Dieta cetogênica e carnívora: entenda os processos de emagrecimento que estão em alta
A alimentação desempenha um papel fundamental na rotina diária e na manutenção da saúde, portanto, ela é essencial para promover o bem-estar e prevenir doenças. Entretanto, é muito comum nos depararmos com uma variedade de dietas que estão em alta, como a cetogênica e carnívora, muitas vezes seguidas por celebridades e figuras públicas de grande influência.
Geralmente, o propósito desses regimes alimentares é promover a perda de peso de maneira rápida e quase milagrosa. No entanto, nem sempre são opções saudáveis e benéficas para o corpo. Saiba mais a seguir.
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Dieta cetogênica
Conhecida entre os famosos, a dieta cetogênica consiste em limitar o consumo de carboidratos na alimentação do dia a dia. A quantidade de consumo fica em torno de 20 e 50 gramas por dia. Assim, o restante da alimentação é feito com proteínas magras e gorduras boas. A ideia dessa abordagem é estimular o uso da gordura do corpo como fonte de energia, e assim, emagrecer.
A dieta cetogênica foi desenvolvida para o tratamento de pacientes com epilepsia cujas crises convulsivas não eram controladas o suficiente somente com remédios.
Como funciona?
Para que se atinja níveis altos de corpos cetônicos no sangue (beta-hidroxibutirato) é necessário restringir a quantidade de carboidratos e proteínas na dieta; o que, por sua vez, acaba dificultando o ganho, ou mesmo a manutenção de massa muscular. A associação dessa dieta com atividade física é muito importante para a segurança do paciente justamente por esse motivo.
Vale destacar que um dos maiores danos causados pela maior parte das dietas para perda de peso rápido é a perda de massa muscular. O quadro pode se tornar extremamente difícil de reverter, além de tornar o paciente mais suscetível a outras doenças crônicas, e, é claro, levar à perda de qualidade de vida.
Além dos pacientes com epilepsia, outros pacientes podem eventualmente se beneficiar dessa dieta. Como, por exemplo, pacientes oncológicos e pacientes com retocolite ulcerativa, porém os estudos ainda se encontram em fase muito preliminar.
Dieta Carnívora
A tendência conhecida como “Dieta Carnívora” já acumulou milhares de vídeos e ultrapassou a marca de 1 bilhão de visualizações no TikTok. Esses vídeos promovem um estilo de vida que enfatiza o consumo de alimentos de origem animal. O que inclui carne crua e cozida, ovos e produtos à base de manteiga.
A abordagem exclui frutas, verduras, vegetais, grãos e açúcares do cardápio. Esta tendência se tornou uma espécie de “modo de vida” e alega proporcionar uma perda de peso rápida.
Diferenças e semelhanças entre as dietas: cetogênica e carnívora
A exclusão de alimentos altamente processados e industrializados é um ponto comum entre as duas dietas (cetogênica e carnívora). Como boa parte dos alimentos industrializados é a base de grãos, carboidratos e óleos vegetais, esses tipos de alimentos acabam sendo excluídos em uma dieta carnívora. Por outro lado, se o paciente adota uma dieta carnívora a base de carnes enlatadas ou embutidos, é pouco provável que o paciente tenha qualquer tipo de benefício.
Um outro ponto importante é que a proteína não é o nutriente ideal do ponto de vista de energia. Proteínas in natura requerem um esforço muito maior do organismo para absorção e utilização como fonte de energia. Em geral, as dietas carnívoras requerem o consumo de carnes com alta porcentagem de gordura, ou a adição de manteiga ou gemas de ovos.
Assim como a maior parte das dietas que entram na moda, o ponto forte desta dieta está no fato de ser relativamente simples de aplicar na rotina. Entretanto, os pontos fracos também são comuns às outras dietas: a adesão a médio e longo prazo são muito baixas, e as consequências para a saúde do paciente são impossíveis de se prever individualmente, requerendo acompanhamento com um nutricionista e ou médico nutrólogo, além de exames laboratoriais e de imagem periódicos
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Cetogênica e carnívora: riscos da perda de peso rápida
A perda de peso rápida geralmente pode indicar problemas de saúde. Por exemplo, 1 kg de tecido adiposo contém aproximadamente 9000 calorias, enquanto 1 kg de tecido muscular tem entre 1000 e 1200 calorias.
Portanto, se, mesmo após passada a fase de redução do inchaço, que geralmente ocorre nas duas primeiras semanas de qualquer dieta para emagrecimento, o paciente estiver perdendo mais de um quilo por semana, a chance de o paciente estar perdendo massa magra é alta. Por isso, o acompanhamento médico e nutricional é essencial em qualquer regime.
Fonte: Dr. Daniel Sendai, médico especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Nipo-Brasileiro.