Cerclagem uterina: o que é, como é feita e processo de recuperação
Você já ouviu falar na cerclagem uterina? Apesar de ser um procedimento pouco conhecido pelas mulheres, ele é extremamente útil em alguns quadros. Vitat conversou Emybleia de Meneses Amedi, ginecologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) para tirar as principais dúvidas. A seguir, saiba mais sobre a técnica.
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O que é a cerclagem uterina?
É um procedimento que consiste em dar pontos no colo do útero para prevenir um parto prematuro.
Com o avanço da gestação, o colo do útero amolece e afina, principalmente quando o parto se aproxima. Este é um processo natural em que o corpo se mobiliza para o nascimento do bebê.
No entanto, em alguns casos, isso pode acontecer antes do previsto. Dessa forma, a cerclagem evita a prematuridade depois do primeiro trimestre da gravidez.
Como é feita a cerclagem uterina?
Emybleia de Menezes conta que a cirurgia é feita sob anestesia, em centro cirúrgico. “Fazemos pontos no colo do útero para mantê-lo fechado até o final da gravidez”, explica. A princípio, a cerclagem é rápida – dura de 20 a 30 minutos.
Tipos de cirurgia
A princípio, há três maneiras de realizar a cerclagem uterina: via vaginal, laparoscópica e videolaparoscopia.
A do tipo vaginal sutura a falha uterina para fechar o colo do útero. Já a laparoscópica é mais indicada no insucesso de alguma gravidez anterior. Assim, pode ser feita antes da tentativa de engravidar.
Embora a laparoscópica seja mais cara, a paciente pode tentar engravidar naturalmente logo após a recuperação do procedimento — em torno de 1 mês.
Por fim, a cirurgia por videolaparoscopia é uma das mais modernas para corrigir a falha uterina, feita a pelo interior do órgão. Para isso, o médico realiza pequenas incisões no abdômen para inserir os instrumentos que permitem a visualização da cavidade uterina.
Quando fazer a cirurgia?
De acordo com Emybleia, ela é ideal para mulheres com histórico de perdas gestacionais recorrentes tardias ou partos prematuros extremos (entre 21 e 32 semanas).
“Nesses casos, a gestante conta que foi ao hospital devido a um sangramento e sem dor. Contudo, ao ser examinada, apresentou dilatação. Na gestação subsequente, essa história precisa ser contada ao obstetra logo no início. Dessa forma, programamos a cerclagem entre 12 e 16 semanas de gestação”, sugere.
Além disso, a médica afirma que a cerclagem é recomendável até as 24 semanas, caso a situação seja emergencial. Veja outros casos:
- Histórico de aborto espontâneo no segundo trimestre da gestação, incluindo dilatação do colo do útero ou descolamento prematuro da placenta.
- Perda espontânea ou parto prematuro com menos de 34 semanas de gravidez, por conta do colo do útero curto.
- Dilatação do colo do útero durante o segundo trimestre de gravidez.
- Histórico de cerclagem uterina devido à dilatação do colo do útero indolor no segundo trimestre.
- Colo do útero curto, com menos de 25 milímetros, antes das 24 semanas da gestação.
Como se preparar para a cirurgia?
Segundo a especialista, é fundamental esclarecer todas as dúvidas sobre a cirurgia, possíveis complicações e recuperação. “Antes da cerclagem, realizamos um ultrassom para verificar se o feto tem alguma malformação”, acrescenta.
Outros exames podem ser necessários, como avaliação das secreções do colo do útero e a amniocentese para identificar infecções.
Como é o parto após a cerclagem?
A extração dos pontos ocorre assim que a gestante começa a ter contrações de trabalho de parto ou próximo do nascimento, entre 37 e 38 semanas.
Em contrapartida, se o parto for cesariana, não é preciso remover a cerclagem com antecedência — a remoção pode ser feita no dia do nascimento do bebê.
Recuperação da cirurgia
A princípio, a reabilitação da cerclagem é tranquila, de acordo com a ginecologista do HSPE. “A internação dura de 1 a 2 dias para observação da gestante. Nesse meio tempo, fazemos um ultrassom para avaliar o feto e os pontos do colo do útero. Após a alta, a mulher precisa de repouso relativo e seguir abstinência sexual”, explica.
Possíveis riscos da cerclagem uterina
Como todo procedimento cirúrgico possui riscos, as possíveis complicações da cerclagem uterina são o rompimento das membranas amnióticas (bolsa), sangramento vaginal, desenvolvimento de infecção e laceração do colo uterino.
Fonte: Emybleia De Meneses Amedi, ginecologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).