Oncofertilidade: o que é e como ajuda quem quer ter filhos?

Saúde
17 de Março, 2022
Oncofertilidade: o que é e como ajuda quem quer ter filhos?

O avanço na tecnologia trouxe novas perspectivas para a medicina. Pacientes com câncer, por exemplo, tiveram aumento na expectativa de vida, além de mais qualidade. Com o surgimento da oncofertilidade, uma nova possibilidade surgiu: a de gerar um bebê. Mas afinal, como isso é possível? Confira a explicação dos especialistas no assunto.

“Saber que é possível constituir família após uma doença como o câncer ajuda, também, na autoestima, especialmente no caso de mulheres diagnosticadas com cânceres ginecológicos, como de mama ou ovários, em que a feminilidade é extremamente abalada. Essa possibilidade – e não garantia – ajuda a percorrer o tratamento de forma mais otimista”, afirma Ligia Dantas, psicóloga e especialista em reprodução humana.

O que é oncofertilidade?

A oncofertilidade é uma nova especialidade multidisciplinar que atua em um curto espaço de tempo – entre a descoberta do câncer e o início do tratamento – e busca preservar os gametas, ou seja, os óvulos e espermatozoides, em mulheres e homens em idade reprodutiva. 

De acordo com o Dr. Alexandre Silva e Silva, médico especialista em cirurgia robótica, a preservação da fertilidade em pacientes com câncer é um tema muito importante, mas depende do tipo de câncer, estágio, entre outros fatores.

“De uma maneira geral, a fertilidade de pacientes diagnosticados com câncer, em casos muito selecionados, pode ser preservada. Se o câncer vem do aparelho reprodutor feminino (colo uterino, corpo uterino, ovários/peritônio), por exemplo, somente há a possibilidade de preservação de fertilidade em estágios iniciais, e após avaliação e discussão de critérios rigorosos”, afirma.

Ainda segundo o especialista, a oncofertilidade leva em conta, ainda, se o câncer não alterou os órgãos reprodutivos. “Alguns tipos de cânceres não acometem o aparelho reprodutor, mas o tratamento quimioterápico pode comprometer a função ovariana e testicular, bem como a fertilidade desses indivíduos”.

“O ganho da preservação da fertilidade nessas pessoas é um olhar pro futuro, um ganho psicológico, de saber que pode existir vida após a doença. A oncofertilidade não oferece garantia, mas sim uma possibilidade. É um ganho não somente para o paciente, mas para toda a família, ja que ter a fertilidade comprometida abala muitos relacionamentos”

Afinal, é possível ter um bebê após o diagnóstico de câncer?

Segundo o Dr. Alexandre, sim. “A coleta e congelamento de óvulos e sêmen mantém vivo o sonho de muitos pacientes diagnosticados e tratados de um câncer. Portanto, a coleta pré-tratamento quimioterápico é uma forma de também preservar a fertilidade nesse grupo de pacientes”, explica.

Leia mais: Congelamento de óvulos: Entenda tudo sobre e veja quem pode fazer

O que fazer em casos em que a gestação não é indicada?

A oncofertilidade ainda é um tema polêmico. Dessa forma, é importante que o especialista saiba informar e orientar grupos de pacientes que não se enquadram nos critérios para preservação da fertilidade após o diagnóstico de câncer, mas que não abrem mão do desejo de gestar um bebê. 

“Essa decisão por si só, pode atrasar ou impedir o tratamento, de forma a permitir a evolução e avanço da doença e comprometendo a sobrevida desses pacientes. Ao optar por abreviar a sua existência em busca desse desejo, o indivíduo ou o casal, devem considerar previamente as consequências de tal decisão”, completa o especialista.

Fonte: Ligia Dantas, psicóloga e especialista em reprodução humana; e Dr. Alexandre Silva e Silva, médico especialista em cirurgia robótica.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

Leia também:

O que é esquizofrenia
Bem-estar Equilíbrio Saúde

O que é esquizofrenia?

Sintomas incluem alucinações e isolamento social

Saúde

Como criar novos hábitos?

Instalando hábitos novos Quando queremos mudar nossa vida fica muito mais fácil focar em instalar novos hábitos do que em eliminar os hábitos antigos. É mais

Saúde

Vamos falar de compulsão alimentar?

Você sabia que 25 a 30% da população mundial está acima do peso? A compulsão alimentar é considerada um distúrbio alimentar caracterizado pela ingestão exagerada de