EUA aprovam venda de carne de frango feita em laboratório
Recentemente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em uma decisão inédita, autorizou duas empresas a vender carne de frango cultivada em laboratório.
O órgão revisou e aprovou os processos de segurança alimentar da Upside Foods e da Good Meat, companhias focadas na pesquisa e no desenvolvimento de carnes obtidas diretamente de células animais – isto é, sem precisar criar ou abater os bichinhos. A previsão é que os produtos estejam disponíveis em alguns bares e restaurantes estadunidenses em pouco tempo.
Em novembro de 2022, as empresas já tinham recebido o sinal verde da FDA (espécie de Anvisa americana), mas só agora foram aprovadas as conformidades de suas instalações.
Leia também: Alimentação à base de insetos é rica em proteínas
O que é carne de frango cultivada em laboratório?
Se você ficou curioso sobre o que é uma carne cultivada em laboratório (também chamada de carne in vitro), funciona mais ou menos assim: a partir de células-tronco de animais, os cientistas conseguem reproduzir carne de verdade. Ou seja, você obtém um bife, um hambúrguer ou uma tira de frango sem precisar criar ou abater um ser vivo.
Para que isso seja possível, os pesquisadores retiram células específicas do bichinho ou usam um óvulo já fecundado do mesmo. Depois, transferem essas células para um equipamento denominado biorreator, que contém muitos nutrientes e permite que elas se multipliquem até se transformarem em fibras musculares.
Para você ter uma ideia, são necessárias cerca de 20 mil tiras de tecido muscular para produzir um hambúrguer de 140 gramas.
As pesquisas relacionadas à carne cultivada em laboratório começaram em 2008, e o primeiro hambúrguer feito dessa maneira foi apresentado ao mundo em 2013. Desde então, a ciência vem buscando aprimorar questões como preço (os primeiros experimentos custaram cerca de 250 mil euros), sabor e escala.
Os defensores da tecnologia afirmam que ela pode trazer inúmeras vantagens. Isso porque ela evitaria maus-tratos animais e seria uma alternativa para reduzir os impactos ambientais gerados pela agropecuária. Contudo, as discussões a respeito do assunto ainda estão longe de acabar.
Referência: Agência Fapesp, Bife de Laboratório, 2019.