Conheça as alergias mais comuns e aprenda a cuidar dos sintomas
O corpo humano é uma máquina inteligente que conta com diferentes mecanismos. Ele inclui, aliás, esquemas complexos de defesa que o protegem contra agentes invasores e que compõem o sistema imune. Por conta de seu funcionamento complexo, muitas vezes o organismo pode se confundir, gerando respostas exageradas a elementos que considera “estranhos”, mas que, de maneira geral, não costumam provocar reações adversas. É assim que, em resumo, acontecem as alergias mais comuns, condições que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atingem 35% da população brasileira.
“Existem diferentes mecanismos de alergia. O mecanismo clássico é o IgE mediado, por exemplo, em que há uma resposta ‘errada’ do organismo contra substâncias habituais. Como ácaros, epitélios de animais e alimentos, com a produção de anticorpos específicos da classe IgE. Isso se chama sensibilização. Desse modo, em novos contatos com a tal substância, ocorre uma resposta imunológica com o estímulo de células e a liberação de substâncias que provocam os sintomas”, explica o alergista Alex Eustáquio de Lacerda.
O médico aponta que os sintomas dependem diretamente do tipo de alergia e também da região do organismo que ela afeta. “De forma geral, os sintomas das alergias mais comuns do tipo IgE mediada são manchas vermelhas ou empolamento na pele com coceira; espirros e congestão nasal; lacrimejamento ocular e coceira nos olhos; tosse e falta de ar. Além disso, de forma menos frequente, podem ocorrer sintomas mais graves em um contexto de anafilaxia (reação alérgica grave, de progressão rápida, que pode levar à morte).”
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Alergias mais comuns e seus agentes
- Respiratória (rinite alérgica, asma): é o quadro alérgico que mais afeta a população, sendo ácaros, epitélios de animais, fungos ou mofo, pólen e restos de barata os aeroalérgenos mais frequentes;
- Alimentar: os alimentos mais comuns que provocam alergias são leite, ovos, soja, trigo, amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar;
- Medicamentosa: os Anti-inflamatórios Não Esteroidais (AINEs) e os antibióticos, principalmente da família da penicilina (beta lactâmicos), costumam causar reações alérgicas;
- Dermatite Atópica: essa alergia tem um mecanismo misto que envolve alterações da barreira cutânea associadas a uma possível sensibilização a agentes específicos;
- Dermatite de Contato: está relacionada ao uso de produtos na pele que acabam por desencadear lesões conhecidas como eczema de contato.
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Diagnóstico e tratamentos
Alex comenta que o diagnóstico das alergias mais comuns tem como base a história clínica do paciente. Assim, quando ocorrem sintomas suspeitos, é importante procurar um alergista para avaliar o quadro. “Ele é o profissional capaz de diagnosticar e estabelecer o correto tratamento.”
A partir de uma suspeita clínica, o médico pode optar por uma investigação complementar, que pode ser realizada por testes na pele, exames sanguíneos e testes de provocação. “É importante reforçar que nenhum exame, de forma isolada e sem correlação com história clínica, faz diagnóstico de alergia. Por isso, é fundamental a avaliação, pelo alergista, de qualquer quadro suspeito.”
Outro ponto de destaque é que a alergia, principalmente quadros como asma, dermatite atópica, conjuntivite alérgica, rinite, alergia alimentar e medicamentosa, pode ser grave e comprometer a qualidade de vida. “A anafilaxia é a reação mais grave, com rápida evolução e potencialmente fatal e, por isso, é considerada uma emergência médica”, completa o médico.
As alergias mais comuns não têm cura, ou seja, o tratamento é realizado para controlar os sintomas e prevenir as reações. Isso deve ser feito com uma abordagem multifocal, com exclusão do contato com o agente alérgeno, introdução de medicações específicas (entre eles corticóides tópicos nasais na rinite, anti-histamínicos na urticária e medicações inalatórias na asma) e estabelecimento de um plano de ação em caso de reações mais graves.
Fonte: Alex Eustáquio de Lacerda, alergista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.