções. “É muito fácil uma pessoa contaminada viajar de um lugar para o outro. Sem falar que o contato da população urbana com áreas florestais também pode ter mobilizado a monkeypox”, avalia.

Quanto à possibilidade de mutação do vírus, a OMS e a comunidade científica estão analisando essa hipótese.

Como se transmite a varíola dos macacos?

O contato próximo com alguém doente é tudo que a monkeypox precisa para se espalhar. “A maioria dos casos ocorreu pelo contato com as feridas de quem tem a doença. Outra forma é por meio das gotículas de saliva infectada”, afirma Gonçales. Veja algumas situações que são oportunidade para o vírus:

  • Compartilhar objetos pessoais, como talheres, copos, pratos, toalhas, roupas de cama e calçados.
  • Abraçar, beijar ou ficar muito próximo de pessoas infectadas.
  • Relações sexuais com indivíduos contaminados, devido ao contato muito próximo com gotículas de suor, saliva e possíveis lesões.
  • Tocar em objetos e superfícies com o vírus, e em seguida levar as mãos à boca e olhos.

Quais são os sintomas?

O ciclo de vida do vírus dura entre 5 e 21 dias, e normalmente a manifestação começa no 13º dia. É esse tempo que demora entre o contágio e o aparecimento dos primeiros sintomas da doença. Logo após esse período, os sintomas podem ser febre, falta de ar, dores musculares, fadiga e inchaço nos gânglios. Mas a principal “marca” da doença são lesões na pele em forma de erupções parecidas com as da catapora e da sífilis. Em geral, os sintomas desaparecem entre 7 e 14 dias e sem complicações. Ainda há dois novos sintomas que os cientistas do Reino Unido descobriram: dor no ânus e inchaço do pênis. A pesquisa foi divulgada no The BMJ no final de julho, e contou com a participação de 197 pacientes com varíola dos macacos.

Só homens podem pegar varíola dos macacos?

Apesar da maioria dos casos envolver o público masculino, ele não é o unico. “Não faz nenhum sentido estigmatizar esse grupo. De acordo com as informações que temos até agora, a monkeypox é uma doença de transmissão por contato, não de vetor sexual. Dessa forma, o fator de risco é o contato próximo, que pode acontecer principalmente durante a relação sexual”, esclarece o infectologista. Portanto, qualquer pessoa pode ter a infecção, isto é, mulheres gestantes, pessoas imunossuprimidas e crianças integram o grupo de vulneráveis a complicações.

O vírus pode matar?

De acordo com Gonçales, a letalidade do vírus é baixa, com menos de 1% de casos fatais. Mesmo assim, é importante observar que as taxas de mortalidade em diferentes contextos podem diferir devido a uma série de fatores, como o acesso aos cuidados de saúde. 

Na maioria dos casos, os sintomas da varíola dos macacos desaparecem por conta própria em algumas semanas. Com base no que sabemos de surtos anteriores de varíola dos macacos, bebês recém-nascidos, crianças e pessoas com deficiências imunológicas podem estar em maior risco.

As complicações da varíola dos macacos incluem infecções secundárias da pele, pneumonia, confusão e problemas oculares.

A varíola dos macacos tem cura?

Sim, na grande maioria dos casos a varíola dos macacos tem cura espontânea com o controle médico, e não costuma deixar sequelas depois da infecção. Todavia, alertamos que a doença pode causar complicações variadas, mais brandas ou graves. Por exemplo, as possíveis enfermidades oculares. De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier de Campinas, a monkeypox pode causar nove alterações nos olhos, entre elas a úlcera na córnea, com 4% de chances, e a perda de visão, com 10% nas contaminações primárias e 5% nas secundárias.

Sem quaisquer adversidades, vale relembrar que o ciclo da doença dura aproximadamente 21 dias. Durante esse período, é importante seguir as recomendações médicas e respeitar o isolamento. Como não há um medicamento específico, os especialistas chamam a conduta de “tratamento de suporte”, que consiste no gerenciamento dos sintomas e do estado de saúde da pessoa.

Como se proteger contra a infecção?

Em nota, o Ministério da Saúde recomenda o uso de máscaras para gestantes, puérperas, crianças e pessoas imunossuprimidas, sobretudo em locais com potencial de aglomeração, aeroportos e aviões. No entanto, as recomendações são para todos, visto que a varíola dos macacos afeta qualquer indivíduo. Outras medidas essenciais para a prevenção:

  • Evitar o contato com pessoas suspeitas de contaminação ou confirmadas.
  • Reforçar os cuidados com a higiene, como lavar as mãos e manter o uso do álcool em gel.
  • Não dividir objetos pessoais com outras pessoas.
  • Utilizar preservativo nas relações sexuais.
  • Ao viajar, redobre a cautela e se informe sobre a situação da doença no país de destino.
  • Manter a máscara em locais fechados, como academias e transportes.

Não custa lembrar: você já sabe que a varíola dos macacos tem cura, mas isso não quer dizer que podemos deixar de nos cuidar. Caso tenha qualquer sintoma ligado à doença, busque assistência médica e respeite os cuidados necessários.

Afinal, vai ter vacina para a varíola dos macacos?

No dia 04 de outubro de 2022, o Brasil recebeu o primeiro de lote de vacinas contra a monkeypox. Os imunizantes serão utilizados para a realização de estudos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). É importante ressaltar que as vacinas são seguras contra a varíola humana ou varíola comum. Por isso, o estudo pretende gerar evidências sobre efetividade, imunogenicidade e segurança da vacina contra a varíola dos macacos e, assim, orientar a decisão dos gestores.

A pesquisa terá financiamento do Ministério da Saúde e coordenação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de apoio da OMS. Dessa forma, o objetivo é avaliar a efetividade da vacina Jynneos/MVA-BN®️ contra a varíola dos macacos na população brasileira, ou seja, se a vacina reduz a incidência da doença e a progressão à doença grave. A população-alvo do estudo será de pessoas mais afetadas e com maior risco para a doença. Por fim, a vacinação em massa não é recomendada neste momento.

Referências

 

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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