Vacina contra o HIV: estudo avalia eficácia do imunizante

Saúde
01 de Dezembro, 2022
Vacina contra o HIV: estudo avalia eficácia do imunizante

O Dezembro Vermelho marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis). Atualmente, cerca de 38,4 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2021, foram identificados 1,5 milhão de novos casos e 650 mil mortes por causas relacionadas ao HIV. Há muitos anos, a prevenção, tratamento e até a cura da doença tem sido motivo de pesquisas e estudos no mundo todo. Dentre os avanços feitos pelos cientistas, está em pauta uma vacina contra o HIV. Entenda melhor.

Leia mais: Tratamento contra o HIV: Qual será o futuro?

Primeiramente: o que é o HIV?

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o causador da Aids, atacando o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. “É como se o vírus atacasse ‘os nossos guardinhas’ que estão prontos para nos defender”, explica o Dr. Gustavo Giavarini, médico da Vitat.

É importante pontuar que ter o HIV não é a mesma coisa que ter Aids. De acordo com o especialista, há muitas pessoas que têm o vírus na corrente sanguínea (soropositivos) que vivem anos sem apresentar sintomas tampouco desenvolver a doença. No entanto, eles podem transmitir o vírus para outras pessoas caso não haja medidas de prevenção adequadas. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações.

Como tem funcionado o estudo sobre a vacina contra o HIV?

De acordo com o site Clinical Trials, que agrupa todos os estudos clínicos em funcionamento no mundo, atualmente existe apenas um sobre a vacina contra o HIV. O estudo em andamento pretende avaliar a eficácia da vacina em indivíduos saudáveis e que são HIV negativos. 

Trata-se de uma pesquisa em fase 3. O Dr. Gustavo, que faz parte o estudo, dá mais detalhes: 

  • O estudo é internacional multicêntrico, ou seja, envolve vários centros de pesquisas, voluntários e pesquisadores mundo afora. 
  • É controlado por placebo, isto é, metade dos indivíduos recebe as 4 doses da vacina, e metade do grupo recebe 4 doses de placebo.
  • É randomizado e triplo-cego. Em outras palavras, os indivíduos são sorteados entre os dois grupos (placebo x vacina), e nem o voluntário ou o pesquisador sabem quem recebeu cada intervenção. Além disso, quem prepara a dose a ser aplicada também não tem contato com os voluntários.

“Quando se fala em geração de evidência para medicamentos, vacinas e intervenções, esse desenho de estudo é o que se mostra mais assertivo. Portanto, tem alta confiabilidade sobre seus resultados”, explica o médico.

Qual é o objetivo do estudo?

O estudo sobre a vacina contra o HIV tem como objetivo avaliar a eficácia do imunizante em pessoas que não têm o vírus e, portanto, estão suscetíveis a contrair a infecção por relação sexual e/ou contato com material biológico de pessoas infectadas.

Dessa forma, o estudo compreende um período de vacinação de 12 meses e um período de acompanhamento de pelo menos 18 meses após a quarta vacinação.

No entanto, de acordo com o Dr. Gustavo, ainda não há resultados preliminares sobre o estudo. Isso porque a pesquisa ainda está em andamento, ou seja, divulgar qualquer tipo de resultado pode prejudicar o seu progresso.

Qual é a importância da vacina contra o HIV?

As vacinas como um todo são de extrema importância para a prevenção de doenças potencialmente prejudiciais à saúde individual e coletiva. Nesse sentido, a vacina para a prevenção do HIV, quando descoberta e aprovada, será um passo gigantesco em prol da saúde mundial. Por enquanto, ainda não há nenhuma vacina como método de prevenção do contágio.

No entanto, conforme explica o especialista, o HIV é um retrovírus que muda com extrema facilidade e de maneira aleatória, o que dificulta – e muito – a produção de vacinas. “O vírus está sempre à frente”, afirma.

Além disso, os estudos clínicos em geral têm a missão de trazer aprendizados sobre determinada doença, de maneira controlada e livre do maior número de viéses possíveis. Mesmo quando os resultados não são como o esperado (como nas vacinas de COVID-19, que não preveniram totalmente a transmissão mas diminuíram a gravidade da doença) eles trazem conhecimentos e representam um avanço da humanidade no combate às doenças.

A vacina contra o HIV impede a contaminação da doença?

“Idealmente, toda vacina é idealizada para previnir o contágio de determinada doença em indivíduos que recebam o esquema vacinal completo. Como vimos durante o COVID-19, algumas vacinas não impediam a contaminação pela doença, mas ‘amenizavam’ a infecção. No jargão médico, diminuíam a progressão da doença. Portanto, idealmente, espera-se que vacinas contra o HIV impeçam o contágio do vírus”, aponta o médico.

Transmissão do HIV

O HIV pode ser transmitido por: 

  • Sexo vaginal, anal ou oral sem camisinha;
  • Uso de seringa por mais de uma pessoa;
  • Transfusão de sangue contaminado;
  • Da mãe infectada para o filho durante a gravidez, parto e amamentação;
  • Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

Por outro lado, tais fatores representam chances praticamente nulas de contaminação, aponta o Dr. Gustavo:

  • Sexo com camisinha;
  • Masturbação a dois;
  • Beijo no rosto ou na boca;
  • Suor e lágrima;
  • Picada de inseto;
  • Aperto de mão ou abraço;
  • Uso de sabonete, toalha ou lençóis de pessoas infectadas;
  • Uso de talheres ou copos de pessoas infectadas;
  • Utilizar o mesmo assento de ônibus;
  • Piscina;
  • Banheiro;
  • Doação de sangue;
  • Pelo ar.

Afinal, como prevenir o HIV?

A forma de prevenção contra o HIV é, sobretudo, o uso de preservativo em relações sexuais. Conforme visto acima, há inúmeras pessoas que têm o vírus e o transmitem sem sequer saberem que têm a doença.

Hoje, pessoas que convivem com HIV realizam tratamentos para controlar a carga viral (quantidade de vírus circulante no sangue) com medicamentos fornecidos de maneira gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diversos estudos realizados com indivíduos com carga viral indetectável (que tomam o medicamento de maneira correta e não tem o vírus circulante) mostraram que a expectativa de vida é muito semelhante àqueles que não têm a doença. Além disso, a taxa de transmissão do HIV em quem tem carga viral indetectável é quase 0.

Por fim, outras medidas de contenção da transmissão são o uso de profilaxia pré exposição e pós-exposição, ambas fornecidas gratuitamente pelo SUS. Para maiores informações sobre este tema, entre em contato com seu médico.

Fonte: Dr. Gustavo Giavarini, médico da Vitat.

Referências:

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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