Conheça os benefícios da atividade física para o coração
Você provavelmente já escutou que a prática regular de atividade física é muito importante para o coração. Mas entender por que a afirmação é verdadeira pode ser um pouco mais complexo, afinal, a relação entre os exercícios e o sistema cardiovascular envolve mais de uma explicação.
Confira, a seguir, tudo o que você precisa saber sobre o assunto:
Benefícios da atividade física para o coração
De acordo com o médico cardiologista Dr Ausonius Sawczuk, do Hospital Albert Sabin, os exercícios feitos de forma repetida e sustentada melhoram a circulação sanguínea do organismo. Isso acontece porque eles estimulam processos como a angiogênese (isto é, a formação de novos vasos), promovendo adaptações dos vasos ao treinamento físico.
Consequentemente, há um melhor e mais eficaz fluxo de sangue para o coração e os outros órgãos e sistemas do corpo. “Assim, podemos perceber um efeito hipotensor após a realização de um treinamento resistido a partir de 30 minutos, e uma redução do risco cardiovascular — ou seja, você diminui as chances de infarto e até morte”, complementa o profissional.
Mas não para por aí. Uma pesquisa¹ da Universidade de São Paulo (USP) feita em 2017 demonstrou que os chamados treinos aeróbicos (correr, pular corda, caminhar, etc) podem proteger o coração de pessoas que já apresentaram algum problema cardíaco. O artigo com os resultados foi publicado com destaque na revista científica Autophagy.
Basicamente, os pesquisadores descobriram que o treinamento aeróbico facilita a remoção das mitocôndrias “defeituosas” nas células cardíacas por meio de um processo denominado autofagia.
As mitocôndrias são organelas responsáveis por produzir energia, e a eliminação das consideradas “disfuncionais” promoveria um aumento da oferta de ATP (adenosina trifosfato, molécula que armazena energia), assim como reduziria a produção de moléculas tóxicas (radicais livres e aldeídos reativos), que danificam as nossas células quando estão em excesso.
Um trabalho anterior² do mesmo grupo de cientistas já havia mostrado em experimentos com camundongos que a atividade física aeróbica reativa uma espécie de sistema de limpeza de proteínas danificadas do coração, atividade que é reduzida em até 50% nos pacientes com insuficiência cardíaca.
Vantagens dos exercícios vão além do órgão
Além disso, a atividade física promove outras vantagens além das já citadas, que não se limitam ao sistema cardiovascular. Confira algumas:
- Contribuição na prevenção de condições crônicas como diabetes tipo 2, síndrome metabólica e obesidade³;
- Promoção do bem-estar com a liberação de hormônios que geram a sensação de prazer (endorfina, por exemplo)⁴;
- Melhora da autoestima;
- Reforço do sistema imunológico⁵.
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Como começar?
O Dr Ausonius Sawczuk afirma que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS)⁶ para um adulto é de 150 a 300 minutos de prática moderada a vigorosa por semana, de preferência dividindo esse período entre dias intercalados. No caso de crianças e adolescentes, são indicados 60 minutos de exercícios por dia.
“Mas antes de iniciar um treino novo, é essencial passar por uma avaliação física e cardíaca com um médico. Ele poderá indicar a carga e o tipo de atividade mais recomendados para a pessoa, bem como as possíveis restrições”, aconselha o cardiologista.
Se houver histórico de dores nas articulações, o ideal é também ir a um ortopedista. E, em todos os casos, contar sempre com as instruções de um profissional de educação física, que poderá auxiliar o aluno sobre a correta execução dos exercícios para evitar lesões e o chamado overtraining (excesso de esforço físico que acarreta inúmeros sintomas).
Por fim, apesar de a grande maioria dos estudos já feitos focar nos efeitos dos treinamentos aeróbicos para a saúde cardiovascular, o médico ressalta a importância das práticas de resistência e força (como a musculação) para o coração.
“Hoje, já sabemos que a sarcopenia (fraqueza dos músculos e falta de massa muscular) é uma preditora da mortalidade⁷. E que atividades do tipo musculação (anaeróbicas) também trazem uma proteção cardiovascular⁸.”
A dica final do especialista para potencializar ainda mais esses resultados é adotar bons hábitos de vida, como evitar o abuso de álcool e o tabagismo, priorizar uma alimentação equilibrada e controlar o estresse.
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Fonte:
Dr Ausonius Sawczuk (CRM 185763 SP), médico cardiologista do Hospital Albert Sabin.
Referências:
- [¹] – CAMPOS, Juliane C; et al. Exercise reestablishes autophagic flux and mitochondrial quality control in heart failure. Autophagy, 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28598232/. Acesso em 14/07/2022;
- [²] – CAMPOS, Juliane C; et al. Exercise Training Restores Cardiac Protein Quality Control in Heart Failure. Plos One, 2012. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0052764. Acesso em 14/07/2022;
- [³] – CAROLL, Sean; DUDFIELD, Mike. What is the relationship between exercise and metabolic abnormalities? A review of the metabolic syndrome. Sports Medicine, 2012. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15157122/. Acesso em 14/07/2022;
- [⁴] – HOFFMAN, Martin D; HOFFMAN, Debi R. Exercisers achieve greater acute exercise-induced mood enhancement than nonexercisers. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, 2008. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18226663/. Acesso em 14/07/2022;
- [⁵] – TERRA, Rodrigo; et al. Effect Of Exercise On Immune System: Response, Adaptation And Cell Signaling. Rev Bras Med Esporte, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/CGmwG98hSB4pmV65hgPtZBR/?lang=pt&format=pdf. Acesso em 14/07/2022;
- [⁶] – Physical activity. WHO, 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/physical-activity. Acesso em 14/07/2022;
- [⁷] – XU, Jane; et al. Sarcopenia Is Associated with Mortality in Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis. Gerontology, 2022. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34315158/. Acesso em 14/07/2022;
- [⁸] – SOUSA, Evitom C; et al. Resistance training alone reduces systolic and diastolic blood pressure in prehypertensive and hypertensive individuals: meta-analysis. Hypertens Res, 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28769100/. Acesso em 14/07/2022.