Aborto retido: entenda o que é, como identificá-lo e tratamentos

Gravidez e maternidade Saúde
04 de Outubro, 2022
Bárbara Shibuya Alves
Revisado por
Enfermeira • Coren-SP 752311
Aborto retido: entenda o que é, como identificá-lo e tratamentos

Como o nome dá a entender, aborto retido remete a quando ocorre a perda gestacional, mas o embrião em vez de ser expelido acaba ficando preso dentro do organismo feminino. Dessa forma, é preciso que o médico faça a intervenção para retirá-lo.

De acordo com Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, o processo para entender o aborto retido começa com o diagnóstico da gravidez. Em suma, a paciente tem o atraso menstrual e a confirmação por meio de um teste de gestação (como o beta HCG). “Só que, ao fazer o ultrassom, verifica-se a presença do saco gestacional e do embrião, mas não se observa o coração dele batendo, ou seja, ele parou de se desenvolver”, completa o especialista.

Dessa forma, em condições normais, o organismo iria expelir tanto o saco gestacional quanto o embrião que acabou vindo a óbito. Todavia, no aborto retido, essas estruturas acabam ficando “presas” dentro da paciente.

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As causas do aborto retido

Ainda segundo o especialista, as causas do aborto retido tendem a ser as mesmas do comum. A principal é a alteração genética do feto que o leva a parar de se desenvolver. Já de acordo com Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra membro da FEBRASGO, outro motivo importante é a trombofilia.

“É quando a paciente tem uma alteração do sistema de coagulação e produz microcoagulos que acabam atrapalhando a circulação dentro do útero. Logo, não se leva quantidade suficiente de sangue para o bebê e ele vai a óbito”, explica o especialista.

Dentre as mulheres mais suscetíveis a passarem pelo aborto retido estão aquelas com mais de 37 anos. Isso porque, conforme a idade vai evoluindo, o óvulo envelhece e a paciente produz embriões alterados geneticamente e aumenta-se a chance do abortamento.

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Como o aborto retido é identificado?

Com a retenção tanto do saco gestacional quanto do embrião dentro do organismo da mãe, o aborto retido tende a ser percebido apenas por meio do ultrassom já que a paciente pode vir a não apresentar nenhum sintoma. Inclusive, essa é uma diferença do retido em relação ao aborto comum.

De acordo com o Dr. Geraldo, o que também pode acontecer é a paciente perceber que os sintomas da gestação pararam de acontecer. Ela deixa de sentir a sensação dos inchaços da mama, comum no período da gravidez, por exemplo.

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O que deve ser feito após o diagnóstico

Como dito anteriormente, a partir do momento que o especialista percebe que a paciente está passando por um aborto retido, duas condutas são possíveis. “Primeiro, podemos aguardar um período de 10 a 15 dias porque eventualmente em alguns casos, ela pode eliminar tanto o saco gestacional quanto o embrião naturalmente, em um abortamento completo”, explica Dr. Carlos.

Caso isso não ocorra, parte-se para a segunda forma de lidar com a situação. Em outras palavras, deve ser feito o esvaziamento intrauterino. “No passado, o que mais se realizava era a curetagem para isso. Atualmente, o que usamos muito é o que se chama de AMIU, uma aspiração intrauterina”, detalha o especialista.

A AMIU consiste no uso de como fosse um aspirador, retirando tanto o saco gestacional quanto o embrião que veio a óbito. A vantagem dessa aspiração manual é que ela é um pouco menos agressiva para a paciente em comparação a curetagem.

“Caso ela não faça nenhum tipo de tratamento, pode ficar sujeita a episódios de sangramentos esporádicos e eventualmente risco de infecção intrauterina. Portanto, a partir do momento que fazemos o diagnóstico de que uma gestação que houve um óbito embrionário e a mulher não expeliu esse material, o médico tem que intervir”, finaliza Dr. Carlos.

Fontes:

  • Dr. Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP;
  • Dr. Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra membro da FEBRASGO.

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