Câncer de testículo: conheça os sintomas e tratamentos
O câncer de testículo é um tipo raro de câncer que atinge 5% dos homens de todas as idades. No entanto, no grupo abaixo de 35 anos, é o mais comum. De acordo com o Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR), ao todo, são 74 mil novos casos anuais da doença no mundo (35 mil deles entre 15 e 34 anos). Além disso, o Brasil registra a maior incidência da América Latina, com 3,3 mil novos casos anuais.
Segundo a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), a alta prevalência de câncer de testículo em homens jovens e a ausência de câncer de próstata nesta faixa etária reflete o fato que, entre os homens de 15 a 34 anos, a doença supere até mesmo a leucemia. Por outro lado, o câncer testicular, após os 35 anos, passa a ser uma doença rara.
Leia mais: Câncer de pênis: conheça as causas, sintomas e tratamentos
Fatores que aumentam o risco
- Idade: a maioria dos casos ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo o mais comum no mundo na faixa dos 15 aos 34 anos.
- Raça: Os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças.
- Herança genética: Quando há história familiar de câncer de testículo, o risco é aumentado.
- Criptorquidia: Condição na qual o testículo não desceu para o escroto é importante fator de risco. Assim, homens que fizeram cirurgia para corrigir esta condição também têm risco de desenvolver câncer testicular.
- Síndrome de Klinefelter: risco maior também para quem apresenta esse transtorno cromossômico sexual, que é caracterizado por baixos níveis de hormônios masculinos, esterilidade, aumento dos seios e testículos pequenos.
- Vírus da imunodeficiência humana (HIV) e tratamento anterior para câncer testicular também são fatores de risco e requerem maior atenção.
Sintomas do câncer de testículo
- Nódulo pequeno, duro e indolor.
- Mudança na consistência dos testículos.
- Sensação de peso no saco escrotal.
- Dor incômoda no baixo ventre ou na virilha.
- Dor ou desconforto no testículo ou no saco escrotal.
- Crescimento da mama ou perda do desejo sexual.
- Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens.
- Dor lombar.
Detecção precoce do câncer de testículo
A detecção precoce do câncer é a estratégia para encontrar o tumor em fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. Dessa forma, a detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas, mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de testículo traga mais benefícios do que riscos. Portanto, até o momento, ele não é recomendado. Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer possibilita melhores resultados em seu tratamento, por isso, deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas mencionados acima, especialmente o aumento de tamanho, de forma ou textura de testículo.
Tratamento e fertilidade
Mesmo sendo um câncer com baixa mortalidade, é importante fazer o diagnóstico precoce do câncer de testículo, pois aumenta as chances de sucesso do tratamento. “Esse é um dos desafios no Brasil, porque é comum o homem associar qualquer alteração no testículo com alguma doença venérea ou trauma recente”, afirma Gustavo Cardoso Guimarães, cirurgião oncológico .
O especialista explica que a abordagem terapêutica é definida caso a caso. A cirurgia, chamada de orquiectomia, é feita para remover o testículo com uma incisão na virilha. Nesse momento, amostras de tecido são examinadas para determinar o estágio do câncer. Os tumores de testículo do tipo seminoma (o mais comum) são tratados com cirurgia, muitas vezes, associada com radioterapia ou quimioterapia a depender do estadiamento (fase de descoberta da doença).
Em relação à sequelas da cirurgia, pode haver prejuízo da fertilidade. Segundo o médico, danos a função sexual são raros e para a questão estética, no caso de remoção do testículo, há próteses.
Câncer de testítulo e atividade física: entenda a relação
Há um mito que associa o desenvolvimento do câncer de testículo com a atividade física, algo que, no senso comum, é levantado pelo fato que atletas tornaram público o diagnóstico pessoal da doença, observa o cirurgião oncológico.
“É verdade que temos casos de atletas que tornaram público seu diagnóstico de câncer de testículo. Recentemente, por exemplo, tivemos o jogador de futebol Jean Pierre, de 23 anos”, diz. Mas o que esses atletas têm em comum como fator de risco para câncer de testicular, explica Guimarães, é estarem na faixa etária de maior risco para essa doença, entre 15 e 34 anos. “O câncer de testículo é o mais comum no mundo entre os homens nessa faixa etária, superando a leucemia, que é o câncer pediátrico mais comum. Na faixa etária associada com câncer de próstata, por exemplo, os homens já se ‘aposentaram’ como atletas de alto rendimento”, diz.
Fonte: Gustavo Cardoso Guimarães, cirurgião oncológico, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.