Enxaqueca: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção

Saúde
12 de Setembro, 2022
Enxaqueca: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção

Basta uma noite mal dormida ou, então, um estresse no trabalho para a enxaqueca prejudicar a rotina de qualquer indivíduo.

Esse desconforto, que atinge tanto homens quanto mulheres, é capaz de alterar a rotina de qualquer pessoa. Prova disso é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a condição no rol de doenças mais incapacitantes.

Mas, afinal, o que é enxaqueca? Além disso, qual é a diferença entre ela e a dor de cabeça e como prevenir? É isso, então, que discutiremos abaixo.

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O que é enxaqueca?

Muitas vezes confundida com outras cefaleias, a enxaqueca é uma doença neurovascular que traz crises frequentes de dor de cabeça latejante e unilateral, mas também podendo ser acompanhadas por náuseas, vômitos e intolerância a sons, luz e cheiros fortes.

Esse desconforto tende a acontecer ocasionalmente, com duração de quatro horas até três dias. Contudo, há casos mais graves em que a frequência pode ser diária.

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Causas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), em grande parte dos casos, uma crise de enxaqueca é causada pelos seguintes sintomas:

  • Jejum;
  • Tensão pré-menstrual;
  • Traumas cranianos;
  • Uso de medicamentos vasodilatadores;
  • Sono prolongado ou noites mal dormidas;
  • Alterações de clima;
  • Exercícios intensos;
  • Estresse e outras alterações de humor;
  • Uso de analgésicos em excesso;
  • Exposição a sons altos, odores fortes ou temperaturas elevadas;
  • Consumo de alimentos como chocolate, laranja, comidas gordurosas e lácteas;
  • Mudanças grandes da pressão atmosférica, como em vôos em grandes altitudes;
  • Privação da cafeína quando há consumo de grandes quantidades de café durante a semana e nenhum no fim de semana.

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A nutricionista Juliana Wille destaca que também há relação entre a obesidade e a enxaqueca.

“Isso porque o excesso de peso pode ter relação com a enxaqueca crônica. Além disso, as pesquisas também indicaram que há relação entre o excesso de peso com maiores ocorrências de crises de enxaqueca e maior intensidade dos seus sintomas.”

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Sintomas

Os sintomas mais comuns da doença são:

  • Dor de cabeça de um lado, intensa e latejante;
  • Sensibilidade à luz, a cheiros e a barulhos;
  • Irritabilidade e agitação;
  • Tontura;
  • Náuseas e vômitos;
  • Sintomas visuais, como pontos luminosos, escuros e linhas antes ou durante as crises;
  • Formigamento e dormência no corpo;
  • Tonturas, sensibilidade a movimentos ou passar mal em viagens de carro, ônibus ou barco.

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Fases da enxaqueca

Normalmente, a enxaqueca passa por quatro fases. São elas: 

  • Pródromo

A primeira fase acontece de um a dois dias antes do início dos sintomas e costuma se manifestar através de falta de energia, assim como mudanças de humor, comportamento e apetite.

  • Aura

É a etapa em que acontecem as alterações na visão, normalmente de cinco minutos a uma hora antes do início da crise.

  • Crise

A crise é a fase mais aguda da enxaqueca, pois traz a dor em nível mais intenso acompanhada por outros sintomas típicos, podendo durar entre três horas a três dias.

  • Pósdromo

Por fim, essa fase acontece quando os sintomas passam a desaparecer e o paciente começa a sentir cansaço excessivo, que pode durar por alguns dias.

Como reconhecer uma enxaqueca

De acordo com a SBCe, nem sempre a pessoa é diagnosticada com todos os sinais da doença. Contudo, o médico consegue descobrir o problema de acordo com o quadro clínico do paciente.

Apesar disso, vale lembrar que a avaliação médica é essencial para descartar outras causas de dor de cabeça antes do tratamento.

Qual a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca?

De acordo com o biólogo e doutor em neurociências Fabiano de Abreu Agrela, nem sempre uma dor de cabeça vai ser enxaqueca.

“Dor de cabeça pode ser na face ou na parte superior do pescoço, e varia em intensidade e frequência. A enxaqueca, por outro lado, é um distúrbio de dor de cabeça muito doloroso, que produz sintomas mais intensos e debilitantes do que as dores de cabeça”, destaca o profissional.

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Outros tipos de enxaqueca

  • Enxaqueca com aura

Nesse tipo de enxaqueca, que ocorre em 20 a 30% das pessoas que têm o quadro comum, o paciente tem alterações na visão, enxergando pontos brancos, flashes de luz ou pontos cintilantes, assim como uma dor de cabeça forte e constante.

O quadro se manifesta mais em mulheres e pode estar associado a um aumento do risco de acidente vascular cerebral isquêmico (AVC).

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  • Enxaqueca crônica

Neste caso, que é mais raro, os sintomas da crise podem se manter por mais de 15 dias. Apesar de não oferecer risco de vida, este quadro pode afetar gravemente a qualidade da vida do paciente.

  • Enxaqueca menstrual

Costuma acontecer dois dias antes até três dias depois da menstruação e acontece porque há alterações hormonais no corpo da mulher durante a TPM.

  • Enxaqueca na gravidez

Assim como na TPM, durante a gestação o corpo da mulher passa por grandes alterações hormonais, podendo levar a crises de enxaqueca mais frequentes, principalmente durante o 1º trimestre.

  • Enxaqueca oftalmológica

Trata-se de uma dor de cabeça causada por problemas de visão bastante comuns: miopia, hipermetropia e astigmatismo. Os sintomas, por sua vez, surgem principalmente após algum esforço visual e se manifestam através da dor acompanhada por vermelhidão ocular.

A doença, contudo, não é tão recorrente, uma vez que atinge cerca de 1% da população mundial, e se distingue das enxaquecas clássicas por afetar a visão e outros sentidos.

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Diagnóstico de enxaqueca

Não existe nenhum exame específico que identifique a enxaqueca. O diagnóstico, portanto, é feito de forma clínica, baseado na avaliação do paciente quanto a seu histórico familiar e às queixas. Ele pode ser feito por um neurologista, psiquiatra ou, então, clínico geral.

Normalmente, a doença é apontada quando há dor acompanhada por três ou quatro dos sintomas mais comuns.

Predisposição à enxaqueca

A enxaqueca tende a ser mais comum nas mulheres, devido às alterações hormonais do ciclo menstrual.

Além disso, pessoas que passam por períodos de muito estresse ou que estão tendo dificuldade para pegar no sono também têm maior tendência a sofrer com o quadro.

O que fazer durante uma crise de enxaqueca?

O biólogo e doutor em neurociências Fabiano de Abreu Agrela lista algumas orientações para serem usadas durante uma crise de enxaqueca:

  • Apague as luzes

Devido ao aumento da sensibilidade à luz e ao som, procure relaxar em um quarto escuro e silencioso, e tente dormir;

  • Experimente compressas

Aplique compressas quentes ou frias na cabeça ou no pescoço. A primeira alternativa tem um efeito entorpecente, que pode atenuar a sensação de dor. Já a compressa quente e as almofadas de aquecimento podem relaxar os músculos tensos. Banhos aquecidos podem ter um efeito semelhante, mas não são recomendados após as refeições;

  • Beba café

A cafeína, sozinha, pode aliviar a dor da enxaqueca nos estágios iniciais ou aumentar os efeitos redutores da dor do acetaminofeno e da aspirina. Contudo, o consumo deve ser em quantidades, porque, caso contrário, o resultado será mais dor de cabeça.

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Como evitar a crise?

O primeiro passo é separar o momento de trabalho e o período de lazer, assim como não estender o sono além do horário usual de acordar e evitar fadiga excessiva.

Além disso, adotar algumas medidas na rotina pode ajudar a evitar as crises de enxaqueca. Veja quais são elas:

  • Praticar atividades físicas por pelo menos 30 minutos, três vezes por semana;
  • Manter uma boa hidratação do corpo, tomando a quantidade de água recomendada;
  • Praticar técnicas de relaxamento, como ioga ou meditação;
  • Dormir pelo menos 8 horas por noite.

O cuidado com a alimentação também não pode ser ignorado. De acordo com a nutricionista Monik Cabral, é importante diminuir o consumo de alimentos ricos em tiramina. A profissional lista, então, quais são os itens que fazem parte desse grupo:

  • Bebidas alcoólicas;
  • Pães ou produtos produzidos com fermento;
  • Queijos envelhecidos;
  • Frutas secas e frutas muito maduras;
  • Feijão verde;
  • Fava;
  • Lentilha;
  • Chucrute;
  • Chocolate;
  • Pimenta;
  • Carne vermelha;
  • Cafeína;
  • Refrigerantes;
  • Carne seca.

No entanto, antes de mudar o seu cardápio, lembre-se de procurar ajuda profissional, uma vez que cada paciente tem sensibilidades particulares.

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Tratamento para enxaqueca

Não existe cura para a enxaqueca, mas existem diferentes tipos de tratamento que podem ser indicados pelo médico para cada caso.

Em geral, além do cuidado com a alimentação, o paciente deve mudar o estilo de vida para hábitos mais saudáveis, como praticar atividade física regularmente.

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O uso de alguns medicamentos, contudo, também pode ser indicado para aliviar os sintomas, sendo os mais comuns:

  • Anti-inflamatórios e analgésicos, como paracetamol ou ibuprofeno;
  • Triptanos, como naratriptano ou zolmitriptano;
  • Antieméticos, como metoclopramida;
  • Corticoides, como prednisona ou dexametasona.

No entanto, recomenda-se sempre consultar um médico antes de fazer uso de qualquer remédio pois, caso contrário, as medicações podem trazer consequências negativas para a saúde.

Por fim, técnicas de relaxamento, como a meditação ou o yoga, também são ótimas contra a enxaqueca, assim como sessões de acupuntura.

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Cirurgia para enxaqueca

As cirurgias para dores de cabeça vem se tornando cada vez mais populares no Brasil e no mundo porque têm o objetivo de sanar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

De acordo com o neurocirurgião Eduardo Quaggio, os procedimentos são indicados somente para pessoas que não apresentam melhora diante das abordagens convencionais.

“Estima-se que os pacientes submetidos à cirurgia, caso não se livrem completamente da dor, tenham ao menos uma significativa melhora na intensidade e na frequência das crises.”

O profissional afirma que a cirurgia busca reduzir a irritação de nervos e os pontos gatilhos de dor, corrigindo o tecido ao redor dessas estruturas e liberando possíveis compressões – ou, então, simplesmente bloqueando e modulando os sinais de dor.

“Os procedimentos mais comuns são dirigidos aos nervos e gânglios envolvidos nas cefaleias e dores faciais — nervo trigêmeo, nervos occipitais e frontais e gânglio esfenopalatino, por exemplo.”

A cirurgia de enxaqueca, portanto, é realizada no hospital, sob anestesia geral ou local, e tem duração entre 20 minutos a uma hora.

“Trata-se de técnicas que vêm sendo aprimoradas há décadas e, diferentemente do que muitos acreditam, na maioria das vezes são intervenções de baixa complexidade e sem contato com o cérebro. Portanto, não há risco de lesões neurológicas graves”, diz o médico.

Recomendações gerais para pessoas com enxaqueca

  • Não pule as refeições, pois o jejum é uma das principais causas da enxaqueca;
  • Evite os alimentos e bebidas que podem levar às crises;
  • Faça atividades físicas regularmente;
  • Siga uma rotina de horários para acordar e dormir;
  • Reserve alguns minutos do seu dia para seu lazer.

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