Covid-19 pode provocar infertilidade e disfunção erétil, apontam estudos

Saúde
20 de Agosto, 2021
Covid-19 pode provocar infertilidade e disfunção erétil, apontam estudos

A cada dia que passa, a comunidade médica descobre novas informações a respeito das sequelas e das complicações causadas pelo coronavírus. Inicialmente, os pesquisadores achavam que a doença era exclusivamente respiratória. Contudo, estudos já descobriram que ela é sistêmica: pode atacar o organismo como um todo. Há quem diga, até, que a Covid-19 pode causar disfunção erétil e infertilidade.

Covid-19 e infertilidade

De acordo com o urologista Geraldo Faria, estudos iniciais já mostraram a presença do vírus nos órgãos reprodutores masculinos, prejudicando, desse modo, a fertilidade. Isso porque o micro-organismo compromete a produção de espermatozoides.

“Da mesma forma, a presença do vírus nos testículos pode lesar as células produtoras de testosterona, desencadeando uma ‘andropausa’ precoce”, explica o especialista. Esses dados, aliás, foram comprovados por um artigo recente publicado na revista científica The Lancet, que analisou o impacto na função testicular de quatro mil pessoas que contraíram a doença.

Por outro lado, um estudo realizado por pesquisadores brasileiros na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), avaliou amostras de tecidos extraídos na autópsia de homens que faleceram com a doença. As lesões testiculares revelaram uma combinação de orquite (infeccção dos testículos), alterações circulatórias e diminuição do número das células produtoras de espermatozoides e de testosterona.

“Os achados permitem concluir que a agressão do coronavírus nos testículos pode resultar em prejuízo na função hormonal e na fertilidade de homens acometidos pela doença”, conclui o médico.

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Covid-19 e disfunção erétil

Além disso, pesquisadores da Universidade de Miami identificaram que a infecção gerada pelo SARS-CoV2 pode ter impacto direto na disfunção erétil — condição que passou a fazer parte da lista das possíveis sequelas da Covid-19. Isso porque presença do vírus foi identificada no tecido cavernoso do pênis, que é a estrutura responsável pela ereção.

“Pacientes que antes não se queixavam de disfunção erétil passaram a relatar uma inibição severa após contrair o vírus. A questão, ainda sem resposta, é se as lesões provocadas pela Covid nos testículos e no pênis são definitivas ou serão revertidas ao longo do tempo”, ressalta Geraldo Faria. Nos homens que apresentaram deficiência hormonal, é possível fazer a reposição de testosterona até que o paciente recupere a capacidade de produção própria.

Já nos casos de disfunção erétil, um dos caminhos é o uso de medicamentos que auxiliam a ereção. Por fim, quem desenvolve a infertilidade precisa apostar em substâncias que estimulem a produção de espermatozoides. Todos os casos, é claro, exigem acompanhamento médico.

“O fato é que ainda não sabemos, ao certo, como trataremos essas complicações. A certeza, contudo, é que estamos frente a sequelas ainda pouco conhecidas e que exigirão que a comunidade médica se debruce, investigue e estude muito nos próximos anos para descobri-las e tratá-las adequadamente”, finaliza o especialista.

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Fonte: Geraldo Faria, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo. Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e membro Internacional da AUA (American Urological Association) e da EAU (European Association of Urology).

Sobre o autor

Amanda Panteri
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em alimentação saudável.

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