Bipolaridade ou borderline? Veja as diferenças entre os transtornos
Quem sofre com bipolaridade ou borderline pode não conseguir o diagnóstico correto com facilidade. Isso acontece porque os dois transtornos mentais são bem similares e frequentemente acabam confundindo o paciente — e muitas vezes até os especialistas. Conheça as diferenças e como ter um diagnóstico de confiança:
De acordo com Fernanda Lima, professora do curso de Psicologia da Estácio, e Mônica Campelo, psicóloga, o transtorno afetivo bipolar (TAB) e o transtorno de personalidade borderline (TPB) são confundidos por apresentarem sintomas parecidos, como impulsividade, dificuldades nos relacionamentos, comportamentos de riscos e, principalmente, instabilidade emocional. Mesmo assim, alguns pontos permitem a difereciação:
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Bipolaridade ou borderline?
A psicóloga Fernanda Lima explica que as diferenças entre os dois transtornos estão presentes na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento (a CID 11, da Organização Mundial da Saúde) e no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (o DSM-5, da American Psychiatric Association). Assim, o transtorno bipolar é classificado como um distúrbio afetivo de humor. Já o borderline é um transtorno de personalidade.
Então, Lima pontua que a principal diferença entre os transtornos está no fato de que no borderline, a instabilidade emocional é um padrão repetitivo. “Eu costumo dizer que a pessoa é instável para sempre. Por outro lado, no transtorno bipolar, a instabilidade oscila menos”, conta.
Diferenças
A especialista dá um exemplo: a pessoa bipolar pode ficar 15 dias na fase maníaca, com sintomas como espontaneidade excessiva, pouco controle do temperamento, gastos exagerados, agitação ou irritação, necessidade de sono reduzida, autoestima muito alta, além de ficar iludida sobre si e suas habilidades.
Mesmo assim, ela volta para o humor normal e depois tem um episódio depressivo que pode durar dias ou meses. No transtorno bipolar, a instabilidade está ligada ao desequilíbrio de neurotransmissores e não há causa aparente, mesmo que tenha origem multifatorial. Já no borderline, a instabilidade emocional está ligada a um fato (por exemplo: o namorado não atender ao telefone), além das questões psicológicas e fisiológicas envolvidas.
“No transtorno de personalidade borderline, há um medo intenso do abandono e um esforço para não perder o amor do outro, há um sentimento permanente de vazio e preocupação com a autoimagem. No TPB, comportamentos de risco, como a automutilação, podem ocorrer a qualquer momento, uma vez que a instabilidade emocional é mais recorrente e constante. Já no transtorno bipolar estes comportamentos de risco são menos frequentes, uma vez que eles tendem a ocorrer apenas no polo maníaco do transtorno”, afirma a psicóloga.
Como confirmar o diagnóstico e tratamento
Os tratamentos para os dois distúrbios são diferentes. Dessa forma, a bipolaridade é tratada com terapia cognitivo-comportamental clássica, e o borderline é tratado com terapia comportamental dialética. Além de, claro, remédios prescritos pelo psiquiatra.
“Um dos critérios marcantes para o diagnóstico dos respectivos transtornos é a verificação do histórico de vida do paciente, bem como a verificação da frequência do humor”, explica a psicóloga Mônica Campelo.
Fazer um autodiagnóstico é muito perigoso, por isso, em qualquer caso o auxílio médico é essencial. Portanto, para não correr riscos, confirme seu caso com um psicólogo ou psiquiatra. Se preferir, consulte mais de uma opinião.
Por fim, vale ressaltar que uma pessoa bipolar também pode ser borderline, assim como um borderline pode ser bipolar. “Essas pessoas não devem ser reduzidas ao transtorno, elas precisam ser acolhidas e precisam ter o tratamento adequado, assim poderão ter uma vida que vale a pena ser vivida, com qualidade”, completa Fernanda Lima.
Fontes:
- Fernanda Lima, professora do curso de Psicologia na Estácio;
- Mônica Campelo, psicóloga.
Bilbiografia:
- Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento — CID 11;
- American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — DSM-5.