Bebida alcoólica na amamentação: pode ou não?

O consumo de bebida alcoólica na amamentação é desencorajado pelos especialistas, principalmente durante os seis primeiros meses de vida do pequeno quando a recomendação é que o bebê esteja em aleitamento materno exclusivo.

“O álcool é uma substância extremamente lipossolúvel, ou seja, ele tem alto grau de absorção por gorduras. Logo, ele entra facilmente nas células que a possuem em sua estrutura, como as mamárias. Assim, as chances desse álcool estar presente no leite materno é muito grande”, explica o pediatra Clay Brites, quem também é neurologista infantil.

A pediatra Patrícia Terrível, membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), defende o mesmo argumento. Ela esclarece que não se indica o consumo de bebida alcoólica durante o aleitamento materno porque cada organismo demora um tempo para digerir a substância.

Dessa forma, torna-se impossível chegar ao intervalo exato que a lactante precisaria ficar sem dar de mamar para que, então, o álcool não esteja mais no leite e não seja passado para o bebê.

A recomendação dos especialistas estende-se até mesmo para quando o pequeno já está vivendo a introdução alimentar no sexto mês de vida. Em outras palavras, recomenda-se que a substância não seja ingerida mesmo quando o aleitamento materno não é mais exclusivo.

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As consequências da bebida alcoólica na amamentação

Dr. Clay explica que as consequências da bebida alcoólica podem ser tanto diretas, ou seja, imediatas, quanto a longo prazo. “O bebê pode ficar mais lento, sonolento bem como irritado, isto é, pode haver uma alteração no comportamento da criança”, exemplifica o neurologista infantil.

A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) também alerta que a substância pode acarretar problemas como sudorese, fraqueza, bem como ganho anormal de peso e diminuição do crescimento linear.

Já as consequências a longo prazo do consumo de álcool na amamentação estão sendo estudadas. “No entanto, já se sabe que a presença da substância em um cérebro em desenvolvimento traz um risco maior dessa criança se tornar dependente no futuro”, esclarece o pediatra.

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O que fazer caso a mãe queira beber mesmo amamentando?

Dessa forma, o consumo da bebida alcoólica durante o aleitamento materno é desencorajado pelos especialistas. Todavia, caso a mãe decida beber mesmo assim, Dra. Patrícia orienta a lactante a retirar o leite materno antes de consumir a substância. Isso porque o bebê que está em livre demanda por acabar precisando mamar logo após a figura materna tomar um drinque.

Além disso, Dr. Clay reforça que a ingestão deve ser de bebidas alcoólicas não destiladas, como cerveja e vinho. “Elas têm um teor alcoólico menor e que normalmente a ingesta acaba sendo baixa. Portanto, o consumo deve ser de forma muito social, isto é, em quantidade pequena”, finaliza o especialista.

Fontes:

• Dra. Patrícia Terrível, pediatra, membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP);
• Dr. Clay Brites, pediatra e neurologista infantil.

Referência:

• Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP)