Bruxismo: será que você tem? Veja principais tratamentos
Será que você tem bruxismo, e não sabe? O bruxismo é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, sendo muitas vezes subestimada por seus portadores até que os sintomas se tornam mais severos. O problema é que a falta de conhecimento sobre o assunto pode dificultar o diagnóstico e o tratamento, o que leva a complicações de saúde dental e muscular. Saiba mais a seguir!
O que é bruxismo
O bruxismo é caracterizado pelo ato involuntário de ranger ou apertar os dentes, geralmente durante o sono, mas também pode ocorrer ao longo do dia. A condição pode ser classificada em dois tipos principais:
- Bruxismo do sono: ocorre durante o sono e, por isso, muitas vezes, a pessoa não está ciente de que está rangendo os dentes;
- Bruxismo de vigília: ocorre enquanto a pessoa está acordada, geralmente como um comportamento inconsciente de apertar os dentes durante situações de estresse ou concentração.
Estima-se que 30% da população adulta sofra de bruxismo do sono, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No país, o percentual é ainda maior, chegando a atingir 40% dos brasileiros. Ele pode afetar pessoas de todas as idades, mas é mais comum em adultos jovens.
A condição varia de leve, sem causar problemas significativos, a grave, principalmente se não tratada. No segundo caso, as consequências mais sérias são:
- Desgaste severo dos dentes, levando à necessidade de tratamentos dentários complexos, como coroas ou restaurações;
- Disfunção da articulação temporomandibular (DTM), causando dor crônica e dificuldades na mastigação;
- Dores de cabeça frequentes e desconforto na região do pescoço e ombros, devido à tensão muscular.
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O que causa bruxismo?
As causas exatas do bruxismo ainda não são completamente compreendidas, mas vários fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento. Entre eles, estão:
Estresse e ansiedade
O estresse é uma das principais causas associadas ao bruxismo. Muitas pessoas tendem a apertar os dentes ou ranger durante períodos de maior tensão emocional. Assim, essa torna-se uma resposta inconsciente do corpo, especialmente à noite, quando os mecanismos conscientes de controle estão reduzidos.
Distúrbios do sono
Condições como a apneia do sono, insônia e ronco têm uma forte correlação com o bruxismo. De acordo com alguns estudos, pessoas que sofrem de distúrbios respiratórios durante o sono apresentam maior probabilidade de desenvolver bruxismo noturno.
Problemas odontológicos
Desalinhamentos dentários, como a mordida incorreta (má oclusão), também têm relação com a condição. Isso porque quando os dentes não se encaixam corretamente, o corpo pode tentar compensar o desalinhamento, resultando no hábito de apertar ou ranger os dentes.
Uso de substâncias
O uso de certos medicamentos, como antidepressivos, estimulantes e substâncias como álcool e cafeína, pode aumentar a probabilidade de desenvolver bruxismo. Pesquisas indicam que o consumo excessivo de cafeína e álcool pode agravar os episódios de ranger os dentes durante a noite.
Fatores genéticos
Por fim, o problema tem o seu componente genético. Muitas pessoas que sofrem dessa condição relatam ter familiares que também apresentam o problema.
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Como saber se tenho bruxismo: sintomas
Se você desconfia de que possa estar com bruxismo, o primeiro passo é ficar atento a alguns sinais do corpo que indicam a condição. É claro que esses sintomas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da gravidade e da duração dos episódios, mas eles normalmente incluem:
Desgaste e sensibilidade nos dentes
Um dos sintomas mais comuns é o desgaste dos dentes, que pode ser percebido por meio do encurtamento ou do achatamento das superfícies dentais. Esse desgaste pode expor a dentina, a camada mais interna do dente, resultando em sensibilidade a alimentos quentes, frios ou doces.
Dor na mandíbula e nos músculos faciais
O bruxismo pode causar dores musculares na mandíbula, principalmente ao acordar. Em casos mais graves, pode haver dificuldade em abrir e fechar a boca corretamente devido à sobrecarga nos músculos mastigatórios.
Cefaleia (dor de cabeça)
Muitas pessoas relatam acordar com dores de cabeça, principalmente na região das têmporas. Essa dor está relacionada à tensão muscular gerada pelo ato de ranger ou apertar os dentes durante a noite.
Ruídos
Quem sofre com o bruxismo provavelmente nem percebe, mas pode fazer barulho ao ranger os dentes – muitas vezes, chegando até a atrapalhar o sono de outras pessoas. Normalmente, quem identifica o som são os parceiros que dividem o quarto ou a cama com o paciente, ou até mesmo quem convive com ele durante o dia.
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Diagnóstico do bruxismo
Identificou um ou mais sintomas? Então, é hora de ir atrás de um profissional capacitado para investigar a questão. O diagnóstico geralmente é feito por um dentista, com base nos sintomas relatados pelo paciente e na observação do estado dos dentes. No entanto, em alguns casos, pode ser necessário um exame mais detalhado, especialmente se houver a suspeita de distúrbios do sono associados. Entre os métodos utilizados para diagnosticar o bruxismo, estão:
Exame clínico
O dentista observa sinais visíveis de desgaste nos dentes, sensibilidade dental e problemas na articulação temporomandibular (ATM). Durante a consulta, também pode ser avaliado o alinhamento dos dentes e o estado da mordida.
Polissonografia
Nos casos em que o bruxismo noturno está associado a distúrbios do sono, pode ser solicitado um exame de polissonografia. Esse teste monitora as atividades cerebral, muscular e respiratória durante o sono, ajudando a identificar episódios de bruxismo e distúrbios do sono concomitantes.
Exames de imagem
Radiografias ou tomografias são usadas para avaliar a saúde dos ossos e das articulações faciais, principalmente em pacientes que relatam dor intensa na mandíbula ou suspeita de problemas mais graves na ATM.
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Como tratar o bruxismo?
O tratamento do bruxismo depende da gravidade da condição e das causas subjacentes. O objetivo principal é reduzir a frequência e intensidade dos episódios, além de minimizar os danos aos dentes e aliviar a dor muscular. As opções de tratamento incluem:
Placa de bruxismo
As placas de mordida, também conhecidas como aparelhos orais plásticos ou placas miorrelaxantes, são dispositivos personalizados que se posicionam entre as arcadas dentárias para evitar o contato oclusal durante o sono. Elas são eficazes na proteção dos dentes contra o desgaste causado pelo bruxismo e podem ser usadas tanto à noite quanto, em casos mais severos, durante o dia. Normalmente, são feitas sob medida por dentistas, garantindo um ajuste adequado e confortável.
Se o problema se restringe ao desgaste dentário, existem dispositivos moldáveis pelo calor disponíveis em farmácias que podem ser adaptados em casa. No entanto, é essencial que o paciente faça uma avaliação odontológica antes de utilizar esses produtos, a fim de verificar a gravidade do desgaste e determinar se um dispositivo de venda livre é a solução mais adequada.
Correção de problemas dentários
Se o bruxismo estiver relacionado a problemas de alinhamento dentário, o tratamento ortodôntico pode ser indicado. O uso de aparelhos pode ajudar a corrigir a mordida e reduzir o ranger dos dentes.
Uso de medicamentos
Em algumas situações, ansiolíticos pouco potentes podem ser indicados para ajudar até que uma moldeira noturna esteja disponível. Contudo, é importante ressaltar que esses medicamentos não devem ser utilizados por períodos prolongados devido a potenciais efeitos colaterais e à possibilidade de dependência.
Toxina botulínica (botox)
A aplicação de toxina botulínica nos músculos da mandíbula tem sido usada em alguns casos de bruxismo resistente a outros tratamentos. O botox ajuda a relaxar os músculos responsáveis pelo ranger dos dentes, reduzindo a intensidade dos episódios. Contudo, é importante apontar que o uso não é a primeira escolha de tratamento e possui riscos e efeitos colaterais.
Referências
Manual MSD – Versão Saúde para Profissionais
Ministério da Saúde