Ansiedade na gravidez: até que ponto ela é normal?

Gravidez e maternidade Saúde
28 de Junho, 2023
Ansiedade na gravidez: até que ponto ela é normal?

A gestação é um período de profundas mudanças na vida de uma mulher. Por isso, é normal (e até certo ponto, esperado) que ela sinta ansiedade durante a gravidez — mesmo se a maternidade for planejada.

Alterações físicas e hormonais, medo de não dar conta, não conseguir amamentar… Muitos são os motivos para o sentimento surgir. Contudo, quando ele passa a ser muito frequente ou intenso, pode prejudicar a saúde do bebê. Saiba mais sobre o assunto e o que fazer para diminuir o problema:

Ansiedade na gravidez é normal?

De acordo com a psicóloga Lizandra Arita, da Clínica Mantelli, é comum que a mulher desenvolva alguns níveis de ansiedade durante a gravidez. Afinal, como já explicado, a época traz muitas mudanças — físicas, emocionais e sociais —, que podem aumentar a sensação de estresse.

“As preocupações com a saúde do bebê, a mudança de identidade, a responsabilidade de cuidar de uma nova vida e as alterações hormonais contribuem para isso”, complementa a especialista.

Contudo, é importante saber distinguir uma ansiedade normal, que é uma reação comum do corpo humano, da ansiedade intensa, que interfere na qualidade de vida ou causa um sofrimento significativo.

“A ansiedade persistente, intensa ou que interfere na capacidade de realizar as atividades diárias pode ser um sinal de um transtorno de ansiedade, uma condição de saúde mental que requer atenção profissional”, afirma a psicóloga. Nesses casos, é essencial buscar ajuda especializada.

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Quais as principais causas?

A Dra Monique Novacek, ginecologista e obstetra da Clínica Mantelli, explica que o medo talvez seja a principal causa do aumento da ansiedade na gravidez. “Medo da nova rotina, do relacionamento com o parceiro, das mudanças no corpo, se ela vai conseguir fazer as atividades que fazia antes, de como as pessoas no trabalho vão encarar esse fato… Principalmente para aquelas que nunca vivenciaram uma gestação, esse é um momento completamente novo”, ela diz.

Além disso, a psicóloga também elenca os fatores que contribuem para a questão:

  • Mudanças Hormonais: “durante a gravidez, o corpo da mulher passa por uma série de mudanças hormonais que podem afetar o humor e os níveis de ansiedade”;
  • Preocupações com a saúde do bebê: “é comum que as futuras mães se preocupem com a saúde e o bem-estar do bebê. Há o medo de possíveis complicações na gravidez, do parto ou de possíveis alterações genéticas no filho”;
  • Mudanças de vida: “a gravidez pode trazer consigo muitos estresses associados, como mudanças financeiras, preocupações com o equilíbrio entre trabalho e família ou até mesmo o estabelecimento de um novo papel como mãe”;
  • Histórico de saúde mental: “se você teve ansiedade ou depressão antes da gravidez, pode ter um risco maior de desenvolver as condições durante ela”;
  • Problemas de saúde: “complicações na gestação, como pré-eclâmpsia ou diabetes gestacional, podem aumentar os níveis de ansiedade devido a preocupações com a própria saúde ou a do bebê”;
  • Falta de apoio: “sentir-se isolada ou sem apoio suficiente de parceiros, familiares ou amigos pode contribuir para o problema.”

Sintomas da ansiedade na gravidez

Os sintomas da ansiedade na gravidez geralmente são semelhantes aos sintomas da ansiedade no geral, mas a psicóloga conta que algumas mulheres podem experimentá-los de forma mais intensa devido às mudanças físicas e emocionais desse período. Os sinais incluem:

  • Preocupações constantes ou excessivas: seja com a saúde do bebê, com o parto ou com a capacidade de ser uma boa mãe, por exemplo;
  • Sentimentos de nervosismo ou tensão, mesmo sem motivo aparente;
  • Problemas de sono: como dificuldade para dormir, acordar no meio da noite e ter pesadelos;
  • Dificuldade de concentração nas tarefas diárias ou sentimento de distração;
  • Sintomas físicos: batimentos cardíacos rápidos ou fortes, respiração rápida ou falta de ar, suor excessivo, tremores ou agitação, dores de cabeça, fadiga ou outros desconfortos;
  • Mudanças repentinas e extremas de humor;
  • Fuga: evitar certas situações ou atividades nas quais a mulher acredita serem prejudiciais (tanto para ela, quanto para o bebê), mesmo que seguras e simples.

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A ansiedade na gravidez pode afetar o bebê?

A ginecologista e obstetra afirma que sim. Isso porque se o problema estiver afetando a qualidade de vida da futura mãe, ela pode apresentar comportamentos prejudiciais ao bebê, como ficar sem comer por muito tempo ou exagerar no consumo de carboidratos refinados e doces.

“Isso aumenta o risco de diabetes gestacional, o que faz com que o fluxo sanguíneo para a placenta seja diminuído”, afirma a Dra Monique Novacek. Aí, as chances de parto prematuro também crescem.

Pesquisas sugerem uma relação entre altos níveis de ansiedade na gestação e problemas no desenvolvimento do feto, baixo peso ao nascer e alterações no desenvolvimento infantil (como questões comportamentais e de aprendizado).

“Durante a gestação, os sentimentos da mãe têm um impacto significativo no desenvolvimento emocional do bebê”, explica a psicóloga.

O que fazer?

A futura mãe precisa conversar com o seu obstetra de confiança e apostar na psicoterapia. Esses profissionais poderão ajudá-la a lidar com a situação e entender se ela precisa ser encaminhada a um especialista que possa receitar medicação para controlar a ansiedade.

Além disso, a ginecologista destaca a importância de alguns hábitos diários. “Cuidados com a alimentação e prática regular de atividade física são essenciais. Isso porque eles ajudam a melhorar os níveis de dopamina e serotonina (hormônios do bem-estar), e diminuem os níveis de cortisol (hormônio do estresse).”

Ela também cita como costumes que contribuem para a saúde mental das gestantes ter uma boa noite de sono, conversar com outras mulheres que já passaram por isso, contar com uma rede de apoio sólida e fazer uso de terapias alternativas, como a chinesa, acupuntura, óleos essenciais e massagens.

Para facilitar, Lizandra Arita elenca os principais pilares do manejo da ansiedade na gravidez:

  • Psicoterapia: “a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ajuda a identificar e mudar padrões de pensamento negativos que podem estar causando o sentimento”;
  • Apoio de pares: “grupos de apoio ou terapia em grupo podem ser úteis para algumas mulheres, pois oferecem a oportunidade de compartilhar experiências e aprender com outras pessoas que estão passando por situações semelhantes”;
  • Mindfulness e técnicas de relaxamento: “práticas como meditação, yoga, respiração profunda e técnicas de relaxamento podem ajudar a reduzir os sintomas”;
  • Exercícios Físicos: “desde que tenham acompanhamento profissional”;
  • Medicação: “em alguns casos, pode ser recomendada medicação para ajudar a gerenciar os sintomas da ansiedade. No entanto, os benefícios e riscos do uso desses remédios durante a gravidez devem ser cuidadosamente considerados e discutidos com o médico”;
  • Cuidados com a saúde mental: “isso pode incluir garantir que você está recebendo nutrição adequada, dormindo o suficiente e evitando álcool, nicotina e outras substâncias.”

Fontes:

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