Diagnóstico da fibromialgia: por que é tão difícil identificar a doença?

Saúde
21 de Novembro, 2023
Diagnóstico da fibromialgia: por que é tão difícil identificar a doença?

A fibromialgia, doença que causa dor crônica em diversas partes do corpo, é um desafio quando se trata de diagnóstico. Na busca pela identificação do problema, os pacientes percorrem um longo caminho. Em muitos casos, a síndrome é subdiagnosticada, pois não existem exames específicos para detectá-la.

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Opiniões médicas variam durante o diagnóstico da fibromialgia

A fibromialgia (FM) faz parte do rol de doenças misteriosas para a medicina, pois não existem causas definidas ou estudos com conclusões sobre a origem da enfermidade.

Contudo, sabe-se que a prevalência é mais comum entre mulheres e aumenta conforme a idade. Cerca de 2,5% da população mundial convive com a síndrome — no entanto, o número pode ser maior, visto que muitas pessoas desconhecem o problema.

Quanto ao diagnóstico da fibromialgia, a avaliação costuma ser clínica, por meio de achados e experiências subjetivas do profissional, o que é referido na literatura médica como Fibromialgia clínica (ClinFM). Todavia, este método revela discrepâncias nos resultados, uma vez que o diagnóstico pode variar consideravelmente entre os médicos.

Apesar da importância de analisar os sintomas e queixas do paciente, a experiência médica é essencial para excluir ou considerar as possibilidades de doenças reumáticas autoimunes.

Afinal, diversas doenças podem apresentar um quadro semelhante ao da fibromialgia, muitas vezes preenchendo todos os critérios da CritFM.

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Existe uma forma correta de diagnosticar a enfermidade?

Diante deste contexto, a pergunta faz muito sentido. O especialista e autor do artigo “Cognitive biases in fibromyalgia diagnosis”, publicado na revista científica Joint Bone Spine (p. 105339-105339, 2022), fala sobre o método com base nos critérios, também conhecido como Fibromialgia por Critérios (CritFM), que embasa os estudos na área.

Esta forma de diagnóstico possui base em critérios validados pela pesquisa clínica, por meio de uma pontuação dos sinais e sintomas do paciente. Ou seja, como ele enxerga e sente o que está acontecendo com seu próprio corpo.

Essa etapa é realizada a partir de um questionário. Embora o método seja fundamental para a homogeneização dos doentes com objetivo de pesquisa, ele acarreta falsos positivos e negativos com grande frequência, na prática clínica.

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De acordo com o reumatologista Felipe Mendonça de Santana, os vieses que mais levam ao erro são:

  • Viés de representatividade: estereótipos pré-formados de pacientes com fibromialgia, muitas vezes com características que não integram a doença.
  • Viés de confirmação: assim que o médico forma uma opinião sobre o quadro, ele pode ignorar novas informações que sugerem um diagnóstico diferente de sua conclusão. Dessa forma, os pacientes recebem o diagnóstico de outra doença, mas creem ter fibromialgia.
  • Satisfação da pesquisa: refere-se à tendência de não explorar mais exames ou sintomas. Essa falta de proatividade deixa novas avaliações diagnósticas de lado, que poderiam mudar o curso do raciocínio e tratamento.
  • Momentuma falta de revisão contínua do diagnóstico pode levar ao erro. Como resultado, podem desaparecer alguns sintomas e outros serem descobertos.

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Fonte: Felipe Mendonça de Santana, diretor de operações da Imuno Brasil e reumatologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

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