Parto humanizado: o que é, como funciona e benefícios

Gravidez e maternidade Saúde
16 de Junho, 2023
Parto humanizado: o que é, como funciona e benefícios

Respeitar as vontades da mulher durante o trabalho de parto e lançar mão de todas as ferramentas disponíveis para o seu bem-estar deveriam ser cuidados básicos de todo processo de nascimento, não é mesmo? Contudo, alguns dados mostram que, infelizmente, a coisa não funciona assim: segundo um estudo feito na Universidade Federal do Rio De Janeiro (UERJ), entre 18,3% e 44,3% das gestantes são vítimas de violência obstétrica. É por isso que conceitos como parto humanizado tornam-se tão importantes nos dias atuais. Saiba mais sobre o assunto:

O que é parto humanizado?

De acordo com o médico ginecologista e obstetra Dr Domingos Mantelli, parto humanizado nada mais é do que aquele que respeita a fisiologia do parto. Ou seja, “você deixa o protagonismo do nascimento com a mulher, atendendo as suas vontades”, diz ele.

Assim, a gestante recebe assistência em todas as etapas — tanto pela equipe de saúde que a acompanha, quanto por sua rede de apoio — e em diferentes momentos, sejam eles bons ou ruins (como em situações de abortamento ou no puerpério).

Parto humanizado é só o normal? Precisa ser feito em casa?

Vale ressaltar que o termo “humanizado” refere-se à forma como o procedimento é realizado, e não ao tipo. Portanto, podem ser humanizados a cesárea, o parto normal feito no hospital, o parto feito na banheira, em casa…

O especialista explica que a expressão geralmente é relacionada ao parto normal justamente por ele ser considerado a melhor via de nascimento. “Mas a cesariana também é muito importante, pois salva vidas quando bem indicada”, complementa.

Como funciona

O processo começa ainda no pré-natal e estende-se até o pós-parto. A mulher é preparada desde a gravidez para que ela tenha um melhor entendimento sobre o que deseja na hora do nascimento, além de mais noção sobre quais sensações poderão aparecer depois dele.

A espera pelo bebê tende a ser sempre muito paciente, com profissionais que estejam de acordo com os valores da grávida. Assim, a mãe pode:

  • Escolher a posição que quer parir;
  • Se quer ou não o uso de analgesia;
  • Se deseja ou não um acompanhante no momento do parto;
  • Pedir que a luz esteja baixa no quarto;
  • Decidir a música que quer escutar.

“Eu diria que humanizar é sinônimo de respeitar. Isto é, deixar que a fisiologia do parto aconteça com o mínimo de intervenções possível”, explica o Dr Domingos Mantelli. Além disso, outras práticas são comuns:

  • Estímulo do contato da pele do recém-nascido com a pele da mãe — isso traz vantagens para a formação do microbioma do pequeno, muito importante para a sua imunidade e para a criação do vínculo materno;
  • Amamentação logo nos primeiros momentos estimula a produção de prolactina (hormônio com papel na produção de leite) e de ocitocina (substância que faz o útero contrair e diminui as chances de hemorragia);
  • Aguardar pelo menos três minutos para cortar o cordão umbilical garante um aporte de pelo menos 150ml a mais de sangue para o bebê, líquido rico em células-tronco que previne uma série de alterações, ajuda na manutenção da temperatura do recém-nascido e evita problemas respiratórios;
  • Golden hour: permitir que o bebê tenha a sua primeira hora de vida no colo da mãe, inclusive com a tentativa de amamentação;
  • Não realizar procedimentos desnecessários apenas para acelerar o parto, como a episiotomia (corte no períneo da mulher para ampliar o canal de saída).

Benefícios

Vai contra a violência obstétrica

Infelizmente, a violência obstétrica é um problema muito comum no Brasil. Ela diz respeito a atos de violência (física, psicológica, sexual e negligência) contra a gestante, além da discriminação, da falta de assistência e da indicação de procedimentos sem o devido embasamento científico (como a cesariana e a episiotomia desnecessárias).

Lançar mão de estratégias e ferramentas que previnam esses tipos de abuso é muito importante para evitar traumas, complicações e até falecimentos. Afinal, um parto seguro é direito de toda mãe.

Leia também: Violência obstétrica: o que é, como identificar e como denunciar

Garante um puerpério mais tranquilo

“O puerpério das mulheres que optam pelo parto humanizado tende a ser mais tranquilo”, afirma o médico. E isso por diversos motivos:

  • A mulher tem um melhor respaldo para enfrentar as mudanças emocionais que ocorrem no período;
  • Sem intervenções desnecessárias, o tempo de recuperação do corpo é muito menor;
  • A amamentação pode ser mais efetiva, uma vez que houve estímulos desde o nascimento.

Leia também: Puerpério: o que é, quais as suas fases e cuidados

Gera um vínculo mais forte

Passar a primeira hora da sua existência com a mãe ajuda o bebê na formação do microbioma da sua pele, na regulação da temperatura corporal e no aleitamento, como já explicado.

Ademais, também contribui para que o vínculo afetivo seja reforçado.

Reduz o estresse tanto para a mãe, quanto para o bebê

Com confiança, planejamento e apoio, o momento torna-se mágico e a ansiedade e o estresse são reduzidos. Assim, o parto ocorre da melhor forma possível, e as chances de a mãe ou o pequeno precisarem de medicações são diminuídas.

Fonte: Dr Domingos Mantelli, médico ginecologista e obstetra.

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