Câncer de ovário: o que é, sintomas e como tratar

Saúde
03 de Maio, 2022
Câncer de ovário: o que é, sintomas e como tratar

O câncer de ovário é uma das doenças malignas menos comuns. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), anualmente são registrados cerca de 6 mil novos casos da doença. Contudo, sua letalidade é preocupante: entre os cânceres ginecológicos, é o que possui as menores probabilidades de cura, pois sua descoberta ocorre em estágios avançados.

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Causas do câncer de ovário

Segundo Alexandre Rossi, médico responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, algumas condições favorecem o surgimento do câncer de ovário. “Entre os fatores de risco, estão a idade avançada, infertilidade, histórico familiar, fatores genéticos e a obesidade. Por outro lado, estudos indicam que o uso de pílulas anticoncepcionais e as gestações podem ser fatores protetores, reduzindo o risco de desenvolver a doença”, explica. Outras possíveis razões são tabagismo, síndrome do ovário policístico, histórico sem filhos e uso de dispositivo intrauterino (DIU).

A princípio, explica Rossi, o câncer de ovário é uma alteração nas células superficiais do órgão, que apresentam uma série de mutações genéticas que comprometem o funcionamento. Como resultado, essas células demoram mais tempo para se multiplicarem e desempenhar funções como irrigação do tecido. Além disso, o desenvolvimento anormal dessas células resulta em tumores no ovário, com características malignas para se disseminar em outras áreas.

Sintomas

Nos estágios iniciais do câncer de ovário não há sinais específicos. Por isso, muitas mulheres só descobrem que são portadoras da enfermidade na fase avançada, o que reduz as chances de sucesso do tratamento. Conforme a progressão da doença, a mulher sente dor e inchaço abdominal, pélvico, nas costas e nas pernas. Também são comuns:

  • Náuseas.
  • Perda de peso e apetite.
  • Dor durante as relações sexuais.
  • Mudanças no ciclo menstrual.
  • Alterações no funcionamento do intestino.
  • Cansaço sem motivo aparente.

Diagnóstico do câncer de ovário

Normalmente o médico ginecologista avalia o histórico da paciente e realiza um exame pélvico feito no próprio consultório. São introduzidos dois dedos no canal vaginal e ao mesmo tempo, com a outra mão, se apalpa o abdômen na região do útero e dos ovários. Ao localizá-los, o médico insere um espéculo na vagina para visualizar o interior do abdômen e o aspecto dos órgãos. Dependendo do caso, o médico pode fazer uma biópsia no consultório ou encaminhar a paciente a um laboratório, onde são realizados outros exames, tais como:

  • Ultrassom ou tomografia computadorizada do abdome da pelve.
  • Exames laboratoriais, sobretudo um específico para identificar a proteína AC 125, que se concentra sobre as células cancerígenas.

Com o resultado em mãos, inclusive o da biópsia, é possível determinar o estágio do câncer de ovário, que normalmente é dividido em quatro fases. A primeira consiste no câncer localizado apenas em um ou em ambos os ovários; e os demais indicam que o câncer se espalhou em outras áreas da pelve e abdômen, sendo que o último atinge outros órgãos como o fígado.

Tratamento

Infelizmente a maioria das mulheres descobre a condição em estágios mais avançados, em que se afetou outras áreas fora dos ovários. Por isso, o tratamento possui diversas condutas de acordo com a evolução da doença, idade, saúde e desejo da paciente de gerar filhos. Algumas opções:

Cirurgias de remoção

É a alternativa número um para o tratamento, principalmente se a doença estiver somente nos ovários e útero. As opções são histerectomia total, em que são retirados o útero, colo do útero e ovários; salpingo-ooforectomia unilateral, que remove um ovário e uma trompa; e a bilateral, que retira ambos os ovários e trompas. No entanto, se o câncer estiver no estágio inicial e a paciente deseja ter filhos, o médico pode sugerir outras terapias antes de recorrer ao procedimento cirúrgico.

Quimioterapia e radioterapia

Ambas as terapias são uma forma de combater as células cancerígenas e evitar que se espalhem para outras áreas. Em geral, a paciente pode realizar a quimioterapia junto com a radioterapia antes da cirurgia de retirada para reduzir o tamanho do tumor. Após o procedimento, o médico pode recomendar mais algumas sessões, caso as julgue necessárias.

Medicina personalizada

Trata-se de uma técnica que mapeia as mutações no DNA, sobretudo os genes BRCA 1 e 2. Tumores com esse tipo de mutação genética possuem uma resposta diferente e, dessa forma, há uma perspectiva de tratamento mais assertivo, com uso de medicamentos mais eficazes como os inibidores de PARP e menor incidência de reações adversas.

Formas de manter a saúde física e mental durante o tratamento

Muitas mulheres sofrem com os efeitos colaterais de um tratamento de câncer e ficam debilitadas física e emocionalmente. Em contrapartida, existem terapias complementares que ajudam a melhorar a disposição e a qualidade de vida nesse período crítico. Yoga, caminhadas, acupuntura, meditação e Pilates podem ser aliados da saúde feminina, desde que sejam liberados pelo médico.

É possível prevenir o câncer de ovário?

O câncer é uma doença imprevisível e pode afetar qualquer pessoa aparentemente saudável. Portanto, não é possível evitar que a enfermidade se manifeste, mas alguns hábitos podem ser determinantes para a prevenção. O estilo de vida continua sendo uma recomendação unânime para se proteger contra problemas de saúde. Dessa forma, seguir uma dieta balanceada, fazer exercícios regularmente e realizar consultas de rotina ajudam a reduzir as chances de se desenvolver um câncer — ou se houver o diagnóstico precoce, há mais chances de cura.

Fonte: Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros; e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.

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