Tratamento para emagrecer gera casos de botulismo no mundo
O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) emitiu um comunicado ontem (14/03) informando que houve, de fevereiro até março deste ano, o registro de 67 casos de um tratamento para emagrecer que teria gerado botulismo nos pacientes.
A doença apareceu em 12 pessoas na Alemanha, uma na Áustria, uma na Suíça e 53 na Turquia. Todas elas passaram pelo procedimento, que consiste em uma injeção intragástrica de toxina botulínica com o objetivo de relaxar os músculos abdominais e trazer a sensação de saciedade, fazendo com que o indivíduo coma menos.
O procedimento custa cerca de oito mil euros na Europa e dois mil euros na Turquia, mas a grande maioria dos casos está ligada a dois hospitais específicos — um em Istambul e outro em Esmirna, ambos na Turquia.
De acordo com o órgão de saúde, sintomas como fraqueza muscular e dificuldade para respirar e/ou engolir variaram de leves a graves, e vários pacientes foram hospitalizados. Entre eles, alguns precisaram ficar em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e receberam tratamento com antitoxina botulínica.
O que se sabe até o momento é que os produtos utilizados foram licenciados, mas não são próprios para o tratamento da obesidade. Consequentemente, os departamentos competentes de ambos os hospitais tiveram suas atividades suspensas e as investigações foram iniciadas contra as partes envolvidas.
Leia também: Fake news: arroz contaminado vindo do Paquistão é mentira
Tratamento para emagrecer e botulismo
O botulismo é uma doença neuroparalítica grave e não contagiosa causada pela ação de uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Assim, a condição pode ocorrer naturalmente de quatro formas diferentes:
- Ingestão de alimentos ou água contaminados (botulismo alimentar);
- Contaminação de ferimentos (botulismo por ferimentos);
- Quando esporos botulínicos germinam no intestino de pessoas adultas (botulismo intestinal);
- Infecção em bebês menores de dois anos, principalmente por conta do consumo de mel contaminado (botulismo infantil).
Além disso, existem duas formas de botulismo que não ocorrem naturalmente: por inalação e pelo chamado botulismo iatrogênico. Este último é mais raro e acontece como um efeito adverso após a administração da toxina para fins terapêuticos, como no caso de atividade muscular excessiva ou no tratamento da obesidade.
Ademais, o ECDC explica que o botulismo iatrogênico também pode ocorrer em pessoas que fazem o uso da toxina botulínica com objetivos estéticos, como a diminuição das linhas de expressão. Isso se dá geralmente por conta do uso excessivo ou errado da substância.
Os sintomas do botulismo iatrogênico incluem fraqueza e fadiga. Sem contar visão turva, pálpebras caídas, dificuldade em engolir, boca seca e dificuldade em respirar, indicando uma administração de superdosagem.
Os sintomas do botulismo podem ser muito graves, exigindo tratamento intensivo, bem como o uso de antitoxina botulínica. Mesmo quando esses tratamentos estão disponíveis, a recuperação completa geralmente leva de semanas a meses.
Referência: ECDC, Botulism cases in Europe following medical interventions with botulinum neurotoxin.