Adoçantes podem aumentar risco de doenças cardiovasculares, diz estudo
Um estudo publicado no The British Medical Journal, referência mundial em pesquisas na área da saúde, revelou que os adoçantes podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame.
Liderado por pesquisadores da Universidade de Sorbonne, na França, a pesquisa revelou que há uma “conexão direta” entre a ingestão de três tipos de adoçantes artificiais (aspartame, acessulfame de potássio e sucralose) e a incidência aumentada dessas doenças.
“Nossos achados indicam que esses aditivos alimentares, consumidos diariamente por milhões de pessoas e presentes em milhares de alimentos e bebidas, não devem ser considerados uma alternativa saudável e segura ao açúcar, em linha com a posição atual de várias agências de saúde”, afirmam os cientistas no texto.
Leia mais: Tipos de adoçante: Quais os principais e suas indicações
Detalhes sobre a pesquisa
Para analisar os efeitos dos adoçantes no sistema cardiovascular, o grupo contou com 103.388 voluntários. Eles responderam diversos questionários ao longo dos anos e, periodicamente, deram informações detalhadas sobre sua alimentação. Por exemplo, quais eram os alimentos e bebidas consumidos em dois dias da semana e um dia de fim de semana, especificando quantidades. Essa tarefa se repetiu a cada seis meses. Assim, os pesquisadores consideraram os dois primeiros anos de registros alimentares para estabelecer a dieta padrão dos indivíduos.
Em seguida, a equipe calculou a quantidade de adoçante nos alimentos e bebidas consumidas e quais os tipos de aditivos mais utilizados. Aspartame (57,9%), acessulfame de potássio (29,2%) e sucralose (10,1%) foram as variedades mais presentes. A lista também inclui bebidas adoçadas (52,5%), adoçantes de mesa (30,2%) e produtos adoçados artificialmente (8,2%), como iogurtes.
Então, os cientistas identificaram que 37,1% dos participantes consumiam adoçantes artificiais. Além disso, a média de consumo dessas substâncias nesse grupo era de 42,46 mg por dia, o equivalente a um sachê de adoçante ou a 100 mL de refrigerante diet.
Por fim, os cientistas verificaram a ocorrência de eventos cardiovasculares entre os participantes e se havia maior incidência entre os consumidores de adoçantes. Ao todo, foram registrados 1.502 ocorrências, sendo 730 relacionadas a problemas coronarianos, como infarto do miocárdio e angioplastia. Além disso, houve 777 episódios cerebrovasculares (acidente vascular cerebral e ataque isquêmico transitório).
Assim, eles aferiram um risco relativo 1,09 vez maior de doenças cardiovasculares em geral e de 1,18 para doenças cerebrovasculares entre quem os consumidores de adoçantes. Ainda de acordo com o estudo, o aspartame está associado a maior risco de eventos cerebrovasculares (1,17), ao passo que o acessulfame de potássio e a sucralose elevaram para 1,40 vez e 1,31 vez, respectivamente, o risco de doenças coronarianas.
Pesquisa anterior também indica que adoçantes podem aumentar risco de doenças cardiovasculares
Em março deste ano, o mesmo grupo já havia indicado uma relação entre adoçantes e aumento do risco de câncer. Como consequência, a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou uma revisão sistemática sobre o uso dessas substâncias na dieta de crianças e adultos. Em julho, lançou uma consulta pública para a definição de diretrizes sobre o consumo das substâncias. O atual guia da entidade sobre a ingestão de açúcar, relacionada a questões de saúde pública como obesidade, data de 2015.
Leia mais: Gravidas podem consumir adoçantes? Especialista responde
Fonte: The British Medical Journal