Anemia falciforme: o que é, sintomas, causas e tratamento

Saúde
25 de Abril, 2022
Anemia falciforme: o que é, sintomas, causas e tratamento

Você já ouviu falar sobre anemia falciforme? Essa doença precisa de cuidado constante e pode reduzir o tempo de vida quando não tratada. Por isso, neste artigo, nós vamos contar tudo sobre esse tipo de anemia que faz com que os glóbulos vermelhos do sangue fiquem deformados. Saiba mais a seguir!

O que é anemia falciforme?

Para explicar o que é anemia falciforme, conversamos com o Lisandro Ribeiro, médico hematologista na Oncoclínicas Curitiba.  O especialista informa que a anemia falciforme é uma doença genética que causa alteração na forma dos glóbulos vermelhos. “Esta deformidade muda a célula da forma bicôncava para um formato semelhante à foice. Os glóbulos vermelhos são células importantes no transporte do oxigênio para nosso organismo. Quando apresenta essa forma inadequada leva à oxigenação insuficiente e à alteração no fluxo sanguíneo”, afirma.

A origem do nome dessa doença vem da mudança de forma dos glóbulos vermelhos que tinham uma aparência arredondada e elástica, mas passam a apresentar um formato de foice. Ela é uma doença genética hereditária, que causa a deformidade dos glóbulos vermelhos. Segundo o médico, para o indivíduo ser portador desta doença, ele precisa herdar um gene alterado proveniente da mãe e outro alterado proveniente do pai, chamado de herança genética autossômica recessiva. 

Portanto, o portador da anemia falciforme possui o gene SS (ou hemoglobina SS). No entanto, os pais podem não ter a doença, se ambos possuírem o gene AS (ou hemoglobina AS), mas isso é indicativo que são portadores da doença. Sendo assim, os portadores dessa doença passam a ter chances de ter filhos com a doença (25% de chance) ou serem portadores (50% de chance) desse tipo de anemia.

Sintomas da anemia falciforme 

É importante saber que a anemia falciforme pode se manifestar de maneiras diferentes em cada portador da doença. Isso porque alguns podem ter apenas sintomas leves, outros apresentam um ou mais sinais. Além disso, geralmente, os sintomas aparecem na segunda metade do primeiro ano de vida da criança. De acordo com Lisandro, a dor com forte intensidade é o principal sintoma da anemia falciforme.  “As dores são desencadeadas por oclusão de vasos e podemos afetar diversos órgãos (dor abdominal e torácica) e membros (mãos, braços, pernas e pés)”, exemplifica. 

Além disso, o hematologista conta que, muitas vezes, o paciente necessita de internamento para receber analgésicos potentes e hidratação intravenosa: “Durante as crises pode ocorrer piora da palidez cutânea e icterícia (amarelão). Devido aos eventos repetidos de crise vaso oclusiva, o paciente pode apresentar complicações ao longo da vida (cardíaca, renal, pulmonar, neurológica, oftalmológica)”.

Diagnóstico

Quando os médicos suspeitam de anemia falciforme, realizam diversos exames para encontrar o diagnóstico preciso. Segundo o especialista, o diagnóstico da anemia falciforme é feito por um exame de sangue chamado eletroforese de hemoglobina: “este exame permite a detecção das hemoglobinas anormais que caracterizam esta doença (hemoglobina S)”.

Além disso, o screening (rastreamento) do teste do pezinho inclui a pesquisa desta doença, possibilitando um diagnóstico precoce com seguimento adequado ao paciente desde os primeiros meses de vida. Por isso, a importância da realização do teste do pezinho precisa ser reforçada pelos médicos aos pais dos bebês, logo após o nascimento.

Leia também: Menstruação pode causar anemia? Descubra se é mito ou verdade

Riscos

Os tratamentos garantem vida normal às pessoas com anemia falciforme, mas é preciso estar atento às complicações que podem afetar os pacientes, como infecções de repetição, complicações pulmonares, neurológicas, renais, hepatobiliares, oculares, priapismo e úlceras de perna.

Apesar de muitas pessoas associarem a anemia falciforme com a possibilidade de ter leucemia, o médico reforça que não existe nenhuma relação entre essas duas doenças. Além disso, pacientes com anemia falciforme também não possuem nenhuma restrição alimentar para esta doença: “deve-se orientar uma ingestão hídrica de água adequada, como cerca de 3 litros ao dia”, orienta o especialista.

Tratamentos para a anemia falciforme  

Infelizmente, de acordo com o hematologista, não existe maneira de evitar a anemia falciforme, pois essa é uma doença genética.  “Apenas é possível realizar um aconselhamento genético com orientação e screening dos demais membros da família para diagnóstico precoce da doença”, observa o médico. No entanto, é preciso seguir as instruções do médico e colaborar com o tratamento adotando algumas medidas que ajudam a prevenir crises. São elas:

  • manter a carteira de vacinação em dia; 
  • garantir o consumo adequado de líquidos diariamente; 
  • evitar se expor aos extremos de temperatura, como muito calor ou muito frio; 
  • adorar práticas de controle do estresse e da ansiedade
  • fazer exercícios, mas evitar atividades exaustivas.

Além disso, de acordo com o especialista, essa doença crônica pode implicar em possíveis complicações para o paciente.  “Por isso, é imprescindível um acompanhamento precoce e regular com o hematologista, já que pode ser necessário internamento hospitalar para controle de crises de dores e infecções”, alerta o hematologista.

Em alguns casos, ainda é indicado transfusões regulares de hemácias (isquemias cerebrais) ou mais raramente troca das hemácias (eritrocitaférese).  “Um medicamento chamado hidroxiureia é frequentemente utilizado para diminuir as crises vaso-oclusivas. Ele consegue aumentar a hemoglobina fetal e consequentemente diminui a hemoglobina S da anemia falciforme”, lembra o médico.

O tratamento curativo também é possível através da realização de um transplante alogênico de medula óssea. Mas o hematologista avisa que para se realizar este procedimento o paciente necessita de condição clínica que o torna elegível.

Cuidados

Se for constatado ser um portador de anemia falciforme, o profissional informa ser preciso realizar um acompanhamento médico regular desde os primeiros meses de vida. “Isto permite que os pais e a própria criança aprendam a conviver com a doença diminuindo os riscos de morte precoce e das complicações ao longo da vida”, comenta.

Além disso, durante os episódios de crises de dor de forte intensidade ou palidez abrupta deve-se procurar um serviço médico de emergência: “a febre também pode ser um sinal de gravidade, por isso deve ser consultado seu médico imediatamente para orientação adequada”, finaliza. 

Fonte: Lisandro Ribeiro, hematologista na Oncoclínicas Curitiba. Possui graduação em Medicina pela Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (2000). Residência médica em Pediatria e Hematologia pediátrica no Hospital de Clínicas.

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