Calprotectina: o que é, para que serve e como interpretar o resultado
Desde março de 2021, um novo teste que auxilia no diagnóstico de doenças inflamatórias entrou para o Rol de Procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde). O exame mede a dosagem de calprotectina fecal e pode ser muito útil no diagnóstico de enfermidades do intestino, por exemplo. Se você nunca ouviu falar sobre o termo, saiba mais a seguir.
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O que é calprotectina?
Para explicar tudo sobre a calprotectina, Vitat conversou com Rafael Sanchez Neto, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Catarina – Paulista.
Segundo o especialista, a calprotectina fecal é uma proteína que desempenha diversas funções. Por exemplo, tem efeito antibacteriano, antifúngico e induz a morte de células adoecidas (apoptose).
“É o marcador principal de inflamações intestinais. Esta proteína está aumentada nas células de defesa que atuam no intestino. Além disso, está intimamente relacionada com atividades inflamatórias intestinais”, acrescenta.
Para que serve o exame de calprotectina?
O diagnóstico de doenças inflamatórias requer exames e testes complementares, incluindo o de calprotectina. Neto destaca que esse marcador evidencia o tipo de inflamação. Por exemplo, doença diverticular do intestino grosso com diverticulite, colites infecciosas ou não, como doença de Crohn e retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI), câncer e cirrose hepática.
“Portanto, quando a calprotectina está alta, precisamos prosseguir na investigação com uma ileocolonoscopia”, comenta.
Quando fazer o exame de calprotectina?
De acordo com Rafael Sanchez, existem sinais e sintomas que indicam a importância da realização desse tipo de exame para diagnóstico. São eles:
- Sangue ou muco nas fezes.
- Dor ou cólica abdominal, principalmente ao evacuar.
- Febre e perda de peso.
- Constipação ou diarreia.
- Falta de apetite, com náuseas e vômitos.
Ao apresentar esses sintomas, o paciente deve procurar um gastroenterologista. Assim, é possível realizar exames que avaliem a saúde do sistema gastrointestinal, como o próprio exame de calprotectina fecal.
Pacientes sem sinais podem fazer o exame?
Mesmo que alguns sintomas orientem a investigação com o exame de calprotectina, alguns pacientes podem simplesmente não os ter.
Então, esses pacientes sem “sinais de alarme” podem ter a investigação guiada pela história clínica e exames como hemograma, exame parasitológico de fezes, provas inflamatórias (VHS e PCR), sorologia para doença celíaca, elastase fecal e calprotectina fecal.
Como é feito o exame de calprotectina?
O exame de calprotectina precisa apenas de uma amostra de fezes enviada ao laboratório de análises clínicas. No entanto, é importante seguir o preparo correto para evitar alterações no resultado do teste.
Portanto, as fezes precisam ser colhidas em um frasco coletor e entregues em um laboratório de análises em até 2h, no máximo. Assim, a análise das fezes pode mostrar se há inflamações no corpo ou não.
Embora seja prático, esse tipo de exame não mostra o que está causando a inflamação, mas serve como um indicador. Nesse caso, o médico irá pedir a realização de outros tipos de exame para identificar a origem da inflamação.
O que significam os resultados da calprotectina?
Neto afirma que existem vários métodos de análise. Então, o resultado varia de acordo com o laboratório e padrão usado. Mas, no geral, os parâmetros são:
- Normal: até 50mg/kg.
- Indeterminado ou sugestivo de doença inflamatória intestinal: 50 mg/kg até 200 mg/kg.
- Positivo ou indicativo de alteração intestinal.
Além disso, o alerta de calprotectina elevada significa a migração dos neutrófilos (células do sistema de defesa do organismo humano) da mucosa intestinal que ocorre durante o processo inflamatório do intestino.
Quais são as vantagens do exame?
O exame de calprotectina possui alta eficácia. Afinal, segundo o especialista, ele serve para realizar o diagnóstico de doenças inflamatórias do intestino e acompanhar a respectiva resposta ao tratamento.
“Ele é um dos principais exames para diagnóstico e acompanhamento do tratamento da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI). Também utilizamos nas patologias inflamatórias intestinais”, acrescenta.
Quais são os tratamentos para a calprotectina positiva?
A príncípio, os possíveis tratamentos dependem exclusivamente do diagnóstico. Cada doença possui suas especificidades, que exigem cuidados individualizados.
Calprotectina pode ser um indício de câncer?
Embora muitas pessoas associem a calprotectina como uma evidência para um câncer, não é um julgamento verdadeiro. “A calprotectina é apenas um exame para diagnosticar e acompanhar doenças inflamatórias intestinais”, finaliza o cirurgião.
Fonte: Rafael Sanchez Neto, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Catarina – Paulista.