Como as vacinas são feitas?

Saúde
16 de Março, 2022
Como as vacinas são feitas?

Tomar uma vacina é simples e a aplicação dura poucos segundos. No entanto, antes dela ser, finalmente, utilizada no ser humano, ocorre a produção do imunizante, realizada em inúmeras etapas. O que pouca gente sabe é como as vacinas são feitas, e se surpreenderiam ao descobrir cada uma delas. Entenda!

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Por que precisamos de vacinas?

O corpo tem muitas formas de se defender de bactérias, vírus, parasitas ou fungos, conhecidos como “organismos causadores de doenças”. A pele, as mucosas e os cílios, por exemplo, funcionam como barreiras para evitar que tais agentes entrem no corpo, mas eles não são suficientes. 

Dessa forma, as vacinas contêm partes enfraquecidas ou inativadas de um determinado organismo que desencadeia uma resposta imunitária do corpo. Com elas, o corpo pode produzir o organismo numa versão enfraquecida que não causará a doença na pessoa que recebe a vacina, mas sim fortalecerá o seu sistema imune contra ela.

Como as vacinas são feitas: principais componentes

Segundo a Organização Mundial da Saúde, as vacinas contêm ingredientes que a tornam segura e eficaz. Cada componente tem um propósito específico e é testado durante o processo de fabricação. São eles:

Antígeno: é responsável por gerar uma resposta do sistema imunológico. Pode ser uma pequena parte do organismo causador da doença, como uma proteína ou um açúcar, ou todo o organismo em forma enfraquecida ou inativada. 

Conservantes: impedem que a vacina seja contaminada depois de aberto o frasco. O conservante mais comumo é o  2-fenoxietanol, usado há anos em inúmeras vacinas, pois têm pouca toxicidade em seres humanos. 

Estabilizadores: impedem que ocorram reações químicas na vacina e que os componentes adiram às paredes do frasco. Os estabilizadores podem ser açúcares (lactose, sucrose), aminoácidos (glicina), gelatina e proteínas (albumina humana recombinante, derivados de leveduras). 

Surfactantes: mantêm todos os ingredientes da vacina misturados, impedindo o depósito e a aglutinação dos elementos que estão na forma líquida da vacina.

Resíduos: pequena quantidade de várias substâncias usadas durante a produção das vacinas que não são ingredientes ativos da vacina final.

Diluentes: líquido usado para diluir uma vacina até à concentração correta, imediatamente antes do seu uso. Dessa forma, o diluente mais comum é a água esterilizada. 

Adjuvantes: melhoram a resposta imunológica da vacina, mantendo-a ativa por mais tempo.

Como as vacinas são feitas? 

Tal como acontece com os medicamentos, todas as vacinas passam por longos e rigorosos testes para garantir sua segurança antes de serem, finalmente, aplicadas na população.  Embora com a pandemia de Covid-19 o processo esteja mais ágil, ainda sim não é algo simples.

Cada vacina em desenvolvimento tem, em primeiro lugar, de ser submetida a exames e avaliações para determinar qual antígeno deve ser usado para provocar uma resposta do sistema imunológico. Dessa forma, nessa fase pré-clínica, utiliza-se a vacina experimental em animais. Assim, é possível avaliar a segurança e potencial para prevenir a doença. Se a vacina desencadear uma resposta imunológica, passa a ser testada em ensaios clínicos com humanos em três fases: 

Fase 1 

A vacina é testada num pequeno grupo de voluntários, para se avaliar sua segurança, confirmar se ela gera uma resposta do sistema imune e determinar a dosagem certa. Geralmente, nesta fase, as vacinas são testadas em voluntários jovens e adultos saudáveis. 

Fase 2 

Na sequência, a vacina é aplicada em voluntários para continuar a avaliar sua segurança e capacidade de gerar uma resposta do sistema imune. Nesta fase, normalmente, são feitos vários ensaios para avaliar diversos grupos etários e diferentes formulações da vacina. Um grupo que não tenha recebido a vacina é, normalmente, incluído nesta fase como grupo de comparação, para determinar se as alterações no grupo vacinado são atribuíveis à vacina ou se ocorreram por acaso.  

Fase 3 

Por fim, a vacina é aplicada em milhares de voluntários. Na maior parte das vezes, os ensaios da fase três realizam-se em vários países e vários locais dentro dos países, para garantir que os dados do desempenho da vacina se aplicam a populações diferentes.  

Como as vacinas são feitas: o que ocorre após a fase 3? 

Durante as fases dois e três, os voluntários e os cientistas que participam do estudo são impedidos de saber quem recebeu a vacina do ensaio ou o produto de comparação, chamado de “ensaio cego”. Ele é necessário para garantir que voluntários e cientistas não sejam influenciados na avaliação sobre segurança e eficácia. Depois de concluído o ensaio e finalizados todos os resultados, os voluntários e os cientistas são informados sobre quem recebeu a vacina e quem recebeu o comparador. 

Quando os resultados de todos esses ensaios estiverem disponíveis, é necessário dar uma série de passos, incluindo análises de eficácia e segurança para aprovação das entidades reguladoras e de saúde pública, como é o caso da ANVISA. Dessa forma, os responsáveis estudam atentamente os dados dos ensaios e decidem se devem autorizar o uso da vacina.

Isso porque uma vacina tem de comprovar que é segura e eficaz em muitas pessoas antes de ser aprovada e incluída num programa nacional de vacinação. A monitorização é permanente depois de a vacina ser aplicada, por isso existem sistemas que avaliam a segurança e a eficácia de todas as vacinas. Com isso, cientistas acompanham o impacto do imunizante e a sua segurança, mesmo quando é usado num grande número de pessoas, durante um longo período de tempo.Dessa forma, os dados são usados para ajustar as políticas sobre o uso das vacinas, a fim de otimizar o seu impacto. Em resumo, uma vez em uso, uma vacina deve ser constantemente monitorizada para haver a certeza de que continua a ser segura. 

Fonte: Organização Mundial da Saúde.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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